Ela foi uma das panteras do Charlie, uma professora desbocada, uma princesa ogra (ou ogra princesa?) e até fez sexo com um carro. A versatilidade e excentricidade sempre permearam a carreira de Cameron Diaz, talvez uma das atrizes mais subestimadas pela crítica mundial. Loira, linda, talentosa, inteligente e com um sorriso incrível, a intérprete não tem medo de investir em comédias que usem e abusem de seu carisma, assim como se joga em projetos independentes nos quais sua beleza pouco importa. Talvez por seu desprendimento ela não seja tão levada a sério, o que é uma grande injustiça. E vamos combinar que 31 prêmios e 78 indicações (sendo quatro ao Globo de Ouro e outras seis, infelizmente, ao Framboesa) não é um número para qualquer um. No dia 30 de agosto, Diaz completa mais um aniversário. É claro que o Papo de Cinema aproveita a oportunidade para lembrar de cinco grandes trabalhos no cinema e mais um especial, a sua estreia, que a fez brilhar para os espectadores. Confira!

 

 

Quem Vai Ficar Com Mary? (There’s Something About Mary, 1998)
Quem conhece a filmografia dos irmãos Farrelly sabe que uma comédia romântica deles não segue o estilo água com açúcar. Seu humor politicamente incorreto não permite que isso ocorra, justamente um dos pontos fortes desta produção. No filme, Ben Stiller vive Ted, que nos tempos de colégio se apaixonou perdidamente por Mary (Cameron Diaz), garota que seria sua companheira no baile de formatura caso ele não tivesse sofrido um “pequeno acidente” envolvendo braguilhas. Anos depois, Ted ainda está apaixonado por Mary e contrata o detetive Pat (Matt Dillon) para encontra-la, apenas para este também se juntar à agora longa fila de pretendentes da moça. Como o próprio título indica, o filme é uma pequena corrida pelo coração de Mary, disputada por homens imaturos e obcecados, que parecem se recusar a crescer enquanto não terem a amada ao seu lado, algo que os Farrelly conseguem fazer com que seja muito divertido, especialmente por render cenas impagáveis (o uso de um determinado “gel” é um exemplo disso). Interpretando a figura mais adulta da história, Cameron Diaz surge carismática e com um ótimo senso de humor, fazendo de Mary uma personagem realmente bacana e nos fazendo compreender o encantamento de todos por ela. – por Thomás Boeira

 

Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999)
Após estourar para a fama em O Máskara (1994), Cameron Diaz alternou produções independentes com outras de maior sucesso na tentativa de abandonar seu passado como modelo e se firmar como atriz. Mas ainda que tenha aparecido sob a batuta de cineastas como Ed Burns, Danny Boyle e Terry Gilliam, foi somente ao aceitar o convite de Spike Jonze que o público – e a crítica – passou a percebê-la com outros olhos. De cabelos desgrenhados e visual desleixado, ela é Lotte Schwartz, esposa do igualmente humilde Craig (John Cusack), um homem infeliz que encontra sua grande chance ao descobrir uma porta que dá acesso, literalmente, ao cérebro do astro John Malkovich. Tal ideia absurda só poderia ter se tornado realidade uma vez concebida pelo genial Charlie Kaufman, e se o roteiro atrai pelo inusitado, é o excelente trabalho do trio de protagonistas – além deles, Catherine Keener também oferece uma performance de destaque – que mantém o espectador atento durante toda a história. Dos três, foi a presença de Diaz que mais despertou curiosidade, atenção essa justificada em cena – e reconhecida com indicações ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao prêmio do Sindicato dos Atores. – por

 

Um Domingo Qualquer (Any Given Sunday, 1999)
Cameron Diaz pode ter sido subestimada em seus primeiros anos como atriz (na verdade, até hoje por alguns), mas antes da virada do século seu trabalho com grandes cineastas já alcançava novos patamares. Dirigida por Oliver Stone, aqui ela é a nova e rígida presidente do Miami Sharks, time de futebol americano que está entrando em decadência porque seu astro (Dennis Quaid) está lesionado e fora de cena. Ela bate de frente com Tony D’Amato (Al Pacino), treinador que pensa em salvar a equipe com a revelação Willie Beamen (Jamie Foxx), uma promessa que logo se torna problemática quando o sucesso sobe à cabeça. Stone promove uma guerra de bastidores entre o velho e o novo, a prática antiga e a modernidade, do esporte como uma grande corporação gerada pelo lucro. Um duelo de titãs, especialmente no antagonismo entre os protagonistas. E se alguém pensava que Diaz não podia peitar Pacino no mesmo patamar, está muito enganado. Enquanto o ator repete o seu “mais do mesmo” (que já é ótimo por natureza), a bela apresenta uma faceta inédita de arrogância e prepotência, mas na medida, não menos humana em suas proporções. Um belíssimo trabalho que merecia mais destaque na época. Uma pena que o filme (quase) passou batido. – por

