Crítica

The Battery é um filme de zumbis em que o que menos importa são os mortos-vivos. O longa de Jeremy Gardner, um dos pontos altos do IX Fantaspoa até o momento, foca todas as atenções na relação entre dois parceiros de baseball que, juntos, vivem cada dia como se fosse o último – o que, em se tratando de apocalipse zumbi, está bem de acordo com a realidade.

Na parte inicial de The Battery, Ben (Jeremy Gardner) e Mickey (Adam Cronheim) não são o que poderíamos classificar como amigos. São apenas conhecidos que, devido ao esporte, tinham algum contato antes do fim do mundo como o conhecíamos. Por capricho do destino, acabam lado a lado tentando sobreviver após a queda do Estado e da sociedade estabelecida.

Vagando com suas mochilas cheias de comida enlatada, os dois protagonistas invadem casas e vasculham carros procurando qualquer coisa que possa ajudar em sua jornada em direção a qualquer lugar – mesmo que sejam escovas e pasta de dente. A única coisa certa é que eles precisam se manter em pequenas cidades do interior dos Estados Unidos, distantes das metrópoles infestadas de zumbis e morte.

Mas a relação entre os dois é desigual. Ben é um cara mais ligado, ativo, centrado, bem-humorado e ciente de todos os passos que ambos devem tomar. Atento às situações que podem significar perigo, é o cérebro da dupla, definindo estratégias e táticas de sobrevivência. No entanto, sabe que está fazendo mais por eles do que seu parceiro.

Mickey é seu oposto. Emocional, tem o coração à frente da cabeça, com o problemático detalhe de seu peito estar aflito, apertado com a situação na qual se encontra. Mickey tem força, mas está a um passo de ser paralisado pela desilusão e pela falta de perspectivas. Aceita ser liderado por Ben, apesar desse seu lado passivo, quase subjugado, abalar ainda mais seu espírito. Para fugir da realidade, esconde-se entre as músicas que tocam no CD player que carrega consigo - e que tem bandas excelentes!

The Battery enquadra as crises, mudanças e o fortalecimento da amizade entre ambos. Porém, a situação dos personagens muda depois que ambos encontram um par de walkie talkies. Com eles, descobrem um grupo de sobreviventes em situação aparentemente boa em algum local próximo. O fato deixa Mickey obcecado pela ideia de salvação, apesar dessa comunidade deixar bem claro que não quer que os dois juntem-se a eles. Ben sabe que o melhor a fazer é deixar essa história de lado, mas Mickey não desiste.

Por coincidência, os amigos encontram dois daqueles sobreviventes em uma estrada. Depois de um desentendimento violento, com direito a troca de tiros, Ben e Mickey se veem encurralados dentro de um carro rodeado por zumbis. É dentro dele que se passa boa parte do filme. Com as chaves perdidas no lado de fora, sem saída e sem previsão de resgate, os protagonistas sofrem pelos efeitos claustrofóbicos e pela ideia de morte que paira no ar.

A única alternativa para ambos saírem ilesos é um deles deixar o carro para procurar as chaves na estrada. Porém, apenas um sobreviverá. E este personagem, conforme disse o diretor Jeremy Gardner durante o debate com o público do Fantaspoa na sessão de estreia, provavelmente ganhará um novo filme para contar sua história dali em diante. Desde já aguardadíssimo!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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