Vencedor de um Globo de Ouro e de um Emmy, John Goodman é um dos astros mais “confiáveis” de Hollywood. Afinal, não importa para qual personagem ele seja convidado a interpretar, é garantido que será entregue uma performance à altura das expectativas de cada projeto. Presença constante tanto em campeões de bilheteria (Kong: A Ilha da Caveira, 2017) como em títulos oscarizáveis (O Artista, 2011), transita com tranquilidade por produções independentes (é parceiro frequente dos irmãos Joel e Ethan Coen) e também no elenco de dubladores de animações (ParaNorman, 2012) ou em qualquer outra situação em que sua voz potente se fizer necessária (saga Transformers). Com mais de 150 trabalhos em sua filmografia, tanto no cinema como na televisão, ficou conhecido como um comediante de mão cheia, mas logo mostrou ser capaz de atuações bem mais densas e complexas. E ao comemorar mais um aniversário neste 20 de junho, nós prestamos essa homenagem com uma seleção de cinco dos seus melhores filmes, além de mais um especial que merece ser (re)descoberto. Confira!

 

Barton Fink: Delírios de Hollywood (Barton Fink, 1991)
Ator talentoso e extremamente versátil, John Goodman é figurinha carimbada nos filmes dos irmãos Coen, tendo aparecido em seis longas-metragens dirigidos pela dupla. Embora O Grande Lebowski (1998) tenha lugar cativo na lista de qualquer fã, aqui escolhemos outro título, um em que Goodman praticamente rouba a cena, vivendo um personagem bonachão com segredos perversos. Na trama ambientada na década de 1940, Barton Fink (John Turturro) é um dramaturgo que se muda para um hotel na Califórnia para escrever um roteiro para o cinema. No meio do caminho, ele conhece seu vizinho barulhento, vivido por Goodman, e acaba por se afeiçoar a ele. O calor infernal do local e um crime estranho fazem daquele hotel um ponto difícil para a criatividade do escritor. Com uma trama curiosíssima e personagens típicos do universo dos irmãos Coen, este é um belíssimo trabalho, daqueles que geram discussões e reflexões a respeito do que foi visto. Goodman é simpatia em pessoa no papel de Charlie – até que um twist na trama nos apresente outro lado de sua persona. Por nos revelar esta dualidade de forma muito competente, o ator mostra porque é um dos preferidos dos Coen. – por Rodrigo de Oliveira

 

Matinee: Uma Sessão Muito Louca (Matinee, 1993)
No auge da Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, a pequena cidade de Key West, na Flórida, é escolhida pelo diretor/produtor de filmes fantásticos, Lawrence Woolsey (John Goodman), como local estratégico para o lançamento de sua nova produção: Mant, sobre um homem que sofre uma terrível mutação genética ao ser picado por uma formiga radioativa. Utilizando truques que intensificam a experiência da plateia, como cadeiras que dão choque e pessoas vestidas de formiga, a sessão do longa acaba se transformando num verdadeiro caos, fazendo com que muitos acreditem estarem em meio à Terceira Guerra Mundial. Misturando esse clima de paranoia e nostalgia, o diretor Joe Dante realiza uma afetuosa homenagem aos filmes B dos anos 50/60, enaltecendo seus expoentes, como William Castle, realizador de clássicos do terror de baixo orçamento, como A Casa dos Maus Espíritos (1959), e principal inspiração para o protagonista vivido com grande carisma por Goodman. Emulando a figura imponente e expansiva de Castle, sempre fumando seu charuto, o ator compõe um personagem que transita com desenvoltura entre o articulado homem de negócios em busca do lucro e o diretor genuinamente apaixonado pelo cinema e pela arte de entreter o público. Uma atuação extremamente divertida e cativante. – por Leonardo Ribeiro

 

Monstros S.A. (Monsters Inc., 2001)
Nesta aclamada animação dos estúdios Pixar, Goodman interpreta James P. Sullivan, conhecido como Sully, um monstro peludo e grandalhão que trabalha ao lado de seu melhor amigo, Mike (Billy Crystal), na maior empresa de energia da cidade de Monstrópolis. No mundo dos monstros, a força é gerada por meio dos gritos de crianças humanas, o que significa que todas as noites, “assustadores” como Sully visitam quartos de meninos e meninas através de portais mágicos em seus armários, em busca dos gritos necessários para a vida na cidade. O trabalho é considerado arriscado, já que envolve contato com crianças humanas, vistas como extremamente tóxicas para os monstros. Quando, porém, uma garotinha acidentalmente atravessa o portal para Monstrópolis, Sully e Mike iniciam uma  jornada para levá-la para casa o mais rápido possível e, no processo, acabam se afeiçoando à pequena, que recebe o apelido de “Boo”. Além de apresentar um universo colorido, criativo e divertido, o filme traz, na forma da amizade entre Boo e o personagem de Goodman (que ela insiste em chamar de “gatinho”), uma das relações mais doces do cinema; algo capaz de emocionar tanto as crianças quanto os adultos da audiência. – por Marina Paulista

