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Sinopse

Uma família sente que está sendo ameaçada por um espírito maligno na casa onde mora e decide instalar câmeras para filmar e tentar entender os barulhos aterrorizantes e os fenômenos estranhos que ocorrem na residência. Mas eles não estão preparados para o terror que se aproxima.

Crítica

É de deixar qualquer um de queixo caído perceber quão grande pode ser o público fiel aos filmes de terror. Esse é um gênero que só encontra paralelo nas comédias românticas na equação “falta de originalidade inversamente proporcional ao sucesso nas bilheterias”. Parece que quanto maior for o número de clichês e a previsibilidade da trama, maior será o grau de aprovação do espectador. Só assim para explicar a longevidade de séries como Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, Pânico e Jogos Mortais, entre tantas outras. E agora temos também esse Atividade Paranormal, que em menos de dois anos já se confirma como uma trilogia. E pode-se apostar que não irá parar por aqui.

Antes de mais nada, vamos esclarecer as origens desse terceiro episódio. Os diretores Henry Joost e Ariel Schulman não possuem relação alguma com os dois longas anteriores. A conexão está com o roteirista Christopher B. Landon, autor também da trama do segundo filme. Quanto aos atores, também temos um elenco completamente novo – e assim como já é de praxe na série, composto por novatos desconhecidos. A fotografia, mais uma vez, segue o estilo já visto, de câmara na mão e visual caseiro, como se o que estamos vendo fosse a edição de um material encontrado por acaso e filmado pelos próprios personagens, sem a intenção de produzir uma ficção, e sim um registro documental. Esse é o charme principal: a busca pela veracidade é constante, mesmo se tratando de uma história de fantasmas.

Para quem não lembra, é importante um resgate: no primeiro filme, de 2007 (mas exibido nos cinemas somente em 2009, pois dois anos foi o tempo que levou até encontrar um distribuidor – e, posteriormente, virar um fenômeno que arrecadou em todo o mundo quase US$ 200 milhões, cerca de treze mil vezes o seu orçamento!), o casal Katie e Micah passam a ouvir barulhos estranhos pela casa e decidem registrar em vídeo todos os ambientes do imóvel, durante as 24 horas do dia. O que acabam vendo, principalmente nas imagens noturnas, é de deixar qualquer um de cabelos em pé: pegadas no chão, móveis se movendo, cobertas voando pelo quarto, luzes se acendendo e apagando aleatoriamente. Depois de uma continuação que não se justifica (feitas às pressas e lançada um ano depois), chegamos a esse terceiro episódio que ao menos tenta fazer sentido. Agora voltamos no tempo até os anos 80, quando a protagonista do primeiro filme era uma criança. E o que presenciamos são as primeiras manifestações sobrenaturais em sua casa, o que consequentemente acontece com sua família e a origem de todos os seus problemas futuros – e até uma possível explicação para tudo o que vimos nos três longas até então.

Se antes tudo procurava ser mais sutil e o tom adotado era majoritariamente o de suspense, em Atividade Paranormal 3 o que temos é terror pesado, e o fato de se passar principalmente com duas crianças – Katie e a irmã – é ainda mais perturbador. Com bons sustos e um enredo que busca ser coerente, peca apenas pelas soluções exageradas e pelo final anticlímax, que numa única jogada busca encontrar uma justificação para tudo que fora explorado nos três longas. Mesmo assim, não tem como ser algo além do que mais do mesmo, que irá agradar apenas aos fãs desse tipo de passatempo especializado em estimular os sentidos mais primários e enaltecer reações básicas, sem qualquer sinal de profundidade. É escapismo simples e direto, e com orgulho. E inteligente o suficiente para ser curto o bastante para terminar antes que a repetição de chavões comece a cansar.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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