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Sinopse

Um andróide T-800 vem do futuro para proteger o garoto John Connor, filho de Sarah Connor. Mas há um problema: o mais avançado modelo existente, T-1000, também voltou no tempo, e com a missão de matar o menino.

Crítica

Transformar o vilão do filme original no herói da continuação foi apenas um dos muitos acertos de James Cameron em O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Arnold Schwarzenegger era um dos maiores astros de Hollywood à época e era simplesmente impossível imaginá-lo fora da sequência, ainda mais com o grande interesse do próprio ator em participar do longa-metragem. Resolvendo a questão do herói, a lacuna de um vilão de peso ficou aberta. E o segundo acerto da produção surgiu, com a escalação de Robert Patrick como o imbatível T-1000. Longe de ter o mesmo físico de Schwarzenegger, o nêmesis robótico do T-800 ganhava força por ser uma tecnologia mais avançada. E esta tecnologia, criada a partir de um metal líquido extremamente versátil, nos foi apresentada com efeitos visuais de ponta, fazendo com que acreditássemos que era possível uma ameaça daquela magnitude fazer frente ao grandalhão austríaco.

O roteiro foi assinado a quatro mãos, por James Cameron e William Wisher Jr., e é ambientado dez anos depois do filme original. Na trama, Sarah Connor (Linda Hamilton) está internada em uma instituição por causa do seu discurso a respeito do final do mundo, o dia do julgamento final, quando as máquinas tomarão conta do planeta. Seu filho, John Connor (Edward Furlong), caminha a passos largos para se tornar um delinquente juvenil, mesmo em tenra idade, depois de ter sido separado da mãe. Neste cenário, um T-800 (Schwarzenegger) idêntico ao que veio ao passado eliminar Sarah tem uma nova missão: proteger John a todo custo da ameaça iminente do T-1000 (Patrick), um exterminador mais avançado que quer pôr fim no futuro líder dos rebeldes. John, que até então não acreditava nas maluquices da mãe, percebe que ela estava certa e bola um plano para libertá-la da instituição. Isso é só o começo de uma aventura que colocará em rota de colisão o perigoso e frio T-1000 do cada vez mais humano T-800.

Não são muitas as sequências que podem ser citadas como superiores ao original. O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final é uma destas exceções. Por mais bem realizado e original que o primeiro filme pudesse ser, esta continuação múltipla em qualidade cada quesito. Temos um Arnold Schwarzenegger muito mais seguro e convincente como herói de ação. Uma Linda Hamilton perfeita como a obstinada Sarah Connor. Um vilão extremamente perigoso na figura de Robert Patrick. E efeitos visuais que foram impressionantes para a época e que, até para padrões atuais, ainda convencem. Fora o clima de tensão que vai crescendo a cada novo desafio enfrentado pelos heróis.

Cenas de ação memoráveis como o encontro entre os exterminadores no shopping, a perseguição inicial – com direito a um caminhão despencando de uma elevada, a fuga de Sarah Connor do manicômio e a invasão da Cyberdyne colocam este longa-metragem como um dos mais eletrizantes filmes de ação da década de 1990. O melhor de tudo é que James Cameron não esquece de desenvolver seus personagens, nunca os colocando em segundo plano em relação às cenas de ação. Elas funcionam muito bem porque temos heróis cativantes envolvidos nestas sequências.

Arnold Schwarzenegger é o principal predicado desta continuação, conseguindo dar certa humanidade ao T-800, sem deixar com que o personagem vire um pastiche em relação ao original. Existem piadas que funcionam bem e mesmo que ele pareça um tanto infantilizado ao servir como guarda-costas do jovem John Connor, elas não destoam do clima geral do filme. Hasta la Vista, Baby se junta a I’ll be Back como uma das frases memoráveis (e até hoje repetidas) do ex-governador da Califórnia em sua melhor performance no cinema. Linda Hamilton, por sua vez, sai do papel de donzela em perigo do original e entra no “modo durona” com muita segurança. A transformação corporal da atriz é impressionante e suas cenas iniciais, dentro do manicômio, são bastante intensas. Só o jovem Edward Furlong tem uma performance desigual, deixando transparecer sua inexperiência.

Vencedor de 4 Oscars e realizado como o capítulo final da saga, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final fecha muito bem as ideias iniciadas em 1984. James Cameron inclusive gravou um final com uma Sarah Connor idosa, fechando possibilidades para continuações, mas não a incluiu por pedido do estúdio. Como o criador não manda em sua criatura, a série saiu das mãos do diretor e ganhou sequências que, se não são totalmente descartáveis, nunca conseguem chegar perto dos dois longas-metragens originais.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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