INDICADOS:

 

Se na premiação do Producers Guild of America houve um empate pela primeira vez em sua história – e esse resultado costuma ser um dos mais fortes indicativos ao Oscar – os votantes do Directors Guild of America – o Sindicato dos Diretores – foram mais objetivos e escolheram aquele que tem se revelado a aposta mais segura de 2014. Essa categoria apresenta neste ano cinco nomes muito fortes, com dois antigos vencedores (no entanto, um como Diretor e o outro como Roteirista), dois previamente indicados e apenas um estreante, justamente aquele que é responsável por um dos filmes mais badalados do ano. Ao todo, os selecionados deste ano somam mais de 30 indicações em seus currículos, enquanto que seus filmes acumulam um total de 40 citações na festa deste ano! Um páreo bastante complicado, em que por mais fortes que sejam as apostas até o momento, tudo pode acontecer até a abertura do envelope!

 

Favorito: Alfonso Cuarón já deve estar se sentindo com um das mãos na estatueta dourada mais cobiçada do mundo do cinema. Após ter sido premiado no DGA Awards, no Globo de Ouro, no Critics Choice e pelos críticos Online, de Austin, Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Kansas, Los Angeles, Phoenix, San Diego, São Francisco, Toronto e Washington, o cineasta mexicano é o mais provável a sair vencedor neste ano, num resultado justo e merecido. O que ele consegue em Gravidade é impressionante, algo que muitos acreditavam ser impossível (David Fincher, ao ler o roteiro, teria afirmado “ótima história… aguarde mais uma década, no mínimo, e você terá um grande filme”). E depois de um ano em que o Melhor Filme nem teve seu diretor indicado (Argo, de Ben Affleck, em 2013), será muito bom ver esse reconhecimento duplo e mais do que aguardado!

 

Torcida: Martin Scorsese é aquela vontade do coração. O cineasta norte-americano chega a sua décima segunda indicação – a oitava nesta categoria – tendo ganho apenas uma vez em mais de quarenta anos de carreira – uma tremenda injustiça! E o melhor é que ele continua no domínio completo do seu talento, entregando filmes relevantes e pertinentes como O Lobo de Wall Street, que certamente é um dos seus melhores trabalhos. Apesar de ter sido indicado a quase todas as premiações deste ano, não foi reconhecido em nenhuma, e suas chances de vitória no Oscar são quase nulas. No entanto, caso acontecesse, seria uma grande e memorável surpresa.

 

Azarão: Steve McQueen é o queridinho da vez, e se alguém for tirar o Oscar das mãos de Cuarón, esse é o homem. Russell é mais reconhecido por sua habilidade com os atores – foi premiado como Melhor Elenco no SAG – enquanto que Payne é um grande roteirista, e sua presença aqui é quase um deslize, tendo ocupado o lugar de gente muito mais merecedora (veja abaixo). Sobra, então, McQueen, premiado pelos críticos de Boston, Florida, Kansas, Las Vegas, Nova York, Southeastern, Vancouver e de Chicago, além de estar no comando de um dos filmes mais aplaudidos do ano, que fala de questões muito caras ao povo norte-americano – a escravidão e o respeito às diferenças raciais. Pode-se dizer que ele é mais do que um ‘azarão’, e sim o segundo lugar que pode – mesmo que seja contra a nossa vontade – estragar a festa.

 

Esquecido: Paul Greengrass de fora do Oscar? Como assim? Depois de ter sido indicado em 2007 pelo pouco visto Vôo United 93 (era o ‘estranho no ninho’ daquele ano, o único cujo filme não concorria na categoria principal), ele ficou de fora pelo excelente e intenso Capitão Phillips, trabalho que lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro, ao BAFTA, ao Australian Film Institute, ao Critics Choice, ao DGA Awards, ao Satellite e aos críticos de Londres e Phoenix. Tendo um cenário restrito para situar sua ação na maior parte do tempo – o interior de um barco de salvamento – e contando com bons e talentosos atores, ainda assim o diretor conseguiu a proeza de superar essas limitações e fazer de sua obra um conto de humanidade e superação, de fácil acesso a qualquer tipo de espectador e dono de múltiplas camadas de leitura. Algo que, certamente, não pode ser dito de todos os finalistas oficiais deste ano.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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