21 fev

6 Graus :: RoboCop (1987) x RoboCop (2014)

Em 1987, o cineasta holandês radicado norte-americano Paul Verhoeven mostrou seus dons para a ficção científica em RoboCop: O Policial do Futuro (1987), filme que muitos da geração atual de moviegoers brasileiros conhece de incontáveis reprises na Sessão da Tarde. Uma futurista e distópica Detroit é ameaçada pela criminalidade crescente, até que um policial próximo da morte retorna à função transformado pela robótica numa arma letal.

Eis que, passados 26 anos de seu lançamento, o ciborgue justiceiro retorna às telas dos cinemas mundiais com visual repaginado e sob a direção do brasileiro José Padilha. RoboCop (2014) coloca o ator egresso da televisão Joel Kinnaman como Alex Murphy, que após um acidente quase fatal é salvo e transmutado para um corpo cibernético. A superprodução recebeu severas críticas, porém espera rebate-las ao conquistar as bilheterias neste que é seu fim de semana de estreia no Brasil.

Com o novo RoboCop dominando o circuito exibidor brasileiro e em grande parte do mundo, o Papo de Cinema decidiu investigar os seis graus que separam a nova produção de suas origens cinematográficas em 1987. Para tornar as coisas mais interessantes, ficaremos apenas no universo da ficção científica: confira a seguir!

 

1. RoboCop: O Policial do Futuro (1987)

Um futuro não muito otimista foi apresentado nesta produção modesta que custou US$ 13 milhões aos cofres de sua produtora, mas que arrecadou 53 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. O sucesso da ficção, que abordava temas como autoritarismo, privatização, capitalismo e corrupção numa sociedade violenta, rendeu uma franquia com duas sequências, uma série de televisão, filmes animados, videogames e muitas láureas para seu diretor, Paul Verhoeven.

2. O Vingador do Futuro (1990)

O sucesso do cineasta na condução de uma ficção futurista foi tanto que seu trabalho seguinte veio a ser O Vingador do Futuro, recentemente refilmado em 2012 pelas mãos de Len Wiseman. A superprodução protagonizada por Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone foi baseada num conto do renomado escritor Philip K. Dick.

3. O Pagamento (2003)

Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982), Minority Report: A Nova Lei (2002) e O Homem Duplo (2006) são outros filmes que surgiram a partir das obras de Philip K. Dick, assim como este O Pagamento, ação futurista dirigida por John Woo que foi mal tanto nas bilheterias estadunidenses como nas críticas que recebeu. Ano ruim para um certo ator, que também amargava o fracasso de Demolidor: O Homem Sem Medo (2003) e do involuntariamente risível Contato de Risco (2003). Estamos falando de Ben Affleck.

4. Armageddon (1998)

O Batman da vez já teve dias melhores, como em 1997, quando recebeu o Oscar pelo roteiro de Gênio Indomável (1997). No ano seguinte ele protagonizaria a produção de maior bilheteria nos Estados Unidos em 1998: Armageddon. Ao lado de Liv Tyler, Affleck até se esforçou para se lançar como um grande e respeitado ator, mas seu trabalho ficou um tanto quanto apagado perto do boa praça Bruce Willis.

5. O Quinto Elemento (1997)

O eterno John McClane não parecia muito interessado em perder o estigma de herói de ação na década de 1990 e fez um filme atrás do outro como o herói cafajeste que ele faz tão bem. Em O Quinto Elemento, de Luc Besson, Willis seduziu a belíssima Milla Jovovich e gritou com o histérico Chris Tucker como Korben Dallas, que tem uma missão no espaço tão rocambolesca que dá até preguiça de relatar. Seu antagonista era uma adorável caricatura composta por Gary Oldman.

6. RoboCop (2014)

E assim chegamos ao novo RoboCop, que tem Oldman no papel do cientista Dr. Dennett Norton, responsável por desenvolver a armadura que une homem e máquina na figura perfeita que poderá restaurar a segurança do povo norte-americano. A refilmagem dirigida por José Padilha recebeu críticas pouco amistosas, incluindo a acusação de cometer sérios crimes contra o cinema (segundo Ben Walters, do The Guardian). O filme chega às telas brasileiras neste 21 de fevereiro com a intenção de recuperar seu orçamento de US$ 100 milhões, ainda não superado nas bilheterias estadunidenses.

Conrado Heoli

é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.

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