INDICADOS:

 

A categoria Melhor Trilha Sonora tende a ser uma das mais polêmicas do Oscar, isso antes mesmo que sejam conhecidos os indicados. Tudo por conta de uma regra muito controversa, a exigência de que as músicas (todas elas) sejam originais. Portanto, qualquer produção com canções não inéditas está previamente desclassificada. Este ano, o compositor francês Alexandre Desplat recebeu suas sexta e sétima indicações ao Oscar, respectivamente por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação. Outro veterano, Hans Zimmer, alemão lembrado pela Academia em nove ocasiões anteriores e vencedor em 1995 por O Rei Leão (1994), é um dos únicos competidores de Interestelar na cerimônia. Já o inglês Gary Yershon, responsável pela trilha de Sr. Turner, e o islandês Jóhann Jóhannsson, premiado recentemente no Globo de Ouro por A Teoria de Tudo, são os estreantes da vez, nunca haviam sido lembrados pela Academia até então.

 


FAVORITO:
O estreante Jóhann Jóhannsson é o favorito para levar a estatueta, condição ressaltada pela recente vitória no Globo de Ouro. O trabalho de Jóhannsson é realmente muito bom, principalmente no que diz respeito ao embalo sutil, no mais das vezes, das cenas conduzidas com mão pesada pelo diretor James Marsh. Embora não seja uma grande trilha, isso, o esforço para evitar (até onde é possível) endossar sonoramente demasiado o lacrimoso, o edificante e o piegas (características às vezes dominantes no filme), mostra um interessante aspecto criativo que não deve passar despercebido pelos votantes.


TORCIDA:
Minha torcida vai para o outro novato, Gary Yershon, que já havia trabalhado com Mike Leigh em seu penúltimo filme, Mais Um Ano (2010), e que em Sr. Turner mostra novamente sua capacidade de compor músicas tão essenciais à criação da atmosfera quanto discretas por seu caráter não intrusivo. As canções surgem exatamente como molduras, ou seja, fazendo parte do ornamento cinematográfico, não pleiteando o protagonismo da cena. Nada de solos grandiosos ou momentos nos quais pretende sobrepujar a importância da imagem, da dramaturgia, ao contrário, pois caminha de mãos dadas com estes e os demais elementos.


AZARÃO:
Alexandre Desplat pode surpreender, sobretudo pela trilha de O Grande Hotel Budapeste.  Não seria de todo estranho ver o francês subir ao palco para buscar sua primeira estatueta, boa parte por conta de seu histórico junto à Academia, mas também por conta da funcionalidade de suas composições para o estabelecimento do clima singular do mais recente filme de Wes Anderson.

 

ESQUECIDO: O diretor Alejandro González Iñárritu ficou indignado, não sem razão, pela desclassificação da trilha sonora de seu filme, Birdman, como possível candidata ao Oscar, em virtude dos critérios mencionados no parágrafo de abertura. A composição, a cargo do músico Antonio Sanchez, é feita apenas pelo som da bateria, no geral, com esparsos acompanhamentos orquestrais. Contudo, o comitê musical da Academia sentenciou: “Trilhas diluídas pelo uso de temas pré-existentes, diminuídas em impacto pelo predominante uso de canções, ou assinadas por mais de um compositor não serão elegíveis”. Uma pena, pois certamente é uma das grandes trilhas da temporada e poderia muito bem entrar na briga, aliás, com favoritismo.

 

Confira todos os indicados e as chances de vitória de cada um no nosso Especial Oscar 2015

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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