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Top 10 :: Eleições

No dia 5 de outubro, milhões de eleitores brasileiros irão às urnas escolher seus eleitos para deputados estadual e federal, governador, senador e presidente da República. Mais do que nunca, as campanhas políticas demonstram sua força e suas controvérsias entre promessas e propostas, discursos e demagogia. Aproveitando a data também chega aos cinemas a nova comédia estrelada por Leandro Hassum, O Candidato Honesto. Obviamente, uma sátira à política brasileira em que um deputado resolve falar todo o sábado. Com o tema em alta, é claro que a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus dez melhores filmes sobre campanha política. E aí, será o que seu está entre os mais votados? Confira!

 

A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington, 1939)
Clássico dirigido por Frank Capra, responsável por obras como Aconteceu Naquela Noite (1934) e O Galante Mr. Deeds (1936), este filme venceu o Oscar de Melhor Roteiro na época e foi indicado em outras dez categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator. Aliás, a primeira indicação de James Stewart, que faz o papel de Jefferson Smith, um interioriano levado a Washington por um grupo de políticos para concorrer ao Senado dos EUA. Obviamente, o objetivo dos homens não é nem um pouco altruísta, algo que o protagonista vai percebendo aos poucos quando começa a ser metido nas maracutaias de seus “benfeitores”. A “mulher que faz o homem do título é Clarissa Saunders (Jean Arthur), sua secretária e a única que lhe ajuda a descobrir o esquema de corrupção deflagrado. O longa pode ser de 75 anos atrás, mas sua história continua atual em qualquer esquema político que se preze. Não à toa foi eleito o 29º melhor filme de todos os tempos segundo o American Film Institute. Um primor. – por Matheus Bonez

 

 

A Grande Ilusão (All The King’s Men, 1949)
Baseado na obra de Robert Penn Warren, A Grande Ilusão foi o grande vencedor do Oscar do ano de 1950. Foi indicado a sete prêmios da Academia e levou três, Melhor Filme, Ator (Broderick Crawford) e Atriz Coadjuvante (Mercedes McCambridge). A trama vem bastante a propósito neste momento de eleições. Um homem humilde e honesto chamado Willie Stark (Crawford), vindo do lado rural dos Estados Unidos, começa a galgar degraus paulatinamente. Transforma-se em um advogado autodidata e pleiteia cargos públicos na política. Seu diferencial? A honestidade. Ou assim parecia. Sua rápida ascensão transforma aquele homem, de um humilde sujeito a um político sem escrúpulos. No meio deste balaio, um jornalista idealista, vivido por John Ireland, acredita piamente no seu amigo Stark, mesmo quando o político parece ter mudado seu caminho original. Broderick Crawford herdou o papel de John Wayne, que não gostou nada do roteiro, e os dois competiram pelo Oscar de Melhor Ator em 1950. Crawford levou a melhor. A Grande Ilusão foi refilmado duas vezes: uma versão para a televisão, em 1958, dirigida por Sidney Lumet; e em 2006, estrelado por um grande elenco encabeçado por Sean Penn, Anthony Hopkins, Jude Law e Kate Winslet. – por Rodrigo de Oliveira

 

Mera Coincidência (Wag The Dog, 1997)
Questionamentos sobre os limites da permissividade ética no campo político podem ser levantados aos montes no decorrer de Mera Coincidência, filme de Barry Levinson vencedor do prêmio do júri no Festival de Berlim. Em uma sátira ao ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e seu infame escândalo sexual com Monica Lewinsky, esta comédia sequer apresenta o rosto do governante norte-americano ficcionalmente proposto, e se restringe a uma aprofundada e imaginativa viagem pelo universo comunicacional que circunda os bastidores de assuntos do gênero. Robert De Niro, Dustin Hoffmann e Anne Heche compõem o ótimo triângulo advindo de diferentes áreas da comunicação requisitado para lidar com uma grande polêmica presidencial que ocorre próxima ao período eleitoral. Por fim, temos uma série de consequências geradas pelas ações dos protagonistas, e, por meio delas, os juízos de valores. Estes últimos são extremamente sérios, porém igualmente cômicos na abordagem ácida e sagaz proposta por Barry Levinson. O produto final é uma comédia política como poucas, de roteiro e diálogos ágeis e inteligentes, e uma grande mensagem, talvez sublimada pelo espírito leve e despretensioso do filme. – por Conrado Heoli

