Achados e Perdidos
Crítica
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Sinopse
Vieira (Antônio Fagundes) é um delegado aposentado que vive um caso com Magali (Zezé Polessa), uma prostituta. Quando Magali é encontrada morta em sua casa, amarrada nua à cama e com um saco de plástico na cabeça, Vieira logo é considerado pela polícia como o principal suspeito do crime. O próprio Vieira não sabe se cometeu o assassinato, pois no dia anterior estava embriagado e, com isso, não se lembra do que aconteceu. Em meio às suspeitas, Vieira se envolve com Flor (Juliana Knust), uma jovem prostituta que era também muito amiga de Magali, e passa a ser chantageado por um velho companheiro da polícia, que agora é político.
Crítica
Apesar de ser baseado no romance homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza (autor também do best seller Uma Janela Para Copacabana), Achados e Perdidos guarda pouca semelhança com a sua fonte original. Pra se ter uma idéia, até o personagem principal, o detetive Espinosa, é deixado de lado, abrindo espaço para um coadjuvante do livro, que aqui assume como protagonista: Vieira (Antonio Fagundes, muito bem), um policial aposentado que guarda um segredo no passado. Apesar de alguns méritos inegáveis da produção e do elenco, a obra como um todo melhor se encaixaria no ‘quase lá’: é quase boa, quase surpreendente, quase notável.
Vieira acorda em sua casa, após um porre homérico. Não tem lembranças de nada, do que aconteceu na noite anterior ou de como foi parar ali. As coisas pioram quando antigos colegas aparecem na porta do apartamento para perguntas. Aparentemente, ele é o principal suspeito de ter assassinado a prostituta Magali (Zezé Polessa, muito convincente, em cenas bastante ousadas). Acontece que os dois eram amantes, e lhe faltam motivos para tal crime. Enquanto é investigado, vai se envolvendo aos poucos com Flor (Juliana Knust, o ponto fraco do trio principal, deficiente nas cenas de maior intensidade dramática, comprometendo muito o resultado final), uma garota de programa iniciante, que era “protegida” de Magali e dividia apartamento com ela. Ambiciosa, a jovem parece decidida a substituir o lugar da ex-colega na boate e no coração de Vieira, um homem perdido e frustrado, que precisa descobrir a verdade, mesmo que essa signifique sua própria condenação.
Com um clima policial bem estruturado, Achados e Perdidos é um filme noir úmido, que se esgueira pelas ruas de um Rio de Janeiro sujo, fétido, violento e, apesar disso, um pouco artificial. Tudo é escuro, abafado, onde a ausência de luz provoca mais estranhamento do que proporciona familiaridade. Outro problema é o roteiro de Paulo Halm, que apesar de possuir elementos intrigantes, se desenvolve de modo confuso e equivocado, ao entregar a solução do mistério com muita antecedência. Qualquer espectador minimamente atento descobrirá o que está acontecendo antes dos próprios personagens – o que é fatal para qualquer enredo de suspense. A mão pesada do diretor José Joffily entrega um filme muito similar ao seu anterior, Dois Perdidos Numa Noite Suja: com bons intérpretes, destacados cuidados técnicos, porém sem alma, nem paixão. Uma obra fria, com dificuldade em se comunicar com o espectador.
Iniciativa interessante dentro do cinema nacional, Achados e Perdidos é um longa universal, que apesar do visual carioca poderia muito bem se passar em qualquer lugar do mundo. Apesar das deficiências de Knust, que estréia aqui no cinema, Fagundes e Polessa seguram bem o interesse, assim como coadjuvantes como Hugo Carvana, Flávio Bauraqui e Genézio de Barros. É um filme que cansa, principalmente na metade final, mas que possui atrativos suficientes para se justificar. Um trabalho que poderia ser muito mais, mas que ainda assim tem possibilidades para encontrar seu lugar.
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Posso concordar com algumas das observações do crítico, todavia, discordo, totalmente, da apreciação relativa à Juliana Knust, adorável só por estar na tela. As falhas do filme surgem em um contexto que, na maioria das vezes, é apresentado de forma competente. Fagundes valoriza, com efeito, seu papel. Frequentemente, lamento a ausência de Knust em quaisquer telas, salvo que eu não saiba.
Apesar de alguns deslizes no roteiro, gostei do filme, que ainda nos oferece de bônus o corpo escultural de Juliana Knust.