6 jul

Reino Unido retoma filmagens de blockbusters sem protocolo de quarentena

O Secretário da Saúde do Reino Unido, Oliver Dowden, confirmou esta semana a adoção de uma medida controversa, autorizando a retomada de filmagens de grandes produções sem precisarem respeitar protocolos específicos associados à Covid-19.

Na prática, isso significa que artistas de alguns filmes pré-selecionados poderão viajar ao Reino Unido e começar suas filmagens imediatamente, sem respeitar a quarentena de 14 dias imposta a produtores de filmes menores e visitantes originários de países onde a taxa de contaminação é elevada. De acordo com um tratado cultural estabelecido pelo governo, estrangeiros chegando ao local para a produção de filmes ou séries de televisão podem ser considerados britânicos para fins diplomáticos.

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Tom Cruise, Christopher McQuarrie e Rebecca Ferguson no set de Missão Impossível 7. Foto: Paramount Pictures

 

“Os maiores blockbusters do mundo e os maiores programas de televisão são feitos no Reino Unido. A nossa criatividade, conhecimento e as isenções de impostos extremamente bem-sucedidas para a indústria do audiovisual significam que somos um local bastante visado que, em retorno, proporciona grandes benefícios à economia. Queremos que esta indústria se recupere ao criar uma exceção da quarentena para um pequeno número de atores e profissionais essenciais continuarem comprometidos com as câmeras e as filmagens de novo. Essa decisão é bem-vinda não apenas para amantes do cinema, mas para milhares de profissionais da indústria do audiovisual e os setores a ela conectados”, explicou Dowden.

O principal projeto beneficiado pela exceção é Missão Impossível, dos estúdios Paramount, cujas filmagens dos volumes 7 e 8 ocorrem simultaneamente no Reino Unido. Tom Cruise, ator e produtor da franquia, já recebeu o aviso diretamente do Secretário da Cultura. Jurassic World: Dominion, dos estúdios Universal, também deve retomar as produções interrompidas em junho. Além desses, espera-se que as novas medidas favoreçam as filmagens de A Pequena Sereia, live-action da Disney, o terceiro filme da franquia Animais Fantásticos e Onde Habitam, da Warner Bros., o novo live-action de Cinderella, produzido pela Sony Pictures, e The Batman, produzido pela Warner.

“O setor audiovisual atingiu o valor de £3 bilhões em 2019, e ele possui um papel claro na retomada da economia após a quarentena”, reforçou Adrian Wootton, diretor executivo da British Film Comission. Embora a retomada das filmagens seja benéfica a essas produções, ela é criticada por colocar os interesses financeiros acima da saúde das pessoas envolvidas, e por conceder privilégios burocráticos e financeiros a produções que teriam meios suficientes de se sustentarem pós-pandemia, enquanto artistas dedicados a filmes independentes e projetos menores não recebem a mesma atenção por parte do governo.

Bruno Carmelo

Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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