 

Argo (2012)
Interpretar um personagem conhecido dos bastidores de Hollywood exige mais que talento e Goodman fez uma extensa pesquisa para aparecer como o maquiador especialista em efeitos especiais John Chambers. Com um currículo que incluía um Oscar de Melhor Maquiagem por O Planeta dos Macacos (1969), e parte da criação dos personagens de Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), de Ridley Scott, Chambers surge no filme de 2012 usando sua arte para resgatar seis diplomatas americanos na cidade de Teerã, durante a chamada Crise dos Reféns, ocorrida no final dos anos 80. Apesar de sua atuação ser convincente e ter rendido alguns elogios da crítica, Goodman foi injustamente deixado de fora pelo prêmio da Academia, onde o filme surpreendeu e se consagrou com três estatuetas, entre elas as de Melhor Filme e Roteiro Adaptado. O aparente esquecimento do ator pode ter ligação com seus papéis em comédias, gênero que em raras ocasiões agradou o júri responsável por escolher quem fica com o homenzinho dourado. Premiações à parte, Goodman acompanha o ritmo de todo o elenco e comprova que nem só de fazer rir é construída sua carreira. – por Bianca Zasso

 

Rua Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane, 2016)
Quando a continuação de Cloverfield: Monstro (2008) foi anunciada de surpresa no final de 2015, pouca gente imaginava que se trataria de um filme tão diferente do original. Apesar de ambientado no mesmo universo, essa “continuação” se foca em Michelle (Mary Elizabeth Winstead), que depois de um acidente de carro, acorda no bunker de Howard (John Goodman), um homem estranho que ela acredita tê-la sequestrado. Ele, entretanto, afirma que o mundo sofreu uma invasão alienígena, e que a salvou trazendo-a para o seu esconderijo. Presa nessa situação incerta, a garota tem de aprender a confiar ou não no seu anfitrião – ou seria captor? Por isso, Goodman é uma escolha perfeita para o papel, já que seu tamanho e persona dúbia fazem sozinhos o trabalho de transformar Howard hora em uma figura ameaçadora, hora em um protetor paternal e carinhoso. Assim, o filme funciona tanto para quem assistiu ao anterior, quanto para quem caiu de paraquedas na produção, pois, graças à independência do roteiro, saber se há ou não uma invasão lá fora não torna o misterioso salvador de Michelle um homem mais ou menos confiável. – por Yuri Correa

 

+1

 

Os Flintstones: O Filme (The Flintstones, 1994)
Nos anos 60, William Hanna e Joseph Barbera criaram a série da família que vivia na Idade da Pedra e fizeram a animação estourar pelo mundo por décadas, mesmo após ter sido finalizada (ao menos, os episódios clássicos). Mais de trinta anos depois, a onda dos live-actions estava em alta e Os Flintstones ganharam as telonas. O sucesso de público pode ter sido inversamente proporcional ao de crítica, que crucificou a simplicidade do longa com uma história tão rasa. Porém, é esta mesma caricatura do produto original que causa charme até hoje. Muito se deve ao elenco esforçado, que faz jus aos personagens. Rick Moranis, Rosie O’Donnell e Elizabeth Perkins aparecem como Barney, Betty e Wilma, Elizabeth Taylor faz uma ponta e Halle Berry tem um de seus primeiros papeis de destaque. Mas quem comanda o show é John Goodman. Fisicamente igual à Fred Flintstone, o ator incorpora os trejeitos e falas conhecidos do protagonista num retrato fiel ao que os fãs esperavam ver. Seu “yabadabadoooh”, a voz grave, os pezinhos do boliche e o clássico “Wilmaaaaa” caem como uma luva para o timing cômico do nosso homenageado, tão pouco acostumado a ser o astro principal dos filmes que participa por conta de sua figura bruta. Porém, talento é o que não falta, ainda mais sendo capaz de segurar um filme que dividiu tantas opiniões pelo mundo afora. – por Matheus Bonez

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar

avatar

Últimos artigos de (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *