Aqui, os diretores assumem o compromisso de documentar uma das tantas histórias de resistência ao espetáculo que visa o lucro. Marcelo da Rosa Costa e Cacá Sena retratam um pouco da vida do artista gaúcho Antônio Carlos Sena. Obcecado pela magia da sétima arte e pela arte visual em todas as suas nuances, Sena fala sobre sua iniciação como projecionista de cinema e articulador de marionetes. Chama atenção durante o desenrolar do filme a impressionante pesquisa histórica, que inclui não apenas relatos do personagem retratado, como também recortes de jornais, imagens de arquivo e objetos da época citada. Em apenas 18 minutos, os dois realizadores convidam o espectador a uma viagem no tempo, oferecendo uma visão melancólica desse passado, porém não menos interessante. Por outro lado, sente-se um pouco a falta de um foco mais apurado, pois com tantos elementos interessantes sendo abordados em tão pouco tempo, talvez fosse o caso de um maior aprofundamento em um ou outro destes tópicos. Não que fosse o caso de uma mudança de formato, passando para um média ou longa-metragem, mas substituindo tanta informação geral por algo mais direcionado. No entanto, algo fica claro: tem-se aqui mais do que um breve acompanhamento da paixão de um homem. O documentário nos leva a refletir sobre o quanto amamos algo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.