Falta apenas um mês para a estreia de Desaparecidos nos cinemas, mas a existência do filme só agora vem à tona. O segredo, no caso, é parte da alma do negócio: Desaparecidos vem sendo desenvolvido pelo produtor e cineasta David Schürmann como parte de um amplo projeto transmídia, cujo resultado final é o primeiro longa-metragem brasileiro de suspense/horror com a ambição de espelhar fenômenos de público como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal.

A idéia de Desaparecidos surgiu durante o Producer’s Network do Festival de Cannes de 2010, com uma conversa sobre o potencial do mercado transmídia. A partir daí, o produtor passou a prestar atenção na internet e seus fenômenos: “O que está na internet, se for checado duas ou três vezes, é validado e tomado como verdade”, diz. Schürmann também observou o desempenho dos filmes para jovens feitos no Brasil e imaginou o que eles não ofereciam ao seu público: “O que falta para os filmes brasileiros voltados para o público jovem darem certo? Entretenimento”.

A partir dessas observações, Schürmann e sua equipe criaram um projeto transmídia com foco bastante específico (jovens entre 14 e 18 anos), e que começou a tomar corpo há cerca de um ano, quando perfis de 15 personagens fictícios foram criados no Facebook. Não demorou muito para que cada um deles tivesse cerca de 500 amigos. Ao longo de um ano, uma equipe cuidou e atualizou os perfis do Facebook com postagens constantes.

Alguns meses atrás, um desses personagens convidou os amigos para a festa Luz, Câmera, Party, que seria realizada em outubro, em Ilhabela, no litoral paulista. Como centenas de pessoas responderam ao convite, o personagem explicou que precisaria fazer uma seleção dos convidados, e que os escolhidos receberiam em casa o convite: uma câmera de vídeo leve, no formato de um tablet, que deveria ser usada pelos convidados o tempo todo, pendurada no pescoço por um cordão.

Tudo isso, é claro, era fantasia. Apenas os personagens fictícios postaram mensagens no Facebook confirmando que receberam o convite – e assim estava armado o cenário virtual para Desaparecidos. O filme mostra o que aconteceu com seis desses jovens convidados, que desapareceram durante a festa, com imagens tomadas “por eles mesmos”, com a câmera-convite.

Lançamento será no dia 9 de dezembro

Desaparecidos foi rodado com um baixíssimo orçamento de R$ 55 mil (que estourou as previsões de Schürmann), com direção de fotografia do canadense Todd Southgate, especializado em tomadas nas florestas. Posteriormente, foi feito todo um trabalho para “sujar” a imagem com interferências digitais e uma cuidadosa edição de som, para atingir a atmosfera de horror pretendida por Schürmann.

Depois de 14 cortes e várias sessões-teste, o filme está pronto para chegar às telas. A estreia será no dia 9 de dezembro, exclusivamente em cópias digitais. O tamanho do lançamento está sendo dimensionado aos poucos, mas a ideia é tentar pelo menos cem salas. Schürmann tem visitado pessoalmente os principais exibidores do país para “vender” o filme, que será distribuído por conta própria. campanha de lançamento, desenvolvida em conjunto com a firma especializada BooBox, é toda baseada em marketing viral. O primeiro vídeo divulgado no YouTube saiu há uma semana, mostrando uma “câmera escondida” que filma um grupo de policiais assistindo à imagens violentas e misteriosas no computador de uma delegacia. O segundo traz um grupo de turistas que encontra uma das câmeras-convites desaparecidas. O primeiro trailer do filme será divulgado nos próximos dias com exclusividade pelo portal UOL, um dos apoiadores do filme, antes de cair na rede.

Esse projeto foi mantido em segredo durante um ano para que pudéssemos criar esse mundo paralelo”, conta Schürmann, “mas agora está na hora de torná-lo conhecido”. O produtor e cineasta sabe que seu maior desafio é superar as expectativas de ter feito um Bruxa de Blair brasileiro. “Espero que Desaparecidos tenha o que A bruxa de Blair trouxe de bom – a expectativa e a surpresa – e não o que ele teve de ruim – a frustração de muitos espectadores. Por isso o meu filme vai até o fim”, diz, sem entregar que fim é esse.

 

Fonte: Filme B

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