De Igor Amin, A Mensagem de Jequi chegou aos cinemas brasileiros nessa quinta-feira, 07, após passagem pela Mostra de Cinema de Tiradentes. A produção, que mistura ficção, fantasia e urgência ambiental, convida o público infantojuvenil e suas famílias a refletirem sobre o valor da água, das tradições e da preservação dos territórios.
A trama acompanha o personagem-título, um menino quilombola do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, que vive em harmonia com a natureza e sua comunidade. Quando percebe os riscos iminentes que o “progresso” e a mineração predatória representam para sua terra e seu rio, Jequi decide agir. Com criatividade e sabedoria ancestral, ele encontra uma forma simples e tocante de compartilhar seu alerta: uma mensagem lançada em uma garrafa, capaz de atravessar fronteiras e alcançar outras infâncias.
Distribuído pela Ao Vento Filmes, o longa nasceu de oficinas de cinema e educação climática com estudantes quilombolas da Escola Estadual Mestre Virgínia Reis, em São Gonçalo do Rio das Pedras (MG). No elenco estão Kaique Santos Silva (Jequi), Mateus Andrade, Hillary Moreira, Meryê Paraguassu, Cecília Pinto e Lírio Zango.
E o responsável pela aposta, Igor Amin, conversou com o Papo de Cinema, de maneira remota. A seguir, fique com um trecho desse bate-papo e, em seguida, a versão em vídeo!
IGOR AMIN: ENTREVISTA
Questionado sobre como A Mensagem de Jequi articula a relação com a natureza e com saberes populares, fugindo de clichês ligados à espiritualidade, Igor Amin contou que o processo de pesquisa partiu de uma vivência prática e de uma relação consolidada com o território: “mais do que cineasta, minha pesquisa está na educação audiovisual”, afirmou Amin. “Publiquei um livro chamado Como Educar as Crianças no Mundo das Telas, pela editora Letria, resultado do meu mestrado. E desde que comecei a viver no Vale do Jequitinhonha, construí essa relação direta com a natureza, principalmente com as águas”.
Ele explicou que esse vínculo com a região foi aprofundado durante oficinas audiovisuais realizadas na Escola Estadual Mestra Virginia Reis, uma escola pública da comunidade local: “fui conhecendo essas crianças que fazem parte do filme. E perguntei a elas: ‘onde a gente poderia gravar algo, se fosse fazer um filme ou um vídeo aqui na nossa oficina das telegarrafas?’ [atividade de trocar mensagens em garrafas]”, contou. Segundo Amin, a resposta foi imediata: “vamos no rio. O rio está aqui do lado. O Rio das Pedras”. A escolha do local, explicou o diretor, revelou muito mais do que um cenário bonito: “o mais legal é que ali eu fui percebendo a conexão que essas crianças quilombolas tinham com a água do rio”.
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