Cantora, atriz, diretora, produtora, roteirista. Mas, antes de mais nada, uma das maiores divas do universo pop hollywoodiano surgidas na segunda metade do século XX – e que segue na ativa até hoje! Nascida no dia 20 de maio, Cher – apelido através do qual o mundo se acostumou a chamar a californiana Cheryl Sarkisian – estreou no cinema há quase 50 anos, na comédia Good Times (1967), já sendo dirigida por um mestre: William Friedkin. Desde então, no entanto, participou de um total de apenas 15 longas-metragens – sendo que em três ela interpretou a si própria e num participa apenas como dubladora! Ou seja, temos somente uma dezena de trabalhos reais de ficção, um número muito reduzido, mas suficiente para lhe garantir um Oscar, dois Globos de Ouro, prêmios na França e na Itália e uma merecida estrela na Calçada da Fama em Los Angeles, num montante de 26 premiações e outras 32 indicações! E ainda que hoje ela pareça resignada mais com seu status de celebridade – como visto no seu último trabalho de destaque nas telas, o musical autorreferente Burlesque (2010) – é inegável seu talento. E na semana do seu aniversário, nós apontamos seus cinco filme imprescindíveis, além de um que merece uma segunda chance. Confira!

 

Silkwood: O Retrato de uma Coragem (Silkwood, 1983)
Vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar como coadjuvante, Cher é um dos maiores atrativos deste filme dirigido por Mike Nichols. Baseado em fatos reais, a trama apresenta a história de uma mulher comum, dedicada em sua profissão como metalúrgica numa usina de plutônio, que promove a ira de seus superiores quando expõe as constantes violações de segurança da fábrica. Ao lado de Meryl Streep, Cher apresenta uma personificação despida de qualquer glamour e distante da caricatura de uma lésbica dividida entre sua complexa vida amorosa e as agruras enfrentadas diariamente em seu trabalho; afinal, trata-se de uma mulher homossexual num meio essencialmente masculino, que se rebela com outros funcionários contra uma poderosa corporação. Roteirizado por Nora Ephron e Alice Arlen, cada momento do enredo é pautado numa tensão crescente. Assim como Streep e Kurt Russell, Cher entrega uma interpretação marcante, das mais singulares entre sua interessante carreira cinematográfica. Especialistas em retratarem personalidades fortes e preencherem suas personificações com múltiplas nuances, Cher e Meryl fizeram escola e influenciaram outras atrizes com suas interpretações, como Julia Roberts em Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento (2000) e Charlize Theron em Terra Fria (2005). – por Conrado Heoli

 

Marcas do Destino (Mask, 1985)
Após passar os anos 1970 investindo em sua carreira como cantora – e na sua parceria com o então companheiro Sonny Bono – Cher começou a década seguinte decidida a mostrar ao mundo seu talento também como atriz. E depois de trabalhar com diretores conceituados como Robert Altman e Mike Nichols, ela se aproximou de outro nome respeitado – o cineasta Peter Bogdanovich – para levar às telas a história real de Rocky Dennis, um garoto que sofria de uma doença congênita que deixava seu crânio completamente deformado. Cher aparece como Florence ‘Rusty’ Dennis, a mãe do rapaz que nunca aceitou esse revés do destino como sinal de derrota e lutou até o último minuto para que o filho tivesse a vida mais normal possível. Ainda que tenha brigado constantemente no set com o realizador – que a considerava ‘difícil e inexperiente’ – o resultado foi um dos maiores sucessos da carreira de ambos, tendo sido premiado com o Oscar de Melhor Maquiagem, além de ter gerado para a protagonista uma indicação ao Globo de Ouro como Melhor Atriz em Drama e uma cobiçada láurea de Melhor Atriz no prestigioso Festival de Cannes. Esforços mais do que recompensados, sem sombra de dúvidas! – por Robledo Milani

 

