Já diria a expressão que o céu não é o limite. E, no cinema, não é mesmo. A quantidade de filmes que se passam no espaço sideral é quase infinita. É claro que nem todos são dignos de nota, mas muitos são obras-primas que marcaram época e são lembrados até hoje entre os cinéfilos em maior e menor grau. Com o novo longa de Christopher Nolan, Interestelar, chegando aos cinemas nas próximas semanas com a promessa de se tornar um novo clássico do gênero, a equipe do Papo de Cinema resolveu verificar quais são os dez melhores filmes que se passam onde ninguém pode ouvir você gritar. Hmm, aliás, o longa que possui essa frase está listado aqui.  Será que o seu favorito também? Confira!

 

Viagem à Lua (Le Voyage Dans La Lune, 1902)
Nos primórdios do cinema, já viajamos para o espaço. Para ser mais exato, para a lua. O mago francês Georges Méliès pegou a invenção dos irmãos Lumière e a evoluiu, distanciando-se da ideia vigente em apenas filmar o cotidiano. Utilizando sua expertise ilusionista, Méliès criou os primeiros efeitos visuais e colocou o homem pela primeira vez para fora da Terra. Em Viagem à Lua, cientistas são enviados para o satélite impulsionados por um canhão gigantesco. Lá, se deparam com seres lunares que evaporam ao menor contato. Depois de tantos apuros, como voltar para o lar? Apenas pulando para fora da lua, chegando são e salvos na Terra. De ingenuidade cativante e efeitos impressionantes para a época, Viagem à Lua foi um sucesso e rendeu uma das imagens mais icônicas da era seminal do cinema, a lua com expressões humanas que tem seu olho incrustado por um foguete. Com pouco mais de 10 minutos de duração e disponível na internet, Viagem à Lua é um programa obrigatório para cinéfilos de plantão. – por Rodrigo de Oliveira

 

2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968)
Este não é mais um filme no espaço, é o filme no espaço. É assumidamente uma das maiores inspirações de Christopher Nolan e seu Interestelar. Porém, um outro filme que talvez resuma melhor a importância do filme dirigido por Stanley Kubrick a partir do livro de Arthur C. Clarke seja Toy Story (1995). Sim, a – também importantíssima – animação da Pixar. Trata-se, claro, da chegada de Buzz Lightyear (o homem do espaço) ao quarto de Andy (o imaginário popular) substituindo Woody e os temas country (os cowboys e os western). Que foi exatamente o que aconteceu no final de década de 1960, quando o gênero já perdia sua força e assuntos como a corrida espacial eram mais interessantes do que os antiquados pistoleiros duelando no deserto. 2001: Uma Odisseia no Espaço foi o grande passo inicial para esta subversão, além de apresentar grandes avanços na área de efeitos visuais e uma narrativa e linguagem até hoje estudadas, tendo gerado não apenas um, mas diversos momentos icônicos e amplamente reproduzidos. As ficções científicas espaciais viriam a fincar o pé mesmo apenas alguns anos depois com a série Star Wars – que curiosamente é um western no espaço -, mas a relevância desta obra-prima é incontestável. – por Yuri Correa

 

Alien: O Oitavo Passageiro (Alien, 1979)
Nostromo é um rebocador espacial, uma das inúmeras naves da frota que cruza o universo no ano de 2122 com intuitos de exploração, de colonização, etc. Depois que sua tripulação responde a um pedido de socorro, aportando num planeta desconhecido, o bicho começa a pegar feio, pois sobe a bordo uma forma de vida letal que se reproduz utilizando humanos como hospedeiros. Talvez o extraterrestre de Alien: O Oitavo Passageiro, este que é um dos mais claustrofóbicos e angustiantes filmes ambientados no espaço sideral, seja mesmo a criatura que melhor incorpore enquanto personagem de cinema o medo que muitos têm de uma possível hostilidade não terráquea. O espaço diminuto da Nostromo, combinado com a voracidade do mostro e a incapacidade humana de lidar com essa força desconhecida (além do desamparo das autoridades, elas que estão pouco se lixando para os tripulantes), são alguns dos elementos que, habilmente modelados pelo diretor Ridley Scott, fazem de Alien: O Oitavo Passageiro um clássico calcado no terror que se instaura por conta de uma situação extrema de desdobramentos imprevisíveis.  – por Marcelo Müller

