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Sinopse

O stripper Mike está há algum tempo fora dos palcos. Agora, se reúne novamente com antigos colegas, como Richie e Ken, em uma “road trip”. O destino deles é Myrtle Beach, em Miami, onde o grupo pretende fazer uma última grande turnê de despedida.

Crítica

Muitos astros de Hollywood, assim que se tornam famosos, tentam esquecer a todo custo a barra que enfrentaram nos anos antes da fama, quando lutavam para sobreviver pelas ruas de Los Angeles ou Nova York. Channing Tatum, no entanto, decidiu pelo contrário, e fez desse aprendizado material para se tornar ainda mais popular. Pois ainda que muitos desconheçam, Tatum, além de atuar, trabalhou por muito tempo como dançarino e stripper. Tal experiência serviu de base para o roteiro de Magic Mike (2012), longa de baixo orçamento que arrecadou nas bilheterias de todo o mundo mais de vinte vezes o valor do seu orçamento. Tamanho sucesso não passaria desapercebido, e era mais do que óbvio que uma continuação seria providenciada em seguida. Só não precisava ser uma tão sem vergonha e sem sentido quando Magic Mike XXL.

Dirigido por Steven Soderbergh, um cineasta obviamente diferenciado, Magic Mike partia do universo dos strippers masculinos para investigar as motivações que levavam jovens até este estilo de vida e os anseios daqueles já veteranos em relação aos próximos passos de suas carreiras. Era, portanto, um filme com antes e depois, com personagens dotados de camadas, tudo isso encoberto sobre um verniz de corpos sarados e movimentos atléticos. Magic Mike XXL, por outro lado, se contenta apenas com a superfície, dispensando todo e qualquer recheio. Com a saída de Soderbergh – que se encarregou apenas da direção de fotografia – quem assumiu a condução foi Gregory Jacobs, o mesmo do igualmente frustrante 171 (2004), versão norte-americana do sucesso argentino Nove Rainhas (2000). Matthew McConaughey (agora já dono de um Oscar) e Alex Pettyfer foram outros que caíram fora dessa continuação, ainda que se façam referências aos seus nomes na trama.

Mike (Tatum) sonhava em encontrar a mulher dos seus sonhos e se dedicar à profissão que mais lhe dava prazer – a marcenaria, e não a dança e o strip-tease. E isso tudo ele conseguia no final do primeiro filme. Pois bem, Magic Mike XXL desfaz logo no início estas conquistas anteriores, apresentando-o como um homem abandonado e infeliz no trabalho. E a oportunidade de reencontrar os colegas aparece na viagem até uma convenção em Myrtle Beach, onde, juntos, farão uma última apresentação. E ponto final. Este é o filme, e nada mais acontece. Todos os personagens terminam a narrativa exatamente igual a como estavam no início. Não há conflito, drama, nem algo a ser almejado. Seus interesses são os mais básicos e simplistas possíveis, e o que se tem em cena é um roteiro preguiçoso de estrutura episódica, com uma série de acontecimentos sem muita relação um com o outro, apenas para justificar um pseudo-enredo.

Channing Tatum segue fazendo o que sabe melhor – chamar atenção e ganhar dinheiro, pois ainda que este novo filme tenha arrecadado bem menos do que o primeiro, ainda assim multiplicou o investimento em mais de 6 vezes. Matt Bomer é o mais lindo, porém segue sem grandes oportunidades – sua melhor chance é ao cantar a pop-brega Heaven, de Bryan Adams, em uma interpretação emocionante – e quem acaba roubando o show é Joe Manganiello, que brilha tanto com a impressionante forma física como no jeito solto e despojado de se apresentar. De novidade no elenco, as sumidas Jada Pinkett Smith e Andie MacDowell marcam presença apenas para mostrar que continuam belas e atraentes, porém desperdiçadas em aparições quase descartáveis. E os números dos rapazes, que é a verdadeira razão para todo esse alvoroço, continuam sexy, mas tão ingênuos que parecem brincadeira de criança. Ou seja, Magic Mike XXL é um clube de mulheres para uma geração McDonalds – a estética até atrai, mas no final das contas não tem gosto de nada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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