A primeira noite do 36º Festival de Cinema de Gramado foi quase que inteiramente dominada pela presença feminina. Madonna, Naura Schneider, Leandra Leal e Clarah Averbuck  marcaram presença das mais variadas formas, mostrando que a força da mulher está cada vez maior. E um dos maiores encontros do cinema nacional deixou isso bem registrado logo de início.

Começou com a abertura oficial, com concerto oferecido pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, a OSPA. Ao invés de tocar temas cinematográficos, como em anos anteriores, quando as canções de Casablanca (1942), Titanic (1997), Bonequinha de Luxo (1961) e tantos outros eram apresentadas em formato instrumental, desta vez a homenageada foi a cantora norte-americana Madonna, que no próximo dia 16 completa 50 anos. Então músicas pop como Like a Virgin, Vogue e Holiday foram entoadas com muito vigor, promovendo um belo encontro entre o clássico e o contemporâneo. O público respondeu com entusiasmo.

Duas horas depois, às 19h, o início de fato, já dentro do Palácio dos Festivais. E antes dos filmes, o único momento masculino da noite: a entrega da Homenagem Especial Cidade de Gramado para o eterno trapalhão Renato Aragão (abaixo). Didi subiu ao palco, chorou, ganhou um kikito, uma placa dourada e até um laptop Sony Vaio, num dos atos mais descarados de merchandising já ocorridos em pleno palco de Gramado. Ele ficou visivelmente sem jeito, até porque não tinha mãos para carregar tudo aquilo, e porque obviamente ninguém o avisou que, para ganhar seu kikito, teria que posar como garoto propaganda da Sony. Mas enfim, coisas de festival.

O filme escolhido para abrir o 36º Festival de Cinema de Gramado foi a produção gaúcha Dias e Noites, de Beto Souza e baseado no romance Clô Dias e Noites, de Sergio Jockymann. Exibido como convidado e fora da competição, o longa é resultado do esforço da atriz Naura Schneider, também produtora. A história atravessa várias décadas para mostrar o destino de Clô (a própria Naura, obviamente), uma garota que decide se casar, no final dos anos 40, para assim poder sair de casa e do controle rígido do pai, para cair num relacionamento ainda mais frustrante. Vítima de violência doméstica, acaba sendo expulsa de casa sem direito à guarda dos dois filhos. Para sobreviver, termina se transformando em prostituta de luxo, trocando de homens da mesma forma de ascendia sua posição social. A obra tem vários problemas, mas possui também alguns méritos, como a atuação do sempre competente Antônio Calloni, como o primeiro marido de Clô, e a encantadora fotografia de Renato Falcão.

Outra trajetória feminina, e mais uma vez inspirada no talento de uma gaúcha, foi responsável pelo segundo filme, o primeiro da mostra competitiva. Nome Próprio levou o cineasta Murilo Salles pela quarta vez à Gramado, após Nunca Fomos Tão Felizes (1984), Faca de Dois Gumes (1988) e Como Nascem os Anjos (1996). Se considerarmos que este é somente seu quinto filme, e que os três anteriores saíram da serra gaúcha todos carregando vários kikitos (Como Nascem os Anjos foi eleito o Melhor Filme daquele ano), percebe-se que a expectativa em relação ao seu novo trabalho era alta. E ela não foi decepcionada. Inspirado nos dois primeiros livros escritos pela autora gaúcha Clarah Averbuck, Nome Próprio tem como protagonista Camila (alter-ego da autora), uma jovem em crise emocional, que não consegue refrear seus instintos ao mesmo tempo em que busca inspiração para o início de sua produção literária despejando suas emoções em blogs pela internet. A interpretação de Leandra Leal no papel principal é fenomenal, e já se pode apontar o primeiro kikito garantido deste ano.

Leandra Leal e Clarah Averbuck

O domingo terminou com poucos nomes de destaque na cidade. Calloni, Leandra, Naura, Murilo Salles, Beto Souza, Renato Aragão e Zé Victor Castiel eram os mais procurados pelos poucos tietes de plantão e pelos fotógrafos e jornalistas. Tudo indicado que a partir de segunda isso mude, com mais festas, mais filmes e mais “estrelas” despontando por aqui a todo instante. E pode-se afirmar que os filmes também irão melhorar, com o início da mostra competitiva dos longas latinos e dos curtas-metragens. A semana está só começando, então nada de julgamentos adiantados. O melhor é manter o espírito em alta e aguardar o que ainda vem por aí.

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