Protegendo o Inimigo

14 ANOS 115 minutos
Direção:
Título original: Safe House
Gênero: Ação, Thriller
Ano:
País de origem: EUA / Japão / África do Sul

Crítica

Leitores

Sinopse

Marcado para morrer, o criminoso Tobin Frost está preso sob a proteção da CIA. Quando seu esconderijo é descoberto, ele precisa ser escoltado em segurança. O oficial Matt Weston é encarregado dessa difícil missão.

Crítica

Existem aqueles que se entregam à tal Maldição do Oscar, e depois de conquistarem o prêmio mais cobiçado do cinema mundial desandam a fazer uma porcaria atrás da outra (Nicolas Cage? Halle Berry? Renée Zellweger? Adrien Brody?). Tem também os que nem tomam conhecimento dessa ameaça (Meryl Streep? Charlize Theron? Angelina Jolie? Tom Hanks?). E, por fim, mas em número menor, há os que enfrentam qualquer onda de azar de braços abertos, revertendo as expectativas e recriando qualquer regra imposta de acordo com a sua própria vontade. Neste caso temos Denzel Washington, o intérprete negro com o maior número de indicações (cinco até o momento) e mais premiado de todos os tempos (duas estatuetas conquistadas, uma como coadjuvante, em 1990, por Tempo de Glória, e uma como principal, em 2002, por Dia de Treinamento). Nos últimos anos ele tem feito sempre o mesmo filme, exercitando entre cada novo título poucas variáveis. Mas o impressionante é perceber como todos, de uma forma ou de outra, acabam funcionando junto ao público e escapando ilesos da condenação crítica. Com Protegendo o Inimigo a mesma coisa se repete, mais uma vez.

Desde que ganhou seu segundo Oscar, Washington fez apenas um único longa realmente digno de atenção: O Gângster (2007), de Ridley Scott e co-estrelado por Russell Crowe. Dos outros 11 títulos realizados na última década, quatro foram dirigidos por Tony Scott (Chamas da Vingança, Déjà Vu, O Sequestro do Metrô 123 e Incontrolável), dois se justificam pelos diretores envolvidos (Sob o Domínio do Mal, de Jonathan Demme, e O Plano Perfeito, de Spike Lee), dois foram experiências como diretor (Voltando a Viver e The Great Debaters) e dois foram desprezíveis (Um Ato de Coragem e O Livro de Eli). Em nenhum destes é possível apontar para Washington como um eventual ponto fraco – afinal, competente ele sempre foi, daqueles acima de qualquer suspeita. Só que também não há um único destes projetos que tenha lhe apresentado um verdadeiro desafio, algo novo e estimulante. Em todos ele parece estar no piloto automático. A diferença, no entanto, é que um intérprete do nível de Denzel Washington, até nos seus piores dias, é muito superior à grande maioria que anda por aí.

Protegendo o Inimigo se assemelha a diversos outros trabalhos do astro: seu personagem tem uma moral um tanto dúbia, a ação é dividida com um jovem de potencial (aqui, quem ganha espaço é Ryan Reynolds, que depois do fracasso de Lanterna Verde, no ano passado, mostra que tem condições de sobra para ser protagonista, desde que se cerque pelas companhias certas), e o ritmo é intenso, deixando o espectador sempre com o coração na garganta. Reynolds é um agente da CIA esquecido no fim do mundo (também conhecido como Cidade do Cabo, na África do Sul) que deseja a todo custo ser transferido para Paris ou qualquer outra grande cidade do mundo que lhe ofereça melhores oportunidades para mostrar seu talento. Tudo muda no dia em que Tobin Frost (Washington), um ex-agente procurado por traição, se entrega por livre e espontânea vontade no consulado americano. O que logo fica claro para o público é que não são poucos os que querem o pescoço de Frost. E se ele chegará vivo ou não ao final dessa história dependerá apenas das habilidades do novato.

Com direção do desconhecido realizador sueco Daniel Espinosa (seu pai é chileno), Protegendo o Inimigo marca também a estreia em Hollywood do roteirista David Guggenheim. Como os dois conseguiram entregar uma obra que envolve, prende e gratifica na medida certa e ainda conseguiu estrear nos Estados Unidos no topo das bilheterias é uma questão que apenas a dupla principal de atores pode responder. Mas ao lado deles estão também coadjuvantes de renome (Vera Farmiga, Brendan Gleeson, Sam Shepard, Robert Patrick, Rubén Blades, Liam Cunningham e Joel Kinnaman) e uma trama redonda, em que todas as peças terminam por se encaixar nos lugares determinados, não sem algumas boas surpresas pelo caminho. Um filme que entrega exatamente o que promete, e só por isso já merece o respeito devido.

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *