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Sinopse

Aparentemente, Michel e Joanna formam um casal ideal. Porém, ele precisa viajar a trabalho e acaba passando uma noite com sua colega Laura. Simultaneamente, Joanna reencontra um amor do passado e começa a se questionar.

Crítica

Qual traição é pior: a que envolve sexo ou a que diz respeito aos sentimentos? E se o elemento ‘cama’ não chegar a fazer parte, ainda assim pode ser considerado como infidelidade? Estas são algumas das questões levantadas por Apenas uma noite, um filme que fica em cima do muro do início ao fim. Aqui as perguntas são muitas, porém as respostas, quando existem, são escassas e limitadas. Mas este nem é o maior do problemas – o que incomoda, de fato, é a ausência de elementos que possam colaborar no retorno do espectador. Pois os personagens são tão contraditórios e inconsequentes em seus atos que terminam por se fragilizarem enquanto figuras mais profundas. E, assim, o que temos são partes de uma tese de sai do nada para lugar algum.

Michael (Sam Worthington) e Joanna (Keira Knightley) formam um casal moderno em uma Nova York contemporânea. Quando os encontramos pela primeira vez estão se arrumando, em belos vestidos e refinados ternos, para irem a uma festa de amigos. Lá, assim que chegam, se despedem e vai cada um para um lado. Ambos estão entre conhecidos, mas ela parece mais preocupada com a companhia dele: de longe, percebe que o marido não sai de perto de uma outra mulher linda e, aparentemente, descompromissada. Trata-se de Laura (Eva Mendes, de Motoqueiro Fantasma, 2007), que está trabalhando no mesmo escritório que ele. O contato entre os dois parece sugerir uma evidente ligação além dos termos profissionais. E a esposa não deixará barato. Assim que voltam para casa, uma discussão começa, terminando com cada um dormindo num ambiente diferente. Ele insiste que não há nada, mas a pulga foi solta. E isso é o suficiente.

Tudo piora no dia seguinte, quando ele parte para uma viagem de trabalho, acompanhado, é claro, da nova colega. Joanna fica sozinha, á convencida de que não tem com o que se preocupar. Mas neste dia distante do cônjuge ela reencontra Alex (Guillaume Canet, de A Praia, 2000), um antigo namorado com quem possui uma história mal resolvida. Ele vai atrás dela, e não a deixará abandonada durante todo o dia. Temos, portanto, uma situação bastante esquemática estabelecida: o casal original está separado, e cada um se encontra na companhia de uma outra pessoa que lhe atrai fortemente. Ele vê naquela nova mulher uma oportunidade de sexo. Ela vê naquele antigo homem uma chance de romance. Qual dos dois irá resistir e qual cederá às tentações? E em qual grau cada um se sentirá mais ou menos culpado no dia seguinte?

Apenas uma noite seria interessante se ficasse mais no campo das possibilidades do que como se apresenta, indo até os finalmente. Após uma noite de sono tudo muda, e nem mesmo os protagonistas da história se apresentam como eram ontem. A própria diretora e roteirista Massy Tadjedin parece mais preocupada em absolver cada um dos envolvidos do que deixá-los soltos, imersos em seus problemas e pelas situações que eles mesmos criaram. É como uma mãe superprotetora que não permite que seus filhos cresçam por si só. Tal atitude só reforça a carência, e neste caso esta se encontra nos dois lados da tela. Exibido em não mais do que somente 10 salas em todo os Estados Unidos, tendo arrecadado menos de US$ 100 mil nas bilheterias e recebido com frieza pela crítica especializada, é um filme que prometia muito – grandes astros, um tema polêmico – mas que entrega pouco. E mesmo assim, o que vem está por demais mastigado. Percebe-se que aqui ninguém é maduro o suficiente, estejam no campo da ficção ou da realidade.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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