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Sinopse

Diane é uma advogada recém separada. Solteira, recebe um telefonema de Alexandre, um desconhecido arquiteto que promete ajudá-la a encontrar seu celular perdido. Quando se encontram, a reunião toma um rumo inesperado.

Crítica

Todos sabem como funciona a fórmula das comédias românticas: x protagonista está sozinho / separado / sofrendo por amor, conhece alguém que dá uma balançada, se segura por medo de investir na relação, aparece um grande obstáculo, perde a pessoa e, no final, se arrepende, vê que a ama e dá um jeito de ficarem juntos. Pode ser em Hollywood, no Brasil ou na Europa. Não tem erro. O roteiro sempre segue estes passos. E é uma pena constatar que o francês Um Amor à Altura, com um premissa tão interessante, caia nas armadilhas do gênero e vire mais um exemplar qualquer que, se não é ruim, também não tem nada de memorável.

O diretor Laurent Tirard resolveu fazer o remake de um sucesso argentino, Coração de Leão: O Amor Não Tem Tamanho (2013) para ganhar o público e discutir, ainda que por cima, preconceito. No caso, contra anões. E quem faz o protagonista de baixa estatura (com a ajuda de efeitos visuais, é claro), Alexandre, é o vencedor do Oscar por O Artista (2011), Jean Dujardin. O alvo de sua paixão é Diane (a belíssima belga Virginie Efira), uma advogada que vive sozinha, mas divide o escritório com o ex-marido. Um dia ela esquece o celular na rua e quem o encontra é justamente Alexandre, que a convence a almoçar com ele. Apesar do choque pela altura do homem, ela começa a se encantar pela personalidade do rapaz. Mas será que ela vai deixar a opinião dos outros (e o próprio preconceito) deixarem esta história seguir adiante?

O roteiro é fiel em boa parte ao original latino americano, buscando algumas “inovações” com aspectos pastelões que, na verdade, mais atrapalham do que ajudam. Nada é gratuitamente engraçado nessas piadinhas e esquetes que tentam tornar o roteiro mais doce, ainda que o carisma de Dujardin dê uma aliviada com seu talento nato para a comédia. Porém, é de se pensar também se não havia outro ator, realmente anão, para fazer o mesmo papel. No fim das contas, fica claro que utilizar o nome do oscarizado intérprete no cartaz é apenas o chamariz de bilheteria, sem nenhum impacto realmente artístico na história. Aliás, se alguém busca aprofundamento na questão, pode esquecer. Mesmo que a narrativa tente ao máximo ser respeitosa com o tema, ainda há aquele clima de “tratar normal o anormal”. Bem nessas palavras, revelando um preconceito velado da própria equipe do longa.

O filme foi exibido aqui no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês 2016, sendo um dos títulos mais esquecíveis da mostra. É impossível não comparar esta versão com a qual foi baseada, já que a argentina, ao menos, era mais sutil e despretensiosa, causando uma leveza numa bela história romântica. Aqui a própria química do casal é prejudicada. Separados, eles são ótimos. Juntos, não há uma faísca que sustente ou deixe crível o tal amor que se quer tanto falar a respeito. De resto, sobra a direção segura de Tirard, que mesmo tendo feito o longa a toque de caixa, consegue algumas boas sacadas, como utilizar os planos médios para mostrar a diferença de altura de seus protagonistas, ou ainda a bela fotografia que utiliza tons quentes para tornar o clima mais intimista. Mas se o que move o espectador é o diferencial da paixão que envolve altura, é preferível assistir ao original. Mil vezes.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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