8 jun

Tradicional Grupo Estação de cinemas lança campanha para sobreviver à crise

Embora governantes irresponsáveis estejam pregando uma flexibilização bizarra em meio às curvas ascendentes de infecção e óbitos por COVID-19 no Brasil, não é recomendável que frequentemos lugares potencialmente geradores de aglomeração. Portanto, as salas de cinema seguem de portas fechadas, o que afeta de maneira implacável as economias do setor. E, claro, como em qualquer cabo de guerra mediado pela economia capitalista, os pequenos acabam sofrendo mais. Exemplo disso é o Grupo Estação, um dos mais tradicionais exibidores do Rio de Janeiro, que está penando para honrar seus compromissos. Pensando especialmente em manter em dia os pagamentos aos seus 75 funcionários, a empresa lançou recentemente uma campanha de financiamento coletivo – que pode ser acessada aqui. Com suas salas fechadas desde março, o grupo teve de recorrer ao adiantamento do patrocínio que recebe de uma grande empresa de telecomunicações para pagar os salários de março e abril. Mas o cinto apertou.

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De acordo com Adriana Ratter, uma das sócias-fundadoras do Estação, a receita de cerca de R$ 21 milhões em 2019 não é suficiente, frente aos altos gastos fixos mensais da operação, para sustentar o negócio fechado por tantos meses. “Só os impostos sobre o faturamento e o recolhimento do Ecad (Escritório de Arrecadação e Distribuição de direitos autorais) já consomem 45% da arrecadação mensal. Temos aluguéis que variam de R$ 50 mil a R$ 70 mil, e uma folha de R$ 140 mil por mês”, disse a administradora ao jornal O Globo. Segundo ela, depois de recorrer sem sucesso a ANCINE, ao Fundo Setorial, a bancos privados e públicos, os gestores decidiram pela campanha de crowdfunding.

Entre as recompensas oferecidas aos benfeitores estão pacotes de ingressos a serem utilizados na reabertura das salas, boxes de DVD, cursos on-line e memorabilia autografada. Ao todo, o Estação administra 15 salas no Rio de Janeiro, sendo um dos espaços mais associados à projeção de obras alternativas ao consumo de arrasa-quarteirões na Cidade Maravilhosa. Um grupo de notáveis abraçou a causa e participou de um vídeo de convocação para essa ação de resgate de um precioso bem cultural da vida carioca. Confira (e ajude, se possível, claro):

https://www.youtube.com/watch?v=S-YsNBw8m8I

Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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