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Sinopse

Um ataque zumbi ameaça dizimar a vida numa pequena cidade do Wisconsin. Um grupo de sobreviventes se abriga no shopping center local. Mas, quando energia e comida começam a faltar, as coisas ficam ainda mais dramáticas.

Crítica

Remake do original de 1978, dirigido por um dos mestres do cinema de horror, George A. Romero, esse Madrugada dos Mortos possui o mérito de conseguir reunir o melhor dos dois mundos (produção classe A com temática de filme B) num resultado certamente acima da média. O diretor Zack Snyder, que trocou a adaptação para a tela grande do antigo seriado S.W.A.T. (2003) por esse trabalho, fez uma boa escolha: além de ter realizado uma obra realmente assustadora, esta versão de 2003 arrecadou nas bilheterias mundiais cerca de quatro vezes o seu orçamento final, que ficou abaixo dos US$ 30 milhões. Um desempenho excelente para o gênero.

A trama é simples e direta – exatamente como deve ser. Certo dia, a enfermeira Ana (Sarah Polley, de A Vida Secreta das Palavras, 2005) acorda com uma garota da vizinhança dentro de sua própria casa, atacando mortalmente seu marido. A menina em questão era, na verdade, um zumbi, e sua mordida deu ao companheiro de Ana o mesmo destino. Quando consegue fugir, percebe que o bairro inteiro está passando por igual situação, e, do mesmo modo, sua cidade. Logo, perceberá que a tragédia é mundial.

Madrugada dos Mortos não se preocupa em perder tempo com explicações. Não se sabe o que gerou tal desgraça, se vírus, praga ou doença, nem como impedi-la. O que estaria matando as pessoas, para em seguida ressuscitá-las como zumbis com sede de destruição? O que acontece é que tal febre se dissemina com uma velocidade impressionante, já que cada nova vítima se transforma num monstro sedento por sangue, e basta que esse ataque um indivíduo são para que este também seja afetado.

Os poucos infelizes sobreviventes – além de Ana, temos o policial vivido por Ving Rhames, de Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma (2011), e Mekhi Phifer, de Assalto em Dose Dupla (2011), entre outros – ficam isolados num shopping center. E lá permanecem até conseguirem reunir força e coragem suficientes para organizarem um plano de fuga. O problema é: fugir para onde? Existirá algum lugar ainda seguro, em todo o planeta?

Ao contrário do quase contemporâneo – e também extremamente competente – Extermínio (2002), que apresentava um cenário bastante similar para o desenvolvimento de sua ação, Madrugada dos Mortos não oferece nenhuma “luz no final do túnel”. O que temos é desespero completo sendo explorado em níveis máximos de tensão. E o que melhor esperar de um filme como esse? Todo o cuidado técnico em sua realização é exemplar, digno de uma produção de primeira linha: bom elenco, cuidadosa fotografia, edição planejada. Só que isso é embalado em um roteiro podreira, sujo, assumidamente gore e muito eficiente. Ou seja, ideal para agradar “gregos e troianos”. Para aproveitar esta produção à contento é preciso a razão um pouco de lado, se afaste de uma pretensa seriedade excessiva e aproveitar cada um dos bons sustos – que pegam o espectador de jeito, e na quantidade necessária. É isso, e muito mais, o que essa Madrugada dos Mortos reserva àqueles que por ela decidirem se aventurar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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