7 jul

Halle Berry desiste de interpretar homem transexual no cinema

Halle Berry provavelmente não esperava uma reação tão forte ao anúncio que interpretaria um homem transexual em seu próximo filme. Em partes, o problema reside aí: após tanta pressão por melhor representatividade LGBTQIA+ no cinema e pelo fim do transfake (a representação de pessoas trans por atores cisgênero), grandes nomes da indústria ainda ignoram sua responsabilidade nessa luta.

A atriz havia declarado, através de uma live no Instagram na última sexta-feira: “Este filme é sobre uma personagem onde a mulher é uma personagem transexual, então ela fez a transição para homem”. A fala chocou parte do público não apenas pela incorreção no gênero do personagem masculino, mas devido à pouca familiaridade diante de um tema complexo e sensível.

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Ao longo do fim de semana, as redes sociais de Berry foram inundadas de críticas à postura da atriz, que decidiu abandonar o projeto na segunda-feira. Ela pediu desculpas, e se mostrou humilde em seu aprendizado: “Tive a oportunidade de discutir o meu próximo papel como um homem transexual, e gostaria de pedir desculpas por minhas falas. Enquanto mulher cisgênero, eu agora entendo que não deveria ter considerado este papel, e que a comunidade transexual precisa sem dúvida ter a oportunidade de contar as suas próprias histórias”.

“Estou grata pelos conselhos e pela conversa crítica durante os últimos dias, e continuarei a ouvir, aprender e me instruir sobre este erro. Eu quero ser uma aliada, usando a minha voz para promover melhor representação no cinema, tanto em frente às câmeras quanto atrás delas”, concluiu via Twitter. A mensagem foi comemorada por associações como a GLAAD, que estuda e promove a diversidade sexual e de gênero no cinema e na televisão.

Além deste filme, Berry está prestes a apresentar seu primeiro filme enquanto cineasta. Ela dirige e atua em Bruised (2020), onde vive uma lutadora de MMA em fim de carreira. O drama está selecionado para o Festival de Toronto.

Bruno Carmelo

Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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