 

Gangues de Nova York (Gangs of New York, 2002)
Embora a beleza de Cameron Diaz seja um atributo sobressalente, não é só às curvas, aos olhos claros e ao olhar sedutor que a atriz deve a já extensa carreira no cinema. Seu trabalho é plural, vai dos filmes-bobagem a projetos mais relevantes artisticamente, justo como este longa de Martin Scorsese . Num entorno essencialmente masculino, em que a violência febril e contagiosa irrompe entre os homens para mostrar a selvageria que manchou de vermelho-sangue o solo dos Estados Unidos no começo do século passado, a personagem de Diaz surge como contraponto feminino, ainda que isso não signifique a aderência dela ao estereótipo do sexo frágil. Aliás, Cameron Diaz não se enquadra muito nesse perfil, o da fêmea em perigo à espera de alguém que lhe salve a pele. Suas mulheres tendem à independência, a não contentar-se com a coadjuvância social. A colaboração com um diretor de renome como Scorsese reforça a busca da atriz por papeis que lhe permitam sair da zona de conforto, que a deixem explorar outras possibilidades que não as atreladas ao corpo, à sensualidade que a alavancou, mas que não se tornou desculpa para ela repetir-se como intérprete. – por Marcelo Müller

 

Em Seu Lugar (In Her Shoes, 2005)
Baseado no livro de Jennifer Weiner, Em Seu Lugar conta a história de duas irmãs: a exageradamente correta Rose (Toni Collette) e a instável Maggie (Diaz). A união de ambas se tornou ainda mais forte com o falecimento da mãe quando pequenas. Rose sempre acaba limpando os estragos que Maggie vai deixando pelo caminho com sua completa inabilidade de ser adulta e responsável. A relação de ambas atinge um ponto crucial quando Rose descobre que sua irmã dormiu com o seu chefe (que também é sua paixão platônica). Maggie é despejada pela irmã e acaba indo morar com a avó recém-descoberta em um retiro de idosos na Flórida, ao passo que a carreira de advogada começa a entrar em declínio. Dirigido por Curtis Hanson, a produção traz uma Cameron Diaz ainda mais madura quanto a sua performance. Segura e sensível como a instável Maggie, conforme a personagem vai crescendo em suas vivências e tomando responsabilidades para si, Diaz cria um contraponto sutil em sua atuação sem exagerar na dose e nem transformar sua Maggie em vítima ou uma completa dissimulada. Sem indicações a premiações por esse papel, certamente é um dos que merece uma melhor atenção por parte de quem aprecia do trabalho da atriz. – por

 

+1

O Máskara (The Mask, 1994)
Em 1994, o nome de Jim Carrey explodiu nos cinemas com três filmes consecutivos de sucesso astronômico. Dentre estas produções, O Máskara destacou-se pelos efeitos visuais de primeira, pela bela transposição dos quadrinhos para a telona, pelo humor histriônico do seu astro principal e, claro, pela revelação que foi a participação da belíssima Cameron Diaz como o interesse amoroso do anti-herói. Este foi o primeiro longa-metragem da ex-modelo, que já estreou em uma grande produção de Hollywood. Mas não foi nada fácil ela conseguir o papel. Ela reprisou o teste doze vezes e o personagem quase acabou nas mãos de Anna Nicole Smith. Uma semana antes do início das filmagens, Diaz foi escolhida. Estonteante como a cantora de boate Tina Carlyle, a atriz tem uma performance contida, mas correta. Quem precisa ser extravagante, afinal de contas, é o homem mascarado. Mas ela conquista o espectador com boas cenas. Destaque para a bela performance (de lip sync) de “Gee Baby, Ain’t I Good for You“. Não à toa, o Máskara quase enlouqueceu ao observá-la fazendo seu número. Existe uma bela química entre a atriz e Jim Carrey – que até hoje não foi reprisada, infelizmente. – por Rodrigo de Oliveira

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