Nascido em 21 de julho de 1951 em Chicago, Illinois, Robin Williams coloriu o mundo com sua comédia durante os mais de trinta anos em que atuou profissionalmente nos palcos, na televisão e no cinema. Seu primeiro estouro se deu na TV, quando protagonizou a série Mork and Mindy (1978-1982). Durante este período, teve a chance de estrear no cinema (como protagonista, diga-se) em filme do mestre Robert Altman. Em Popeye (1980), o ator vivia o personagem título em um longa que bebia muito bem na fonte do seu material de origem, os cartoons. Para outros memoráveis papeis, foi um pulo.

Williams é um daqueles atores que devem permanecer vivos na cabeça dos espectadores por muito tempo, graças à memória afetiva muito forte que temos de seus filmes. Ele foi o radialista rebelde em Bom Dia, Vietnã (1988), um professor inspirador em Sociedade dos Poetas Mortos (1989), um ator travestido de mulher em Uma Babá Quase Perfeita (1993), a voz do Gênio da Lâmpada em Aladdin (1992). Foram muitos os filmes que contaram com o talento do ator, e não apenas na comédia. Ele deu um ar de melancolia importante em Gênio Indomável (1997), seu primeiro e único Oscar; se mostrou ameaçador em Insônia (2002) e apresentou uma faceta perturbadoramente aproveitadora em O Som do Coração (2007). Em 11 de agosto de 2014, ele abandonava esse mundo, deixando o cinema, seus admiradores e fãs, em estado de profunda tristeza pela sua ausência.

No dia do seu aniversário, é ótimo recuperarmos as boas lembranças e os incríveis papéis do ator vencedor do Oscar. Por isso, o Papo de Cinema compilou uma lista dos 5 filmes essenciais da carreira de Robin Williams – e mais um bastante especial, que lhe valeu prêmios inéditos e um lugar no coração das crianças de todo o mundo. Confira!

 

bom-dia-vietna-papo-de-cinema-posterBom Dia, Vietnã (Good Morning, Vietnam, 1987)
Falar da Guerra do Vietnã é cutucar um vespeiro na história recente dos EUA e do mundo. O conflito sem sentido é questionado até hoje. Imagine então como era trinta anos atrás, quando este longa de Barry Levinson foi lançado. Sabe aquela expressão “filme de ator”? Pois então. Aqui, nada faria sentido se Robin Williams não estivesse presente. Em vez de focar a história em todos os aspectos da guerra, o diretor sabe o bom personagem que tem em mãos, especialmente na pele de um grande ator. Ainda que o verdadeiro Adrian Cronauer tenha criticado a construção de sua pessoa no filme, Williams transforma o radialista do exército em um personagem multifacetado. Se a princípio achamos que ele é um sem noção bem humorado que vive de piadas, logo percebemos sua humanidade por trás disso tudo, levando esperança e questionamentos para os soldados das tropas. Totalmente fora das convenções, ele questionava a censura de notícias, burlava leis do batalhão, tirava sarro dos políticos. E nosso homenageado desfila em todos aspectos incorporando comédia e drama com seu talento já tão conhecido. O trabalho rendeu sua primeira indicação ao Oscar, além do prêmio de Melhor Ator no Globo de Ouro. Acima de tudo, é uma lembrança da personalidade do próprio Williams, que só deixa saudade. – por Matheus Bonez

 

21013221_20130617200543616 (1)Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989)
Na década de 1980, Robin Williams era comumente chamado de pouco eclético, uma vez que era mais conhecido por seus papéis cômicos, além de eventualmente desenvolver personagens dramáticos. Seu John Keating serviu para quebrar esse tabu e calar as críticas negativas dos detratores, uma vez que sua performance é de longe o evento mais interessante e inspirado deste longa-metragem comandado por Peter Weir. A máscara de mentor poucas vezes se adequou tão bem a um ator como coube em Williams, que se tornou não só a figura do professor exemplar, mas também a manifestação moderna de sentimentos e de construção do ideal de livre-arbítrio. A poesia ensinada por Keating era libertadora e fez ao menos dentro daquele micro universo da sala de aula uma nova geração de meninos críticos, que pensariam suas vidas para muito além do conservadorismo vigente, distante até dos meros anseios egoístas de seus pais e outros professores, adicionando paixão já no início de suas vidas adultas. – por Filipe Pereira

 