 

Politicamente Incorreto (Bulworth, 1998)
De uma forma geral, nós (como povo) e os filmes costumamos ver e retratar os políticos e suas campanhas como pessoas sempre sorrindo e acenando para o público, às vezes apresentando propostas, e em outras, promessas de pura demagogia. O diferencial de Politicamente Incorreto é apresentar, com muito bom humor, a visão de um candidato à reeleição estressado que, no último fim de semana de campanha, resolve contratar um assassino profissional para acabar com sua vida. Escrito, dirigido e estrelado por Warren Beatty, o longa é uma bela sátira à política em todos os âmbitos. Especialmente quando Bulworth (Beatty), já certo de sua morte e do fim da carreira, resolve falar toda a verdade para os eleitores. O que poderia ser um tiro no pé se torna justamente o contrário, levando o senador a ter que encontrar o matador (que ele não sabe quem é) antes do contrato ser cumprido. Politicamente Incorreto é um dos títulos mais bem sucedidos ao encontrar o tom certo entre a comédia e a verdade por trás dos jogos eleitoreiros. – por Matheus Bonez

 

Eleição (Election, 1999)
Não sou um entusiasta de Alexander Payne. Acredito que, de forma geral, seus projetos são superestimados. A exceção vale para dois filmes: Nebraska (2013), o mais recente, e Eleição, título que fez seu nome estourar no final dos anos 1990. Também foi o título que mostrou o talento de Reese Witherspoon para a comédia. Na pele de Tracy Flick, a atriz se transforma numa ensandecida e insuportável nerd que se candidata às eleições de um pequeno colégio. Sem nenhuma simpatia pela garota, o professor Jim McAllister (Matthew Broderick) escolhe um dos atletas mais populares (Chris Klein) – e burrinhos – da instituição para disputar as atenções com ela. Como todo processo eleitoral, os principais rivais – docente e aluna – acabam se perdendo em disputas que ferem muito mais do que a moral e ética que tanto pregam. Ora, nada mais que uma bela alusão à realidade. Afinal, não importa se a eleição disputada é para governar um país, um estado, uma cidade ou uma instituição: o jogo do poder é podre e atira para todos os lados. Algo que, aqui, Payne aponta o dedo sem vergonha nenhuma. E com muitas, mas muitas risadas. – por Matheus Bonez

 

Entreatos (Brasil, 2004)
Ainda que dono de uma visão privilegiada da sociedade brasileira – afinal, é filho de uma das famílias mais ricas do país – João Moreira Salles nunca se acomodou, ao menos publicamente, no conforto seguro que sua condição social poderia lhe oferecer. Acostumado a investigar muitas das mais graves mazelas nacionais – Notícias de uma Guerra Particular (1999) é o exemplo máximo – mas também disposto a se debruçar sobre alguns dos nossos maiores talentos – Nelson Freire (2003) reflete bem essa predisposição – ele juntou com competência estes dois lados de sua faceta artística e profissional nesse competente e impressionante documentário realizado durante a campanha de Luís Inácio ‘Lula’ da Silva à Presidência da República. Desenvolvido em conjunto com o projeto-irmão Peões (2004), de Eduardo Coutinho, Entreatos se preocupou não com as origens do candidato, mas sim com a pessoa que ele é hoje – ou no momento do registro das imagens, é claro. Um relato muito íntimo e bastante próximo do poder, revelando bastidores curiosos e até mesmo surpreendentes, em conflito constante com a equipe que circundava o político e o cineasta, sempre em busca de uma verdade que insistia em permanecer nas sombras. Um trabalho fundamental, talvez ainda mais hoje, visto o que o distanciamento do tempo pode nos proporcionar. – por Robledo Milani

 

