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Na noite dessa segunda-feira, 18, o longa Querido Mundo, dirigido por Miguel Falabella e co-dirigido por Hsu Chien, foi exibido no Palácio dos Festivais, integrando a mostra competitiva de longas brasileiros do Festival de Gramado 2025. A sessão reuniu imprensa, convidados e público da Serra Gaúcha para a estreia da adaptação cinematográfica de uma peça que já circulava nos palcos, agora ampliada para a tela, com um tom de fábula. 

E na manhã desta terça, 19, a equipe concedeu coletiva de imprensa em Gramado para comentar a produção, a transposição do teatro para o cinema e as escolhas estéticas do longa. Em seguida, Miguel Falabella falou em entrevista exclusiva ao Papo de Cinema, aprofundando aspectos estéticos e dramatúrgicos que preferiu preservar na adaptação – sua fala exclusiva aparece ao final desta matéria.

QUERIDO MUNDO

SINOPSE

Querido Mundo acompanha Elsa (Malu Galli), mulher de vida marcada por desavenças e violência doméstica por parte do marido Gilberto (Marcello Novaes), e Oswaldo (Eduardo Moscovis), um engenheiro em crise após ser despejado pela mulher, Odila (Danielle Winits). A mudança para o Rio de Janeiro aproxima suas rotas e, num acidente nos escombros de um prédio abandonado, repleto de sujeira, surge um encontro que os leva do caos a um reinício inesperado. O longa explora a união desses mundos, a delicadeza de recomeços em situações-limite e a intimidade que nasce em meio às ruínas.

Querido Mundo
Querido Mundo

COLETIVA DE IMPRENSA

MIGUEL FALABELLA

TEATRO COMO ORIGEM

Miguel abriu a coletiva reafirmando sua relação íntima com o teatro e explicando por que a linguagem teatral foi preservada na adaptação. Ele afirmou que é, antes de tudo, “um homem de teatro” e que o cinema, para ele, nasce da paixão de espectador – mas que, neste projeto, a origem teatral foi uma escolha deliberada para manter o pulso dramático da história.

O teatro me formou, o teatro me mantém, e é no teatro onde eu continuo a exercitar. […] A narrativa embebida na linguagem teatral era uma opção desde sempre, até porque é um filme de duas pessoas presas numa ruína. A grande parte do filme é isso, é uma fábula, e eu não queria desmontar a natureza teatral dele”.

HSU CHIEN

REFERÊNCIAS 

Hsu Chien falou sobre a dimensão cinéfila de Querido Mundo e sobre como Miguel trouxe referências que enriqueceram a fotografia e o ritmo do filme. Ele destacou o cuidado técnico e os easter eggs – pequenas referências a outros filmes, como os do cineasta alemão Ernst Lubitsch, que abasteceram o trabalho coletivo e ampliaram o repertório do set.

Entrar no cinema veio da minha paixão cinéfila. Trabalhar com o Miguel é uma alegria porque ele me traz referências de filmes que eu nunca vi. Tem um plano sequência que chamamos de ‘plano Lubitsch’…tem várias referências para os filmes dele que algumas pessoas já pescaram, outras ainda não. Miguel é uma delícia de trabalhar com ele”.

MALU GALLI

ENTREGA

Malu Galli trouxe o ponto de vista da atriz que vem do teatro e destacou o clima de confiança no set, resultado de parcerias anteriores e da construção cuidadosa do trabalho de cena com os colegas. Ela ressaltou a intensidade das gravações e a afetividade do ambiente, mesmo diante das dificuldades físicas do set.

Querido Mundo
Querido Mundo

Eu também sou uma mulher de teatro, também forjada para o palco desde o início. Somos contadores de histórias. Foi um feliz encontro: entendemos que tínhamos uma bela história para contar – emocionante, de emoções puras, singelas. Miguel nos inspira no set com suas histórias, generosidade e conhecimento. Hsu entende muito de cinema. Foram dias lindos. Eu amei fazer esse filme… apesar da poeira daquele espaço (risos). Gente! Era muita poeira!”.

EDUARDO MOSCOVIS 

DESAFIOS CÊNICOS

Du Moscovis falou sobre a transposição da peça para o formato cinematográfico e recordou seu trabalho prévio com Falabella. Ele destacou o desafio de sustentar cenas longas em ambiente confinado e como a adaptação foi pensada para manter a potência dramática sem perder a linguagem do cinema.

Quando o Miguel trouxe a ideia de levar Querido Mundo para o cinema, eu já tinha tido uma experiência com ele em Veneza (2019). Quando li a adaptação do roteiro, percebi como ele conseguiu essa transposição do teatro para o cinema de forma muito feliz. Aquele momento em que os personagens ficam sós é um desafio cênico; tudo vira elemento. O filme ficou mais limpo do que a poeira que a gente viveu no set – mas acreditamos demais naquele cenário. Isso foi essencial”.

DANIELLE WINITS 

TEATRO QUE ATRAVESSA O CINEMA

Danielle Winits também ressaltou o percurso que a conecta com Falabella: “o teatro é uma arte de encontros e reencontros. Meu encontro com o Miguel começou no teatro, foi para a TV e agora para o cinema – já é o segundo longa. Querido Mundo traz o teatro para o cinema; ontem fui atravessada pelos personagens”.

Querido Mundo :: Coletiva. Foto: Edison Vara
Querido Mundo :: Coletiva. Foto: Edison Vara

MIGUEL FALABELLA AO PAPO DE CINEMA (EXCLUSIVO)

Ao Papo de Cinema, após a coletiva, Falabella aprofundou as escolhas estéticas e dramatúrgicas que norteiam a adaptação. Antes de tudo, reafirmou o núcleo imutável do projeto: eu não abriria mão do clima claustrofóbico, de duas pessoas presas no meio de escombros. Uma menina até falou uma coisa bonita na coletiva: parece uma flor que brota no asfalto. Esse sentimento – essa história de amor que nasce no meio das ruínas – é uma metáfora para muita gente”.

No entanto, ponderou: “eu quis abrir mão de alguns aspectos mais populares da comédia porque queria fazer uma caixinha de música; e abri mão da cor, porque achei que a vida dessas pessoas não tinha cor. Quanto aos personagens de Querido Mundo, a gênese foi teatral – eles nasceram na peça – mas cada ator trouxe contribuições únicas: Otávio Augusto e Joana Fomm, da peça dos anos 1990, são diferentes da Malu e do elenco atual”.

Vale lembrar que o Papo de Cinema segue presente no Festival de Gramado 2025 e continuará trazendo críticas, entrevistas exclusivas e reportagens sobre as exibições da mostra competitiva. Fique ligado!

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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