16 out

Ícone do cinema iraniano, diretor Dariush Mehrjui é assassinado a facadas

Considerado um dos grandes nomes do novo cinema iraniano, o cineasta Dariush Mehrjui morreu aos 83 anos na noite do último sábado, 14, em circunstâncias brutais. De acordo com informações das autoridades dos arredores da capital iraniana, ele e sua esposa, Vahideh Mohammadifar, foram assassinados a facadas. “Na investigação preliminar, descobrimos que Dariush Mehrjui e Vahideh Mohammadifar foram assassinados com múltiplas facadas no pescoço”, disse o chefe da província de Alborz, Husein Fazeli-Harikandi. Há não muito tempo, Vahideh tinha dado uma entrevista, publicada no jornal Etemad, em que afirmava ter recebido ameaças de morte, além de relatar um furto em sua residência, embora nenhuma queixa formal tenha sido apresentada em ambas ocasiões.

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Dariush Mehrjui é considerado o pioneiro do novo cinema iraniano, especialmente porque dirigiu o cultuado A Vaca (1969), filme até hoje considerado a pedra fundamental desse movimento que renovou o cinema do país médio-oriental. O longa-metragem apresenta as angústias de um homem do campo depois de ter perdido sua única vaca. Mesmo contando com financiamento estatal, a produção foi banida das salas de cinemas logo após sua estreia, por conta do retrato da pobreza rural do Irã. O filme ganhou um importante troféu no Festival de Veneza de 1971. No entanto, Dariush estreou dois anos antes com Almaas 33 (1967), que tinha como protagonista um sujeito em busca da fórmula capaz de transformar petróleo em diamantes.

Dariush Mehrjui, sua esposa Vahideh Mohammadifar e sua filha Mona, em 2013- Foto: AP

Mais tarde, Dariush Mehrjui migrou à França, morando em Paris de 1980 a 1985, onde dirigiu Voyage au pays de Rimbaud (1983). De volta ao Irã, conquistou as bilheterias locais com a comédia Os Inquilinos (1986) e nos anos 1990/2000 se notabilizou pelos filmes protagonizados por mulheres. As investigações preliminares sobre o assassinato dele e de sua esposa ainda não tornaram públicas quaisquer suspeitas a respeito da autoria do crime.

Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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