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Sinopse

Um Robin Hood moderno rouba de ladrões e dá aos necessitados, até o dia em que cruza com uma trupe de trapalhões. Juntos, eles precisam ajudar e defender Rosa, uma menina que é alvo de um bandido chamado Gavião.

Crítica

Depois da breve participação em Uma Escola Atrapalhada (1990), os Trapalhões foram forçados a se reinventar por um triste motivo: o falecimento de um dos membros da trupe, Zacarias, aos 56 anos de idade. Experimentando a dinâmica de trio na televisão, eles reapareceram nos cinemas com a nova formação em O Mistério de Robin Hood, que já demonstra o cansaço do grupo e a dificuldade em permanecer relevantes e inventivos, passadas mais de três décadas dedicadas ao humor.

Aventura cômica, inspirada pelo folclore inglês sobre o justiceiro que rouba dos ricos para dar aos pobres, o filme aposta em Didi como Robin Hood, mas que sem a máscara é o adorável vagabundo de sempre. Dedé e Mussum, sem muita relevância na trama principal, são encarregados do humor físico como Fredo e Tonho, que trabalham no circo instalado na cidade. Para superar ou eclipsar a ausência do carismático Zacarias, personagem de Mauro Faccio Gonçalves, Xuxa Meneghel também protagoniza a história como Tatiana, a filha do mágico circense por quem Didi Hood é apaixonado.

Quarto dos cinco filmes d’Os Trapalhões dirigidos por José Alvarenga Jr., O Mistério de Robin Hood tem pouco a acrescentar à filmografia dos icônicos personagens, repleta de inesquecíveis e criativas produções como Os Saltimbancos Trapalhões (1981) e Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987). Sem muito valor artístico em figurinos, cenários e até mesmo em seu enredo, o longa acaba como um episódio prolongado da série humorística televisiva, reciclando gags que já foram vistas, sem muita inspiração. No entanto, o filme não recorre àquele recurso até então frequente de interromper a trama para apresentar números musicais aleatórios ou introduzir a participação de famosos para atrair mais espectadores – o que já é uma vantagem.

Xuxa é a heroína carismática dos Trapalhões na tela grande pela quinta ocasião, desta vez munida do sucesso crescente de sua figura pública e pelos êxitos comerciais de A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989) e Lua de Cristal (1990). Ainda assim, o filme ultrapassou por pouco a marca de dois milhões de espectadores nos cinemas, resultado considerado fraco perto dos quatro milhões que as produções de Didi e companhia geralmente alcançavam. Sua participação como Tatiana é um tanto quanto apática, e as sequências de sonhos que ela protagoniza ao lado de um cavaleiro galante, que no final da trama se revela como Didi, são, na falta de uma melhor expressão, surreais. Nos anos 1990 era normal associar a imagem de Xuxa aos ex-namorados Pelé e Ayrton Senna, mas, ainda hoje, é no mínimo inusitado aceitar a rainha dos baixinhos como interesse romântico de Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo.

Perdido entre tantos filmes mais divertidos protagonizados pelos Trapalhões, O Mistério de Robin Hood acaba esquecido numa filmografia vasta e repleta de tantos erros quanto acertos. Com um antagonista pouco interessante ou carismático na figura de Gavião (Carlos Eduardo Dolabella) e uma trama paralela descartável com a órfã Rosa (Duda Little), a produção dá início ao inevitável fim dos saltimbancos atrapalhados que marcaram diferentes gerações na cultura e humor brasileiros.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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