 

Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca (Star Wars: Episode V – The Empire Strikes Back, 1980)
Tudo bem que a guerra nas estrelas começou em 1977 com o quarto episódio, Uma Nova Esperança, mas a opinião sobre o melhor filme da série é quase unânime quando O Império Contra-Ataca é mencionado. George Lucas é campeão de megalomanias em suas produções, porém é inegável que neste episódio em específico o nível de profundidade foi o mais elevado de toda a saga. Não só pela descoberta das ligações familiares entre Luke Skywalker e Darth Vader e a mão decepada do protagonista. Todos os principais personagens da Aliança Rebelde tem não apenas seu destaque como também suas tramas melhor esmiuçadas, revelando novas camadas e ideias que pipocariam nos filmes produzidos a seguir, sejam os da “nova velha trilogia” ou no desfecho com O Retorno de Jedi (1983). Além de tudo, ação quase ininterrupta com uma das trilhas mais clássicas de todos os tempos. Programão que vai para outros públicos além dos nerds (como eu) de plantão. – por Matheus Bonez

 

Os Eleitos: Onde o Futuro Começa (The Right Stuff, 1983)
Baseado no romance de Tom Wolfe, um dos mais aclamados escritores norte-americanos contemporâneos, este filme escrito e dirigido por Philip Kaufman tem o mérito de ser um dos primeiros a explorar de forma séria a corrida espacial deflagrada a partir da conquista da Lua em meados da segunda metade do século XX. A história verídica do grupo que formou a missão Mercury, com a seleção de cada um destes astronautas, seus históricos e desafios até enfrentarem a fronteira final jamais alcançada por nenhum outro ser humano antes, é composta por cenas belíssimas, um ritmo muito próprio e um cuidado técnico exemplar. Contando com nomes de destaque, como Dennis Quaid, Sam Shepard, Scott Glenn e Ed Harris à frente do elenco, o filme não só fez bonito junto ao público, mostrando que a vastidão sideral pode ser palco também de dramas intensos e sensíveis, deixando a fantasia e os exageros da imaginação de lado, como também conquistou a crítica: foram quatro Oscars conquistados e outras quatro indicações, entre elas a Melhor Filme do ano. – por Robledo Milani

 

 

O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990)
Como todo filme de Paul Verhoeven, O Vingador do Futuro é repleto de observações contundentes a respeito das engrenagens que movem a nossa sociedade, mas pode perfeitamente passar por entretenimento escapista, caso o espectador não esteja disposto a ir fundo nos subtextos.  Na trama, o operário Douglas “Doug” Quaid (Arnold Schwarzenegger), sem grana para fazer uma viagem a Marte, se submete a um implante de memória, artifício mais barato que promete lhe dar a sensação de ter ido, de fato, ao planeta vermelho. Alguma coisa dá errado, e ele começa a lembrar de quem realmente é, ou foi. Em Marte, se alia a um grupo de revolucionários, seus velhos companheiros de luta contra a opressão de uma corporação que busca dominar o planeta e, posteriormente, as reservas de minério da Terra. Muita gente recorda de O Vingador do Futuro pelos então inovadores efeitos especiais, mas o que realmente importa ali, o que o faz ser ainda atual (e, por conseguinte, invalida a necessidade do remake estrelado por Colin Farrell em 2012), é sua encenação repleta de violência gráfica e o discurso favorável à insurreição contra qualquer força que almeje subjugar a coletividade em prol de seus interesses particulares.  – por Marcelo Müller

 

 

Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo (Apollo 13, 1995)
O sonho de pisar na lua já havia sido realizado por Neil Armstrong durante a missão da Apollo 11. Foi um “pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade” como eloquentemente disse o astronauta. Meses depois, a Apollo 12 foi enviada e mais estudos realizados a respeito da lua. Longe de se darem por satisfeitos com aquelas viagens bem sucedidas ao solo lunar, os chefões da NASA resolveram mandar outra tripulação para o espaço. Infelizmente, para os astronautas Jimmy Lovell, Jack Swigert e Fred Haise, a missão não se deu como imaginavam. E é esta história que Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo (1995) reconta. Com direção de Ron Howard e com um elenco de peso capitaneado por Tom Hanks, Kevin Bacon e Ed Harris, o longa-metragem consegue transmitir de forma primorosa toda a tensão que aqueles astronautas viveram durante sua mal sucedida viagem à lua. Efeitos visuais de ponta e ótimo andamento da trama garantem um programa de primeira para quem é fã de histórias espaciais. – por Rodrigo de Oliveira

 

Wall-E (2008)
Quem diria que um desenho animado seria capaz de tamanha beleza e profundidade? Talvez a mais filosófica de todas as produções já realizadas pela casa de Mickey Mouse, o longa dirigido por Andrew Stanton (oscarizado por Procurando Nemo, 2003) e escrito por Pete Docter (oscarizado por Up: Altas Aventuras, 2009) é, muito provavelmente, o mais simples, e talvez por isso mesmo também o mais ambicioso, de todos os longas com o selo Pixar e Disney! Audacioso desde os instantes iniciais – levam-se minutos em pleno silêncio até que surja o primeiro diálogo em cena – e com uma técnica de animação primorosa, que reproduz com primor cenários reais, a saga do robozinho limpador de lixo obstinado que é possível reabitar o planeta Terra e, com isso, tirar os seres humanos de um estado de total abnegação e inércia, é nunca menos do que emocionante. Como resultado de tamanho esforço, ganhou o Oscar e somou mais de US$ 500 milhões nas bilheterias de todo o mundo, um desempenho absolutamente merecido! – por Robledo Milani

 

Lunar (Moon, 2009)
Filho do grande David Bowie (cara que dispensa apresentações), Duncan Jones estreou no cinema surpreendendo ao dirigir este Lunar. Acompanhando o astronauta Sam Bell (Sam Rockwell), a história mostra a missão solitária dele na lua, que está próxima de chegar ao fim para que ele possa finalmente voltar para casa. Mas tudo se complica quando ele sofre um acidente e descobre que a missão envolve muito mais do que pensava. Lunar parte disso para montar uma narrativa calma e instigante em suas ideias, fazendo no processo algumas referências a outras produções de ficção científica (o computador GERTY dublado por Kevin Spacey, por exemplo, lembra claramente o HAL 9000 de 2001: Uma Odisseia no Espaço). Mas o filme é quase um “show de um homem só”, com o subestimado Sam Rockwell tendo uma atuação digna de prêmios ao encarnar Sam Bell com uma sensibilidade tocante, passando para o público toda a solidão, a ansiedade e os medos que o personagem sente em meio ao espaço claustrofóbico no qual se encontra. Lunar é uma das ficções científicas mais admiráveis dos últimos anos, e deixou claro que Duncan Jones é um nome que merece atenção. – por Thomás Boeira

 

Gravidade (Gravity, 2013)
Alfonso Cuarón merece um altar após exibir seu Gravidade para o mundo. Tudo bem, pode parecer exagero, mas o longa estrelado por Sandra Bullock consegue ir muito além da metáfora existencialista sobre renascimento físico, emocional e até espiritual. Ao utilizar como mote um acidente espacial em que a protagonista, que já sofre o trauma de ter perdido a filha, precisa encontrar meios para sobreviver totalmente sozinha na imensidão da órbita da Terra, o cineasta mexicano presenteia o espectador com um dos melhores filmes de ficção científica já produzidos na história. Não é pouca coisa ou apenas mais uma produção superestimada. Assim como Gravidade tem seus adoradores, há também os detratores que não querem nem ouvir falar no longa. Porém, eles não são muitos e, mesmo que o sejam, a maioria sabe reconhecer a qualidade técnica aliada à narrativa intimista e profunda que poucas produções ousaram (e tiveram sucesso) em ter nos últimos 30 anos. Já entrou para a história. – por Matheus Bonez

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