Muitos fazem uma associação estrita entre autoria e originalidade. Mas quem disse que algo baseado num livro, numa história em quadrinhos, num jogo, ou no que for, não pode ser também autoral? É só olhar para trás, afinal, temos grandes realizações do cinema, não menos pessoais, cujas tramas são originárias de outros formatos. Ou alguém aí duvida, por exemplo, da autoralidade de Stanley Kubrick, cineasta que construiu sua filmografia basicamente a partir da literatura?
Bom, digressões à parte, vamos tentar adivinhar quais filmes serão reconhecidos com uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. O principal indicativo da categoria é o Writers Guild of America, o Sindicato dos Roteiristas dos Estados Unidos, mas sua lista só será divulgada dia 07 de janeiro de 2015. Muita gente não acredita mais no Globo de Ouro como prévia do que os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas irão apontar. Talvez isso seja verdade no que diz respeito aos melhores filmes, uma vez que num prêmio eles são divididos em duas categorias, drama e comédia/musical, e no outro não há distinção por gênero. Mas numa categoria como Roteiro, no qual, inclusive, o Globo de Ouro não difere original e adaptado, as escolhas da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood devem ser levadas em consideração.
Tendo isso como parâmetro, dá para indicar dois principais favoritos, assim de cara. O roteiro de Garota Exemplar é um deles. Fruto do trabalho de Gillian Flynn, escritora do livro original, embora provavelmente o diretor David Fincher, conhecido por seu rigor nos processos de produção, também tenha contribuído, ele lidera as bolsas de apostas. O outro, igualmente festejado, é o texto de O Jogo da Imitação, do também escritor Graham Moore, baseado na biografia Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges, e que figurou no topo da Black List (lista anual dos melhores roteiros ainda não filmados de Hollywood) em 2011. Curioso, ambos vêm de escritores que migraram posteriormente à feitura de scripts para cinema.
Entre os roteiros com grandes chances estão A Teoria de Tudo, Invencível e Sniper Americano. O primeiro é de Anthony McCarten e Jane Hawking, calcado no livro de memórias sobre Stephen Hawking: Travelling to Infinity: My Life with Stephen, de Jane Hawking (ou seja, outra escritora de formação). O segundo teve uma versão preliminar de William Nicholson e Richard LaGravenese reescrita por nada mais nada menos que os irmãos Joel e Ethan Coen. A base é o livro Invencível: Uma História de Sobrevivência, Resistência e Redenção, de Laura Hillenbrand. Por fim, o terceiro é de Jason Dean Hall, construído a partir da autobiografia do texano Chris Kyle, Atirador Americano: A Autobiografia do Atirador mais Letal da História dos Estados Unidos.
Correndo por fora estão os roteiros de Vício Inerente (Paul Thomas Anderson), Livre (Nick Hornby) e Para Sempre Alice (Richard Glatzer e Wash Westmoreland). Não seria surpresa se algum deles beliscasse uma das vagas entre os cinco indicados para o Oscar. Vamos aguardar.
CERTEZAS:
QUASE CERTEZAS:
AZARÕES:
MERECIAM, MAS NÃO VÃO ENTRAR:
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