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Brigitte Bardot, uma das maiores lendas do cinema francês e ícone mundial da cultura pop do século 20, faleceu aos 91 anos. A morte foi anunciada neste domingo, 28, pela Fundação BB, organização dedicada ao bem-estar animal criada pela própria artista. Em nota, a fundação destacou Bardot como uma “atriz e cantora de renome mundial” que “abandonou uma carreira consagrada para dedicar sua vida à defesa dos animais,” sem divulgar a hora exata ou a causa oficial do falecimento.

Vale lembrar que a artista enfrentava graves problemas de saúde e estava internada em Toulon, no sul da França. Segundo a imprensa local, ela havia passado recentemente por um procedimento cirúrgico para tratar uma doença não especificada. Desde o início do ano, seu estado de saúde era tratado com discrição, e Bardot vivia reclusa, longe da vida pública.

Brigitte Bardot tornou-se ícone de beleza e deixou um legado imortal no cinema e na cultura pop. A seguir, relembre sua icônica trajetória!

BRIGITTE BARDOT

INFÂNCIA E FORMAÇÃO

Brigitte Bardot nasceu em 28 de setembro de 1934, em Paris, e teve uma infância marcada por uma educação rígida, católica e conservadora. Durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial, passou mais tempo reclusa em casa e encontrou na dança um primeiro caminho artístico. Estudou balé no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris, onde teve formação clássica e conviveu com futuros nomes do cinema, como Leslie Caron.

DOS EDITORIAIS DE MODA AO CINEMA

Aos 15 anos, iniciou carreira como modelo e ganhou projeção ao estampar capas da revista Elle, o que despertou o interesse do cineasta Roger Vadim. Sua estreia no cinema ocorreu em 1952, com Le Trou Normand. Ainda insegura diante das câmeras, Brigitte persistiu e, no mesmo período, protagonizou Manina, a Moça Sem Véu, já provocando controvérsia por cenas consideradas ousadas à época.

Brigitte Bardot
Brigitte Bardot

ESTOURO INTERNACIONAL E ÍCONE DOS ANOS 1960

A virada decisiva na trajetória da atriz veio com E Deus Criou a Mulher (1956), também de Vadim, no qual contracenou com o então jovem galã do cinema francês Jean-Louis Trintignant. A história de uma adolescente amoral em uma pequena e respeitável cidade litorânea provocou escândalo imediato, sobretudo pela abordagem frontal da sexualidade feminina, algo inédito para a época. Quando o filme chegou aos Estados Unidos, tornou-se um fenômeno comercial, explodindo nas bilheterias e transformando Bardot, da noite para o dia, em um símbolo internacional – com suas cenas de biquíni circulando pelos cinemas do mundo inteiro.

O sucesso, no entanto, veio acompanhado de forte reação moral: o longa sofreu censuras severas, foi proibido em diversos países e condenado pela Liga da Decência Católica, enquanto a imprensa conservadora europeia reagiu com virulência, estampando capas que classificavam a atriz com termos como “vulgar”, “sujeira” e até “heroína lamentável”. Houve ainda tentativas organizadas de grupos religiosos e figuras influentes para bani-la definitivamente das telas. O auge da controvérsia simbólica ocorreu na Exposição Universal de Bruxelas, em 1958, quando o pavilhão do Vaticano usou imagens de Brigitte para ilustrar o pecado da luxúria – ação revertida apenas após intervenção de seus advogados e do governo francês.

Já nos anos 1960, com Paris e Londres assumindo o papel de novos centros irradiadores de moda e comportamento, Brigitte foi consagrada como a grande deusa sexual da década, com filmes como A Verdade (1960), Vida Privada (1962), O Desprezo (1963) e Viva Maria! (1965). Seu impacto extrapolava o cinema: à época, dizia-se – com exagero ou não – que sua imagem era mais relevante para a balança comercial francesa do que a indústria automobilística, rótulo eternizado por Charles de Gaulle, ex-Presidente da França, que a definiu como “a exportação francesa mais importante depois dos carros da Renault”.

Mas em paralelo ao sucesso, a perseguição da imprensa e os conflitos pessoais intensificaram seu desgaste emocional, culminando em tentativas de suicídio amplamente noticiadas.

