Crítica

O subgênero zombie comedy tem grande peso na cultura zumbi que tomou conta do mundo pós-Extermínio, o filme de Danny Boyle que retirou os mortos-vivos do ostracismo cinematográfico. E há alguns anos, o Fantaspoa dá espaço para inventivos longas de “zomedy”. Porém, o esperado Cockneys vs. Zombies, de Matthias Hoene, um dos destaques na atual edição do festival, mostrou-se um filme bem tradicional.

O enredo centra-se em três primos cockneys (integrantes classe trabalhadora e/ou média baixa do East End londrino) que decidem roubar um banco para impedir que o asilo onde o avô deles reside seja fechado. Perto dali, operários de um prédio em construção encontram uma catacumba guardando esqueletos e um zumbi. Um deles é mordido e a praga espalha-se rapidamente.

Na fuga do assalto, os primos percebem que a cidade está sitiada por mortos-vivos. Mesmo assim, decidem salvar o avô antes que seja tarde. No caminho, pegam armas potentes escondidas em um depósito.

O longa, claro, tem mais humor e aventura do que horror. Basicamente, trata-se de jovens meio patetas e velhinhos impacientes armados até os dentes tocando o terror em mortos-vivos. Algumas cenas são realmente engraçadas, como o tiozinho fugindo lentamente pelo jardim com apoio de seu andador e com um zumbi ainda mais lento no seu encalço. Apesar disso, Matthias Hoene não apresenta nada de novo.

O fim do filme é com uma espécie de lição de moral, indicando que cockneys chutarão as bundas dos zumbis para restabelecer a ordem em Londres a qualquer custo, como os ingleses sempre fazem... Mesmo sendo uma tirada sarcástica, a arrogância torna-se incômoda por se levar a sério paralelamente.

Cockneys vs. Zombies tem uma narrativa comum, sem apresentar o escracho irônico do humor inglês presente em Todo Mundo Quase Morto (2004) ou a irreverência metalinguística do já clássico Zombieland (2009), muito menos as abordagens inusitadas de alguns longas já exibidos pelo próprio Fantaspoa, como Deadeheads (2011), Retrato de um Zumbi (2011), Tucker e Dale Contra o Mal (2010), Meu Vizinho Zumbi (2010) ou Harold Está Ficando Cadavérico (2010).

Se o filme é ruim? Não! Apenas quadrado demais.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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