O-PESCADOR-DE-ILUSOESO Pescador de Ilusões (The Fisher King, 1991)
Após o incrível sucesso de filmes como Sociedade dos Poetas Mortos (1989) e Tempo de Despertar (1990), Robin Williams havia se tornado um dos nomes mais quentes na Hollywood do início dos anos 1990. Para se ter uma ideia, ele está nos créditos de 6 produções de 1991 e de 4 de 1992! E se entre estes dez títulos havia um dirigido por Steven Spielberg e uma animação da Disney, tinha também um projeto mais obscuro, porém não menos interessante: uma incrível comédia dramática dirigida por ninguém menos que Terry Gilliam, um dos integrantes originais do Monty Python. Porém, ao invés de apostar em cenários deslumbrantes e em contextos fantasiosos, ele preferiu seguir por um caminho mais convencional e, não por acaso, ainda mais tocante. Williams surge como um morador de rua que ao se envolver com um DJ com tendências suicidas, propõe ao espectador a questão: qual dos dois está, de fato, ajudando o outro? Indicado a cinco Oscars – inclusive a Melhor Ator – a cinco Globos de Ouro, o astro foi premiado neste último como Melhor Ator, mostrando, no entanto, que mesmo quando fazia rir, seu maior talento estava na sensibilidade com que criava cada um dos seus inesquecíveis personagens. – por Robledo Milani

 

baba-quase-perfeita-papo-de-cinema-posterUma Babá Quase Perfeita (Mrs. Doubtfire, 1993)
Clássica performance de Robin Williams, a Sra. Doubtfire é um marco nos filmes-família realizados nos anos 90 e tão característicos da filmografia do ator americano. Interpretando um comediante que se traveste de uma senhorinha para ser babá dos próprios filhos escondido da ex-esposa durante o processo de divórcio, Williams brilha em uma belíssima performance cômica e em completa imersão quando caracterizado e maquiado. Uma curiosidade, dentre tantas sobre a produção de Chris Columbus foi um teste prévio, feito bem antes de iniciar as filmagens, no qual o ator foi à uma livraria vestido como Sra. Doubtfire e passou irreconhecível. Então, Williams concluiu que a maquiagem e caracterização que criara com a equipe de arte do filme realmente funcionava. Com uma trama que encontra similaridades com Tootsie (1982), outro clássico americano, Uma Babá Quase Perfeita tem como resultado uma produção despretensiosa e sutilmente engraçada que em muito deve à qualidade dramática da interpretação de seu protagonista. A indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator para Williams não foi surpresa e pouco seria uma continuação para essa história. Tanto que pouco antes do falecimento do comediante, ele e Columbus trabalhavam em ideias para uma possível sequência do filme. – por Renato Cabral

 

genio-indomavel-poster-papo-de-cinemaGênio Indomável (Good Will Hunting, 1997)
Primeiro e único Oscar do saudoso Robin Williams, o longa-metragem dirigido por Gus Van Sant tem uma atuação roubadora de cena do saudoso ator. Aliás, é impossível assisti-lo e não se emocionar com sua performance. Já era impressionante em 1997, hoje é de levar às lágrimas. Seu personagem tem uma vulnerabilidade e uma dor que nos coloca ao lado dele durante todo o tempo. Quando chora a saudade de sua falecida esposa, sentimos junto com ele aquela perda. Lógico que o fato de termos perdido o ator recentemente conta para a elevada emoção. Mas colocar apenas isso na conta seria subestimar seu belíssimo desempenho. Na trama, conhecemos Will Hunting (Matt Damon). Órfão, sem qualquer plano para o futuro, o rapaz acaba chamando a atenção do renomado professor Gerry Lambeau (Stellan Skarsgard) depois de ter resolvido um problema matemático dificílimo na Universidade – onde trabalha como faxineiro. Julgado culpado por agressão após uma briga gratuita, Will é preso, mas consegue ser liberado do tempo na cadeia caso aceite trabalhar junto de Gerry e a atender semanalmente uma sessão de terapia. Assim entra na história o doutor Sean Maguire (Williams), sujeito pouco ortodoxo que receberá o jovem encrenqueiro em seu gabinete. A vida de ambos muda a partir disso. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Aladdin (Aladdin, 1992)
Conhecido por sua capacidade para a imitação e criação de diferentes tipos de vozes – vista em seus shows de stand-up comedy, entrevistas, no seriado Mork & Mindy e em filmes como Bom Dia, Vietnã (1987) – Robin Williams teve a oportunidade de demonstrar este talento particular de modo definitivo ao ser escalado como o dublador do Gênio da Lâmpada na versão animada da Disney para o clássico conto das Mil e Uma Noites. Apesar de poder ser considerado um personagem coadjuvante, o Gênio acabou se tornando um dos principais motivos do estrondoso sucesso do longa, conquistando especialmente a simpatia do público infantil. E isto se deve ao trabalho vocal excepcional de Williams, que lhe valeu um prêmio especial no Globo de Ouro. Do primeiro encontro com o protagonista até o épico desfile feito para apresentar Aladdin como o Príncipe Ali ao Sultão, o ator está hilário, disparando piadas e referências ininterruptamente – o número de improvisos de Williams foi tanto, que a Academia recusou a inclusão da animação na categoria de Melhor Roteiro Adaptado – e se destacando também nos números musicais. Uma criação inesquecível das mais queridas e, para não perder o trocadilho inevitável, geniais de toda a sua carreira. – por Leonardo Ribeiro

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