RELAÇÃO COM A FAMA E ISOLAMENTO

Cansada da exposição extrema, Bardot se mudou para Saint-Tropez, mas acabou transformando o vilarejo em um polo turístico involuntário. Sua casa, La Madrague, virou símbolo tanto de refúgio quanto de cerco midiático. A experiência reforçou sua relação conflituosa com a celebridade e com os paparazzi, tema que atravessou sua filmografia e sua vida pessoal.

PASSAGEM PELO BRASIL

Em 1964, Brigitte passou uma temporada no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e em Búzios. Sua presença causou enorme repercussão na imprensa e teve impacto duradouro no turismo da região. Búzios, então um vilarejo de pescadores, tornou-se destino internacional e passou a carregar sua imagem como marca cultural permanente, inclusive com uma estátua em sua homenagem. 

Estátua de Brigitte Bardot em Búzios
Estátua de Brigitte Bardot em Búzios

DESPEDIDA PRECOCE DO CINEMA

Em 1974, pouco antes de completar 40 anos, Brigitte Bardot anunciou o fim definitivo de sua carreira no cinema. Declarou-se cansada da indústria e recusou, nas décadas seguintes, convites milionários para retornar às telas, optando por preservar sua imagem e encerrar a trajetória artística no auge. O último projetou no qual atuou foi L’histoire très bonne et très joyeuse de Colinot Trousse-Chemise, de 1973. 

ATIVISMO E A FUNDAÇÃO BB

Após deixar o cinema, Bardot dedicou-se integralmente à defesa dos animais. Criou a Fundação Brigitte Bardot e liderou campanhas internacionais contra a caça, maus-tratos e exploração animal, tornando-se uma das vozes mais conhecidas do ativismo ambiental e animalista no mundo.

CONTROVÉRSIAS E POSICIONAMENTO POLÍTICO

Nas últimas décadas, Brigitte também esteve envolvida em sucessivas polêmicas por declarações consideradas racistas, islamofóbicas e ofensivas a minorias, resultando em condenações judiciais e multas. Assumidamente conservadora, apoiou figuras da extrema-direita francesa e manteve discurso crítico à imigração, ao feminismo contemporâneo e a movimentos como o Me Too. 

No início de 2018, por exemplo, Brigitte chamou as atrizes que participaram do Me Too de “hipócritas e ridículas“, e disse que jamais se sentiu assediada quando trabalhou no cinema. “Muitas atrizes tentam provocar produtores para conseguir papéis. E então, quando falamos sobre elas, dizem que foram assediadas“, falou BB para a revista Paris Match.

Brigitte Bardot
Brigitte Bardot

LEGADO CULTURAL

Mesmo sem uma trajetória marcada por grandes prêmios da indústria cinematográfica – à exceção de um David di Donatello, recebido em 1961, e de uma indicação ao BAFTA em 1967 – Brigitte Bardot construiu um impacto cultural raro. Nos anos 1950 e 1960, provocava histeria na imprensa internacional e figurava entre as pouquíssimas atrizes não americanas a receber atenção contínua da mídia dos Estados Unidos, onde surgiu a expressão “Bardot mania” para definir o frenesi em torno de sua imagem.

Seu visual inconfundível – cabelos longos e loiros, maquiagem natural, roupas que misturavam sensualidade e informalidade – aliado a um estilo de vida associado à liberdade e à rebeldia, influenciou profundamente a moda e o comportamento de gerações inteiras, consolidando-a como um ícone pop global. Esse alcance simbólico foi reconhecido por publicações e instituições ao longo das décadas.

A revista TIME a incluiu entre os 100 nomes mais influentes da história da moda; a Los Angeles Times Magazine a elegeu como a segunda mulher mais bonita da história do cinema; Bardot também integrou o Global 500 Roll of Honour e, em 1985, foi agraciada com a Legião de Honra Francesa, distinção que causou polêmica ao ser recusada pela própria atriz. Em 1995, o The Times a destacou entre os “1000 nomes que fizeram o século XX”, selando sua posição como uma das figuras mais influentes – e contraditórias – da cultura do pós-guerra.

Brigitte Bardot
Brigitte Bardot

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