Feitiço da Lua (Moonstruck, 1987)
Apesar do sucesso que sempre fez, Cher só veio a se firmar como atriz no cinema na década de 1980, quando participou de filmes de destaque como Silkwood, Marcas do Destino e As Bruxas de Eastwick. E se esses já são títulos admiráveis em sua filmografia, este aqui provavelmente é seu grande auge. Como protagonista, dá vida à carismática Loretta Castorini, uma viúva que aceita dar uma nova chance ao matrimônio, concordando em se casar com seu atual namorado, Johnny Cammareri (Danny Aiello). Mas ela não esperava que o irmão mais novo dele, Ronny (Nicolas Cage), entraria em sua vida e mexeria com seu coração. É uma comédia romântica, mas daquelas que não buscam ficar presas à fórmulas e convenções, tendo boas sacadas ao longo da história e divertindo com seus personagens. Encarnando Loretta com segurança, Cher mostra carisma e energia admiráveis, contribuindo para a personalidade forte da personagem, e sua dinâmica com Cage surge como um dos pontos mais divertidos do filme. Com o talento mostrado aqui, Cher acabou levando para casa o Oscar de Melhor Atriz, o único em sua prateleira. – por Thomas Boeira

 

As Bruxas de Eastwick (The Witches of Eastwick, 1987)
O demônio tem várias faces. E Jack Nicholson faz uma divertida versão desta força do mal nesta produção dirigida por George Miller e estrelada por três das mais belas atrizes em atividade em Hollywood no final da década de 1980: Cher, Michelle Pfeiffer e Susan Sarandon. Amigas inseparáveis, as três não imaginavam que, na verdade, eram poderosas bruxas. Ao conjurar um homem perfeito durante um período de solteirice, as feiticeiras chamam a atenção do misterioso Daryl (Nicholson), que abalará as estruturas de Eastwick e, claro, daquelas mulheres. O filme ganha muitos pontos pela boa química entre o trio principal e pelo charme diabólico de Nicholson. Cher é destaque, vivendo a escultora Alexandra – e uma das cenas mais memoráveis é sua reação frenética ao perceber que sua cama está cheia de serpentes, um presente de grego de Daryl, trabalhando o medo de cada uma das suas namoradas. Curiosamente, Cher foi convidada para interpretar o papel que acabou nas mãos de Susan Sarandon, mas preferiu viver Alex (personagem que, por pouco, não foi vivida por Anjelica Huston). Sucesso na época, baseado no livro de John Updike, o filme foi indicado a dois Oscars, mas não levou nenhum. – por Rodrigo de Oliveira

 

Minha Mãe é uma Sereia (Mermaids, 1990)
Clássico da Sessão da Tarde, este filme tem como maior mérito contar com o encanto inegável de Cher em cena. Interpretando a excêntrica Sra. Flax, uma mãe solteira de duas garotas, ela, após mais um relacionamento falho, decide se mudar com a família para recomeçar. Sua filha mais velha, Charlotte (Winona Ryder) está decidida a virar uma freira, apesar de ser judia. A mais nova, Kate (Christina Ricci), está decidida a ser a maior e melhor nadadora do mundo. As três, apesar de suas peculiaridades e identidades fortes, mais do que nunca precisarão aprender sobre o seu próprio convívio. Decidida a se focar na criação de suas filhas, o que Sra. Flax não esperava se apaixonar por um empregado da igreja local, o quieto Lou (Bob Hoskins). Baseado no livro de Patty Dan, a história é ambientada em 1963, época do assassinato de J. F. Kennedy, e ainda traz uma deliciosa canção de Cher, uma regravação de “The Shoop Shoop Song (It’s in His Kiss)”, lançada no mesmo ano em que a história foi ambientada. – por Renato Cabral

 

+1

 

Chá com Mussolini (Tea with Mussolini, 1999)
A Segunda Guerra Mundial já foi adaptada de várias formas para o cinema. Este exemplar do italiano Franco Zeffirelli pode ser um dos mais leves, mas nem por isso menos artístico ou relevante. Pelo contrário, é uma visão interessante e pouco conhecida ao colocar o foco em um grupo de senhoras inglesas (em sua maioria) que vivem em Florença na época que Benito Mussolini estava no poder e, consequentemente, seu fascismo no auge. Neste meio tempo, elas pedem o chá do título com o ditador, solicitando uma trégua entre os ingleses e os italianos, lados opostos no conflito. O pedido não é cumprido, e elas acabam sendo obrigadas a se refugiar em um local onde a vida de luxo não lhes pertence mais. Entre várias damas do cinema, Cher vive a norte-americana classuda e enérgica que pouco lembra a cantora performática e exótica recheada de adornos ao qual o público está tão acostumado. Peça importante do filme, sua personagem é de uma humanidade ímpar, o que reflete não apenas o talento, mas a própria personalidade da artista por baixo de toda sua mitologia. Um trabalho poderoso que merece mais atenção do que a que teve na época de seu lançamento. – por Matheus Bonez

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