País do Desejo
Crítica
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Sinopse
Roberta é uma pianista clássica de renome que luta contra uma doença crônica nos rins. Um encontro inesperado vai mudar sua vida quando conhece Padre José. Família, amor, medicina e religião se misturam num drama contemporâneo.
Crítica
Nem mesmo os bons escapam de errar às vezes. E a maldição do filme brasileiro ruim se abateu até sobre quem costumava ser acima da média. Paulo Caldas, realizador dos interessantes Baile Perfumado e Deserto Feliz, se equivoca terrivelmente em seu novo trabalho. Quarta produção a ser exibida na mostra competitiva nacional do 39° Festival de Cinema de Gramado, País do Desejo demonstra mais uma vez o quão fraca está a seleção brasileira em 2011. Certamente é algo a se lamentar, pois se confirma um momento de irregularidade na nossa cinematografia, também deixa em evidência a fragilidade dos nossos talentos, que nem mesmo a excelência de um ou dois longas iniciais pode servir de indício de um profissional à prova de falhas.
Co-produzido pela atriz Maria Padilha, País do Desejo parece mais resultado de um esforço dela do que dele – por mais que Caldas afirme se tratar de uma experiência autoral e que a tela reflete bem o que ele desejava. A história parte de uma trama confusa com duas ações paralelas: uma pianista renomada que luta contra uma doença crônica nos rins lutando pela sobrevivência e um padre enfrentando um grave problema em sua comunidade: uma menina de doze anos foi estuprada pelo tio e está grávida de gêmeos. Ao fazer um aborto, a criança e sua família são excomungadas pela Igreja, o que provoca a revolta do pároco local (Fábio Assunção, completamente inadequado no papel). A pianista (Padilha, apresentando mudanças físicas que interferem no seu bom desempenho em cena) não tem muito o que dizer, e após uma apresentação que lhe exige esforços que não possui, vai parar no hospital – coincidentemente, o mesmo local onde trabalha o irmão do padre (Gabriel Braga Nunes, perdido em cena). Está aberta, portanto, a oportunidade dos dois – artista e ministro da fé – se encontrarem e mudarem seus rumos de vida.
O pior de tudo é que há uma quantidade de sugestões, insinuações e pontas soltas que nunca se explicam ou justificam. Qual o motivo do envolvimento do padre com a tragédia da garota se logo em seguida decide abandonar tudo o que sempre acreditou para investir numa paixão adolescente por alguém que mal conhece? O personagem é tão mal construído que torna quase impossível a tarefa de identificação e compreensão dos seus atos. O mesmo distanciamento pode ser sentido em relação à musicista, uma pessoa frágil e alheia à tudo mais que se desenrola no filme que até sua própria presença ali passa a ser questionada. Outras figuras intrigantes, como a enfermeira japonesa pin up, a mãe moribunda, o pai que só se alimenta de refeições liquidificadas ou a auxiliar (ou seria amante?) que é esquecida assim que a cura passa a ser uma possibilidade, são logo relegadas a um segundo - ou terceiro - plano no exato instante que todas as questões sociais, éticas, morais, políticas e religiosas levantadas nos dois terços iniciais do filme são abandonadas em nome de um romance digno de novela mexicana.
Há ainda uma variedade de elementos desnecessários – conflito entre ciência e religião, entre ocidente e oriente, entre arte e consumo – que só servem como distração, afastando ainda mais o público da obra. Como resultados tivemos risos constrangedores a palmas acanhadas no término da sessão. E mesmo assim foi mais do que o merecido. O público presente nessa primeira exibição pública de País do Desejo estava indeciso entre o riso constrangido ou a raiva oriunda de uma frustração indesejada. Paulo Caldas é um profissional que pode muito mais, assim como todos os demais talentos envolvidos. E assim como eles, nós também merecemos algo não tão raso e equivocado.
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Infelizmente somos sujeitos a essa situação. Independente de ser um autor/diretor conhecido, acho que o respeito deve ser dado para todos. Quando escolhemos realizar algum trabalho ou obra precisamos ter consciência de tudo o que envolve. Pelo o que observei e li, tem duas explicações, os responsáveis pela obra são pessoas ignorantes, sem cultura ou são pessoas mas intencionadas, que buscam interesses próprios, passando por cima que qualquer um.Quando envolvemos uma religião, no caso desse filme, a Católica, precisamos ser muito sensíveis, porque não estamos simplesmente falando de uma igreja(construção, templo) mas sim estamos mexendo com a fés das pessoas, e mexer com a fé, é mexer com o que as pessoas tem por mais sagrado. É como se falar mal de sua mãe, do seu pai, de alguém que você ama, ninguém gosta quando desrespeitam sua família.Espero que os autores, produtores, artistas e mais envolvidos neste filme possam encontrar a luz da verdade que é Jesus Cristo. Porque só em Jesus encontramos o verdadeiro amor, o único amor que pode nos preencher na plenitude.Acredito que a discussão, brigas, guerras não levam a nada, mas a omissão também não, como católicos somos chamados a testemunhar Cristo Jesus e tudo o que ele nos ensinou.
Com certeza Jaqueline! Tenho dezenove anos, sou católica desde criança e fico indignada quando de alguma forma agridem a minha Igreja. Ninguém fica feliz quando alguém insulta algo em que acreditamos.É triste ver que pessoas, ou instituições não dão o mínimo de respeito a Igreja Católica; não é a primeira vez que a Rede Globo insulta a doutrina da Igreja com as suas produções que tentam a todo custo convencer as pessoas que o que a igreja prega (que é o evangélio do próprio Cristo) não passa de besteiras. Vamos orar por todos aqueles que lutam para destruir a nossa igreja concomitantemente que lhes pedimos respeito para com a Santa Igreja.
Este filme, é sem duvida alguma, a pior ofença a moral e a doutrina da fé Catolica. A indiginaçao, de quem relamente vive a religiao, será notada. Uma infamia. Uma lastima.