Setor audiovisual perde 39% dos postos de trabalho durante a pandemia
Esta semana, o Painel de Dados do Observatório do Itaú Cultural, através dos dados da Pnad Contínua, divulgou o primeiro estudo sobre o impacto direto da pandemia no setor criativo, ou seja, as atividades profissionais relacionadas à cultura no Brasil. A informação foi divulgada pelo site Farofafá, da Carta Capital.
No total, o setor relacionado à cultura perdeu 871 mil empregos durante o período, caindo de 7.137.912 postos registrados em 2019, para 6.226.560 durante o mesmo período em 2020. Isso representa uma queda de 12,2%. Entre os subgrupos estudados, o artesanato foi o mais afetado, com uma retração de 132 mil vagas, contra 97 mil vagas subtraídas das artes visuais e cênicas (artes plásticas, teatro, circo) e 8 mil vagas subtraídas do setor editorial (edição e publicação literária).
LEIA MAIS
Ancine é obrigada pelo MPF a liberar verbas e analisar novos projetos
Governo federal prepara intervenção na Ancine sem consultar setor audiovisual
Estudo aponta setor audiovisual como o quinto mais relevante da economia brasileira
Para o setor audiovisual, especificamente, o instituto determinou o índice de 43 mil vagas a menos em função da pandemia, o que significa uma queda de 39% em comparação com o ano anterior. Os dados foram obtidos antes da aplicação da Lei Aldir Blanc de auxílio emergencial, visando distribuir recursos entre profissionais da cultura e atenuar os efeitos da crise.
O estudo também analisa as perdas dentro de grupos que oferecem serviços à economia criativa (advogados e contadores trabalhando para produtoras de cinema, por exemplo), e setores especializados da área criativa (roteiristas, escritores etc.), que perdem 9,7% e 6,2% das vagas de emprego, respectivamente. Conforme o Papo de Cinema havia noticiado, a indústria audiovisual constitui a quinta maior força econômica do país, segundo a Ancine, tendo movimentado R$ 30 bilhões entre 2014 e 2018, graças às leis de fomento atualmente paralisadas pela gestão Bolsonaro.
Bruno Carmelo
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.