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Sinopse

Ambientado na Inglaterra Vitoriana, fala sobre a jovem órfã Jane Eyre, que vai trabalhar como governanta em uma mansão e inicia um romance com o patrão Edward Fairfax Rochester. Mas segredos sobre o passado de Rochester podem comprometer para sempre o amor entre eles. Adaptação do clássico romance de Charlotte Bronte.

Crítica

Como fazer uma versão de Jane Eyre que apresente algo de relevante e que não tenha sido visto nas dúzias de outras adaptações da obra de Charlotte Brontë? Esse foi o desafio do diretor Cary Fukunaga em seu segundo trabalho para o cinema. O cineasta norte-americano escolheu quebrar o tempo narrativo e investir em uma atmosfera mais soturna para diferenciar seu trabalho dos demais – e acerta no que pode fazer. O imutável, o dramalhão da história original, é que fica realmente difícil de suportar depois de duas horas de trama. Mas isso é mais culpa de Brontë do que de Fukunaga.

A responsável pela adaptação do romance para roteiro cinematográfico foi Moira Buffini, marinheira de segunda viagem assim como o diretor da película. Na história, acompanhamos a vida da personagem título, de sua infância sofrida na casa da tia, para sua vida infernal em um colégio interno, culminando com sua rotina na casa dos Rochester, onde serve de tutora para uma jovem francesa, e chegando ao seu encontro com a família Rivers, que a acolhe em um momento difícil. Como citado anteriormente, a narrativa não é linear, portanto somos apresentados a diferentes momentos da história de Jane Eyre – mas o sumo de tudo se passa na mansão dos Rochester.

Para viver a protagonista, Fukunaga convidou a jovem Mia Wasikowska, que tem uma boa performance como a batalhadora Jane Eyre. A personagem é conhecida por ser uma mulher forte, que sobrepujou grandes dificuldades e que lutou para ser ouvida, para fazer o que achava certo, em um período no qual as mulheres pouco tinham sua vontade atendida. A atriz consegue parecer destemida o suficiente, sorrindo muito pouco e sempre mostrando foco em suas atividades. Até, claro, surgir um homem que lhe tirasse o prumo. Homem este vivido pelo sempre competente Michael Fassbender. É dele o papel do Senhor Rochester, dono da mansão onde trabalha Jane, sujeito bastante direto que se encanta com estas mesmas qualidades mostradas pela senhorita Eyre. Em um primeiro momento, os dois são muito frios em relação ao outro, mas vão percebendo, com o passar do tempo, que suas personalidades são bastante similares.

Fukunaga capricha no clima soturno da trama, empregando, inclusive, alguns sustos aqui e ali. Existe um grande segredo na mansão de Rochester que, segundo a menininha francesa Adele (a estreante Romy Settbon Moore), trata-se de um fantasma de uma mulher morena, vestindo sempre branco. Eyre ouve barulhos estranhos na casa e chega a salvar seu patrão de um incêndio suspeito. Para quem não sabe nada sobre a história, pode até pensar que se trata de um fenômeno sobrenatural, dado a forma como o cineasta constrói estes momentos de seu filme. A revelação de tudo não é menos surpreendente.

Jane Eyre ganha um pouco de ritmo com a escolha de Fukunaga em contar a história em flashback, entrecortando com alguns momentos da infância de Eyre. No entanto, quando chegamos à casa dos Rochester, a narrativa concentra-se exclusivamente ali, fato que acaba pesando no ritmo do filme. As situações demoram a acontecer – e até deveriam mesmo, já que estamos falando de um romance que se passa no século XIX. Enxugar um pouco o texto talvez resolvesse o problema. Outro fator que incomoda é o dramalhão, visto que Jane Eyre, apesar de batalhadora, sofre do começo ao fim do filme. Ela nunca se queixa de seu destino ou das ações dos outros para com ela, mas é muito sofrimento para uma pessoa só.

Com um elenco de apoio acima da média, com destaque para a sempre respeitável Judi Dench e o talentoso Jamie Bell, Jane Eyre é um romance de época (com pitadas bem-vindas de suspense) que se fia na dupla protagonista para prender a atenção do público. Com direção de arte e figurinos muito bem concebidos, o longa-metragem pode não ser a melhor adaptação do livro de Charlotte Brontë, mas tem atributos suficientes para uma conferida mais de perto. Basta o espectador ter um pouco de paciência com uma narrativa mais lenta do segundo ato para o fim.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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Grade crítica

CríticoNota
Rodrigo de Oliveira
7
Robledo Milani
8
MÉDIA
7.5

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