A Cine OP: Mostra de Cinema de Ouro Preto caminha para o encerramento de sua 20ª edição, reafirmando o impacto social e econômico que o evento promove na cidade histórica de Ouro Preto, com população superior a 74 mil habitantes. Em entrevista ao Papo de Cinema, a idealizadora Raquel Hallak relembrou o surgimento da mostra, inspirada pela Mostra de Cinema de Tiradentes, criada em 1998, e destacou a evolução da Cine OP ao longo dos anos.
CINE OP 2025: RAQUEL HALLAK
“A Cine OP é o único evento no Brasil com foco em preservação, memória e educação. E, neste ano em que completamos duas décadas, nos consolidamos como um projeto de nação, um projeto de país”, afirmou. “Quando tudo começou era diferente do que temos agora, até o público mudou muito. A rede hoteleira de Ouro Preto hoje está quase 100% ocupada. Ainda assim, mesmo com uma estrutura maior, vamos precisar rever isso para as próximas edições, pois os hotéis e restaurantes não estão dando vazão. Há 20 anos, Ouro Preto era a cidade histórica mais visitada do país, mas só possuía um pouco mais de mil leitos. Quando identificamos que o público que vem para a cidade não vem para ver um filme só, eles ficam até o final, então crescemos a estrutura e a cultura de vida noturna. A CineOP mudou tudo”.
Raquel conta que, mais do que exibir filmes, a função da Cine OP é discutir política pública e ser um reflexo atualizado do seu tempo atual. Por conta disso, o tema central do Festival este ano é as mulheres que fazem comédia, com um olhar aguçado sobre a perspectiva feminina na frente e por trás das câmeras. “Aqui nós levamos o cinema para a sala de aula e transformamos em um instrumento de integração e reflexão”. Além disso, Hallak ressalta que, para o aniversário, esta edição inclui algumas novidades, como uma mostra competitiva de longas metragens e a entrega de dois prêmios, uma expansão significativa em relação aos edições anteriores.
“O cinema é um farol. O que fazemos na CineOP é mostrar que a educação, memória e cultura são os alicerces necessários para construir o Brasil que queremos”. Apesar dos avanços conquistados ao longo dessas duas décadas, os desafios permanecem, entre eles, a instabilidade do setor audiovisual e as constantes dificuldades de financiamento.
Raquel Hallak destacou a luta contínua para garantir patrocínios, inclusive para a própria realização da mostra. “É uma aventura que custa a nossa saúde. São 20 anos de dedicação, porque a gente nunca tem certeza de nada”, afirmou, reforçando o esforço necessário para manter o evento vivo ano após ano.
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