Depois do ótimo Trabalhar Cansa (2011), o diretor Marco Dutra se arriscou numa produção de temática complexa, em parceria com os hermanos uruguaios. O argentino Leonardo Sbaraglia, apesar de não centralizar o conflito da trama, é o personagem mais cheio de nuances do roteiro assinado por Sergio Bizzio (também responsável pelo livro que deu origem ao filme), Lucía Puenzo e Caetano Gotardo. O enredo trata de um casamento em crise devido à falta de diálogo do casal, especialmente após a mulher, interpretada por Carolina Dieckmann, sofrer um estupro dentro da própria casa. Desde a primeira aparição, Sbaraglia deixa claro que seu personagem vai provocar as mais diversas reações nos espectadores. Vai de mocinho a vilão, demonstrando medo e insegurança em diversos níveis durante a sua busca pelos criminosos, enquanto tenta manter vivo o seu relacionamento repleto de coisas não ditas. O silêncio do título é presente nos seus mais diversos significados, seja no constrangimento entre marido e mulher ou no estado de choque que impede os personagens de tomarem decisões e mesmo de expressar suas dores. Com a maioria das falas em espanhol, o filme tem ritmo e não o perde nem quando opta por uma abordagem mais psicológica, mostrando que o cinema de gênero no Brasil pode e deve ter continuidade, seja caminhando só ou unindo forças com outros cinemas latinos. – Por Bianca Zasso

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