21 fev

Oscar 2013: Melhor Documentário

INDICADOS:

  • Cinco Câmeras Quebradas (5 Broken Cameras, Palestina/Israel/França/Holanda, 2011), de Emad Burnat e Guy Davidi
  • The Gatekeepers (Israel/França/Alemanha/Bélgica, 2012), de Dror Moreh
  • How to Survive a Plague (EUA, 2012), de David France
  • The Invisible War (EUA, 2012), de Kirby Dick
  • Searching for Sugar Man (Suécia/Inglaterra, 2012), de Malik Bendjelloul

 

A categoria de Melhor Documentário consiste numa das premiações mais curiosas do cinema norte-americano. Afinal, trata-se de um longa-metragem como qualquer outro, e, portanto, estaria – ao menos em tese – apto a concorrer em qualquer outra categoria, inclusive a Melhor Filme – este caso específico, no entanto, nunca aconteceu. O cinema documental cada vez cresce e se populariza – principalmente com o acesso facilitado às câmeras digitais – mas ainda permanece como se fosse um ‘bicho de sete cabeças’. Neste ano temos apenas um outro título do gênero concorrendo além deste ‘feudo’: o ambiental Chasing Ice, que foi indicado à Melhor Canção. A vez que o Brasil chegou mais perto foi com Ônibus 174, de José Padilha, que foi pré-selecionado pela Academia e indicado ao Directors Guild of America, mas na reta final acabou ficando de fora. Outro documentário que chamou bastante atenção foi Fahrenheit 11 de Setembro (2004), de Michael Moore, que não pode ser indicado nesta categoria por ter sido exibido na televisão antes da premiação – algo proibido de acordo com as regras da Academia – mas que muitos acreditavam que deveria ter concorrido ao prêmio principal, de Melhor Filme. Cineastas consagrados, como Spike Lee (por 4 Little Girls, 1997) e Wim Wenders (por Buena Vista Social Club, 1999, e por Pina, 2011), também foram indicados como documentaristas, porém sem um resultado positivo.

Neste ano, entre os cinco indicados, temos apenas duas produções norte-americanas, o que pode indicar um leve favoritismo para estes representantes. Há, no entanto, dois longas co-produzidos por Israel em conjunto com países europeus, além de um representante inglês já vencedor do BAFTA. A disputa será apertada, e qualquer resultado poderá ser considerado uma surpresa.

 

Favorito: Searching for Sugar Man é aposta mais garantida, principalmente por ser um olhar carinhoso sobre uma personalidade artística misteriosa e admirada. É um daqueles filmes que deixa o espectador com um grande sorriso no rosto, mais pelo que retrata do que pela forma como o faz. Ganhou o BAFTA (o Oscar inglês, que pode não pesar tanto nos Estados Unidos), mas levou também o prêmio do Broadcast Film Critics Association e o do National Board of Review, dois conglomerados da crítica americana. Sua carreira vitoriosa começou no início do ano passado, quando recebeu dois prêmios – do público e do júri oficial – no Festival de Sundance.

 

Torcida: How to Survive a Plague é um importante trabalho que indica como os esforços de diferentes grupos de ativistas norte-americanos estão mudando – e melhorando – o combate à AIDS, revelando o avanço nas pesquisas médicas e as novas condições de vidas dos afetados pela síndrome. Ganhou os prêmios dos críticos de Boston, Central Ohio e New York, além de ter sido indicado ao Independent Spirit Award. Resta, no entanto, torcer para que uma eventual vitória o leve ainda mais longe.

 

Azarão: Cinco Câmeras Quebradas, que retrata o estilo de vida de um fazendeiro palestino e sua resistência não-violenta contra o exército israelense, é o único destes títulos já com distribuição garantida no Brasil. Ganhou o prêmio de direção em documentário no Festival de Sundance, além de ter sido escolhido como Melhor Documentário Israelense no Festival de Cinema de Jerusalém, o que de fato deve pesar muito pouco entre os votantes do Oscar. É o menos conhecido, e sua vitória será uma grande surpresa.

 

Esquecido: Bullying (Bully, EUA, 2011) é uma das raras produções estrangeiras deste perfil que chegaram a ser exibidas comercialmente no Brasil. Seu forte protesto contra às agressões à jovens e crianças no sistema estudantil norte-americano e a falta de eficácia das ações dos pais e professores para impedirem estes ataques merecia este reconhecimento. Foi indicado como um dos melhores trabalhos do gênero no Critics Choice Awards, além de ter sido premiado pelos críticos de Washington e de Las Vegas.

 

As análises dos indicados nas demais categorias você confere no Especial Oscar 2013!

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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