O forte temperamento, as brigas constantes com Hollywood como um todo e a intensidade com que interpretava seus papéis foram algumas das marcas deixadas por George C. Scott na história da filmografia mundial.  Foi o primeiro ator na história a recusar um Oscar por acreditar que a disputa parecia um “jogo de hóquei”. Segundo ele, a Academia forçava os atores a serem estrelas e a cerimônia era um “mercado de carne”.

Nascido em 18 de outubro de 1927 no estado de Virgínia, nos EUA, aos oito anos de idade perdeu a mãe. Quando completou 18, entrou para a Marinha, onde ficou quatro anos. Em seguida, fez jornalismo na Universidade de Missouri. Na década de 1950, começou a atuar no teatro, onde chamou a atenção dos críticos na peça Ricardo III. Ainda demoraria mais um tempo para estrear no cinema, o que ocorreu em 1959 com A Árvore dos Enforcados. No mesmo ano, estrelou Anatomia de um Crime, seu primeiro papel a valer uma indicação ao Oscar, na categoria de ator coadjuvante.

A relação com a Academia não era das melhores. Ao menos, da parte de Scott. Mesmo seu gênio difícil não era um empecilho para que o ator fosse indicado outras vezes. Tanto que, em 1962, ele seria lembrado novamente como ator coadjuvante por Desafio à Corrupção (1961). Indicação que, inclusive, o rebelde astro recusou. Foi nesta década que seus problemas com bebida começaram a aparecer com frequência, especialmente após estrelar A Bíblia (1966) quando, reza a lenda, teria se apaixonado e sido recusado por Ava Gardner.

Nesta década trabalhou com diretores como Stanley Kubrick em Dr. Fantástico (1964), Irvin Kershner em O Magnífico Farsante (1967) e Richard Lester em Petúlia: Um Demônio de Mulher (1968), além de ter estrelado vários filmes para a televisão. Sua consagração veio com o Oscar de Melhor Ator por Patton: Rebelde ou Herói? (1970), atuação lembrada como uma das 100 mais importantes da história. Porém, o prêmio ele não apenas recusou, preferindo ficar em casa assistindo televisão, como também não queria sequer ser indicado. No ano seguinte seria lembrado novamente na categoria principal de atuação por Hospital (1971).

Nos anos 1970 ainda houve bons papéis para Scott, mas a partir de 1980 eles começaram a minguar e muitos trabalhos de gosto duvidoso começaram a surgir, deixando seu lado artístico mais aflorado no teatro, onde recebeu alguns prêmios Tony. Talvez um dos mais relevantes tenha sido em O Exorcista III (1990), apesar da qualidade do filme. Em 1997, houve um momento de redenção no remake televisivo de 12 Homens e uma Sentença, mas não foi o bastante. Em 1999, estrelou o fraco Gloria (1999), seu último papel no cinema contracenando ao lado de Sharon Stone, além de dois filmes feitos para a TV, Rocky Marciano e O Vento Será Sua Herança. No dia 22 de setembro do mesmo ano, George C. Scott deixava os palcos e as telas por um problema vascular abdominal. Uma perda que só seria reparada com seus papeis icônicos em clássicos do cinema.

 

Filme imprescindível: Patton: Rebelde ou Herói? (1970)

Filme esquecível: Gloria (1999), de Sidney Lumet

Maior sucesso de bilheteria: Patton: Rebelde ou Herói? , com mais de US$ 60 milhões arrecadados só nos EUA

Primeiro filme: A Árvore dos Enforcados (1959)

Último filme: O Vento Será Sua Herança (1999), feito para a TV

Guilty pleasure: Malícia (1993)

Papel perdido: A princípio, aceitou o papel do xerife Bill Gillespie em No Calor da Noite (1967), mas logo teve que recusar porque sua esposa Colleen Dewhurst pediu para dirigi-la em uma peça da Broadway. Em seu lugar entrou Rod Steiger, que levou o Oscar para casa pelo papel.

Oscar: Prêmio de Melhor Ator por Patton: Rebelde ou Herói?, indicado a Melhor Ator novamente por Hospital (1971), além de duas indicações a Melhor Ator Coadjuvante por Desafio à Corrupção (1961) e Anatomia de um Crime (1959).

Frase inesquecível: “Diretores devem ajudar a audiência. Bons diretores não dirigem atores”.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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