Eleição: O Submundo do Poder (Hak se wui, 2005)
Já vimos em alguns filmes sobre máfias orientais que essas organizações, ainda que essencialmente criminosas, possuem fortes bases estruturais, regras de funcionamento interno que as fazem sobreviver e prosperar. Eleição: O Submundo do Poder, do cineasta Johnnie To, aborda o processo de sucessão presidencial da Sociedade Wo Shing. A polarização entre os candidatos Lok (Simon Yam) e Big D (Tony Leung Ka Fai) não fica evidente apenas nas visões quase opostas que eles têm do cargo que almejam – enquanto o primeiro é a favor da tradição, da manutenção dos procedimentos atuais do clã, o segundo é a favor de uma radicalização que romperia com a estrutura vigente para ampliar os negócios – mas pela maneira como levarão suas campanhas. Entretanto, não podemos esquecer que estamos entre políticos bandidos, ou seja, não há santos ou lados corretos nessa disputa por poder e supremacia. Eleição: O Submundo do Poder é um filme que extrai força não apenas da palavra, das maquinações eleitorais, mas como também da ação, muito bem orquestrada como de costume por Johnie To. Um ótimo e pontual filme para se ver em tempos eleitorais. – por Marcelo Müller

 

Milk: A Voz da Igualdade (Milk, 2008)
Sean Penn estrela aqui – oscarizado – como Milk. O filme retoma a luta do ativista do movimento homossexual em São Francisco  paralelamente ao desenrolar de seu relacionamento com o personagem vivido por James Franco. Papel diferente dos que se habituara a interpretar, o Harvey Milk de Penn é uma figura cativante e é graças ao seu carisma que os seus discursos públicos tem tanta força. Levando-o, através deles, inevitavelmente, à vitória nas urnas. Triste, no entanto, é pensar que, décadas depois de suas conquistas, tenhamos ainda no Brasil políticos que lutam abertamente contra os direitos da comunidade LGBT, e que certamente tomariam medidas para extingui-la caso tivessem a chance. Dois deles concorrendo à presidência, inclusive.  Por isso, agora, filmes como Milk são mais importantes do que nunca. – por Yuri Correa

 

Tudo Pelo Poder (The Ides of March, 2011)
Focando as eleições primárias do partido democrata americano para definir seu candidato à presidência, Tudo Pelo Poder acompanha o jovem Stephen Meyers (Ryan Gosling), assessor de imprensa da campanha do governador Mike Morris (George Clooney). Íntegro e idealista, Meyers não tem dúvidas de que Morris é mesmo a melhor opção para o país. Ao menos até o momento em que passa a ser usado pelo partido de maneira suja e descobre algo que pode prejudicar bastante a reputação do candidato. Terceiro trabalho de George Clooney como diretor, Tudo Pelo Poder é até agora o melhor filme do ator na função, sendo instigante na maneira como mostra que jogar limpo na política nem sempre é a opção mais eficiente para levar alguém ao poder. Nesse sentido, o arco dramático de Stephen é até triste de se acompanhar, e Ryan Gosling constrói maravilhosamente o personagem e a transição pela qual ele passa. Tudo Pelo Poder recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2012, mas certamente é um filme que merecia ter sido lembrado em mais categorias. – por Thomás Boeira

 

Os Candidatos (The Campaign, 2012)
A política às vezes pode ser uma comédia – basta ver o horário eleitoral gratuito que vários exemplos podem ser encontrados facilmente. Este, no caso, conta como humor involuntário. Mas no quesito longa-metragem cômico, uma produção de 2012 chamou a atenção pelo bom elenco e pela direção com acertado timing. Os Candidatos colocava Will Ferrell e Zach Galifianakis em lados opostos em uma campanha para o senado dos Estados Unidos. O primeiro era um político de carreira, diversas vezes reeleito pelo seu estado. O segundo, uma verdadeira piada, um sujeito facilmente manipulável e que serve de cobaia para os planos das raposas vividas por Dan Aykroyd e John Lithgow. No meio do caminho, no entanto, o candidato ingênuo começa a mostrar sua verdadeira força, sendo a antítese do conhecido político vivido por Ferrell. Com boas gags e roteiro divertido, Os Candidatos diverte pelo exagero. Na direção, o mesmo Jay Roach do ótimo Recontagem, outro filme a respeito de política e que apenas não entrou neste top por ser uma produção televisiva. – por Rodrigo de Oliveira

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