A quarta noite da 19ª edição do Festival For Rainbow apresentou três curtas e um longa-metragem, todos de ficção e com temática queer. Entre os destaques, esteve a exibição de Apenas Coisas Boas, produção que contou com a presença de seu protagonista, o ator Lucas Drummond, e o produtor de arte, Izzi Vitório. Os dois conversaram com o Papo de Cinema sobre o filme. Confira!
FOR RAINBOW 2025
APENAS COISAS BOAS
Apenas Coisas Boas conta a história de Antônio, um fazendeiro no Catalão que vive uma vida silenciosa e é rodeado por animais. Em meio a uma vida mais pacata, ele resgata Marcelo, um motoqueiro que se acidentou na estrada. O filme, dirigido por Daniel Nolasco, retrata um romance homoafetivo atravessado por duas épocas, 1984 e 2024, e discute questões como desejo, repressão, amor e o silenciamento da cultura LGBTQIA+ em um cenário rural.
A obra transita entre a sutileza de sua linguagem e direção e a ousadia de suas cenas quentes. Funciona como um contraste entre subjetividade e objetividade: enquanto as falas são implícitas e deixam um ar de mistério, no corpo tudo fica explícito. As cenas usam a linguagem corporal, o olhar e a respiração para expor sentimentos.

A EXPERIÊNCIA DE LUCAS DRUMMOND
Lucas Drummond destacou a inteligência da construção do filme, ressaltando a forma como a narrativa surpreende constantemente o público. Segundo ele, sempre que o espectador cria uma expectativa sobre o que vai acontecer, o longa toma outro rumo, o que garante o envolvimento e a conexão com a obra do início ao fim. O ator também ressaltou que discutir cinema queer é, antes de tudo, falar sobre a subversão da linguagem: “quando a gente fala de linguagem, quando a gente fala de cinema queer, a gente fala justamente dessa subversão da linguagem, subversão das normas heterocisnormativas. Eu acho que o Daniel faz isso o tempo todo na filmografia dele e nesse filme bastante”.
Fugindo do óbvio, o longa retrata o amor em duas versões: primeiro, no auge da paixão, do desejo e da libido; depois, no momento da despedida, quando o casal encara o fim, o esgotamento dos sentimentos e a decisão de encerrar a relação. Drummond comentou sobre o filme trazer uma reflexão sobre o amor romântico: “eu acho que o filme subverte mais uma vez quando ele faz essa crítica a essa idealização de amor romântico. O que o Dani propõe, na verdade, é um olhar para as relações como um todo e não de uma maneira idealizada, mas de uma maneira realista”.
Ele também contou que tem grande apreço pela etapa de construção de personagens. Em seu processo criativo, ele buscou compreender como cada figura fala, se movimenta e ocupa o próprio corpo, explorando a forma como esses gestos e posturas ajudam a dar vida ao papel: “então, eu acho que o que eu busquei trazer foi essa exploração desse tempo muito diferente que o campo traz, desse ritmo desacelerado que a vida na roça traz, pensando nessa coisa desse matuto. O que é esse matuto? O que é esse cara que está sempre observando as coisas? Ele lida com os bichos. Ele fala muito pouco, porque ele tem pouca gente para interagir”.

Lucas comentou como a chegada de Marcelo impactou a vida de Antônio, transformando o personagem e fazendo com que a cena de sexo fosse tão importante para o filme, ao explorar os corpos e os desejos de um fazendeiro solitário: “por isso que eu acho que a cena de sexo é tão transformadora nesse filme. Porque talvez seja o primeiro sexo que ele faz com um homem. Então eu acho que essa cena é realmente um portal na vida desse personagem. Ela transforma. Existe um Antônio antes e um Antônio depois dessa cena. E eu busquei trazer isso também para o meu olhar. Eu busquei trazer isso para o corpo dele”.
OS BASTIDORES
Ao falar sobre os bastidores da produção, o produtor de arte Izzi Vitório destacou as dificuldades de realizar cinema no interior de Goiás, especialmente diante do perfil ousado da obra de Daniel Nolasco: “a gente tava filmando no interior de Goiás. Fazer cinema em Goiás é um grande desafio porque a gente tem pouco incentivo e, enfim, as pessoas também têm um pouco de dificuldade de entender como opera o cinema, principalmente um cinema como o do Daniel, né, que é um cinema, enfim, muito arriscado, com muitas cenas de sexo, personagens gays”.
O produtor de arte explicou que um dos principais desafios da produção foi lidar com o salto temporal presente na narrativa. Segundo ele, era fundamental manter a coerência do personagem ao longo das diferentes fases, o que exigiu um trabalho detalhado não apenas na construção dos cenários e escolha dos objetos, mas também na caracterização dos dois atores que o interpretaram.
Vale lembrar que o Papo de Cinema está presente no For Rainbow 2025, que segue até o próximo dia 29 de agosto e oferece programação gratuita para todos os públicos, incluindo oficinas e shows. É uma oportunidade única de celebrar a diversidade e a arte LGBTQIAPN+, promovendo inclusão e visibilidade em cada atividade.
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