A cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, se encheu de expectativa nessa sexta-feira, 25, para a abertura da 3ª edição do Bonito CineSur: Festival de Cinema Sul‑Americano. A partir das 18 horas, o Auditório Kadiwéu recebeu cineastas, jornalistas e cinéfilos para a exibição de As Herdeiras (2018), de Marcelo Martinessi. Pouco antes, durante a chegada dos convidados, aconteceram entrevistas que marcaram a abertura.
Entre bastidores e tapete vermelho, o Papo de Cinema conversou com três nomes que deram o tom da noite: antes de subir ao palco, Antonio Pitanga resgatou o vigor do Cinema Novo; Ana Brun, minutos antes da sessão, relembrou Berlim 2018 e seu encontro surpreendente com o público; e, já na área de circulação, Maeve Jinkings dissertou sobre a cena política do audiovisual, apontando os impasses da regulação do streaming.
BONITO CINESUR 2025: ABERTURA
ANTONIO PITANGA: LEGADO
Ainda nos bastidores, enquanto ajustava o microfone ao lado de Maeve Jinkings, Pitanga fez uma pausa para trazer à tona as origens do nosso cinema. Ao lembrar do movimento no qual fez parte e de como eles pavimentaram o caminho para as produções atuais, Pitanga reforçou que eventos como o Bonito CineSur são essenciais para manter viva a chama de uma tradição que se renova a cada geração:

“Quando o Bonito CineSur faz um encontro desse – e o Nilson Rodrigues (diretor do Festival) organiza um festival dessa envergadura – a gente sente o pulsar do meio ambiente, da selva, da questão amazônica, da questão climática… são trabalhos que foram acontecendo, sedimentando essa trajetória até chegar aqui. Hoje, com essa juventude discutindo a América do Sul, o Cinema Novo renasce a cada debate. O cinema é esse farol iluminador: da discussão nasce a luz. Esse encontro é fundamental”.
ANA BRUN: A HOMENAGEADA
No tapete vermelho, ainda sob o brilho dos flashes, a protagonista de As Herdeiras se emocionou ao falar sobre a transformação de sua vida em 2018. Brun traçou um elo entre o reconhecimento internacional e a energia renovada que festivais regionais trazem aos artistas, celebrando a oportunidade de inspirar novas gerações.
“Minha vida mudou completamente desde As Herdeiras. Me lembro de me colocarem, no Festival de Berlim 2018, num espaço no qual as pessoas queriam tirar fotos comigo, pedir autógrafos e os seguranças não permitirem. Supliquei: Não, não, não! Deixe que venham! Nunca tive essa sensação de gente me pedindo autógrafo! Foi algo incrível. Aquele momento em Berlim, quando recebi o Urso de Prata, me marcou profundamente. De lá para cá, carreguei outros prêmios: Platino, Gramado… são muitos troféus e cada um representa minha história.“
Ela seguiu: “esta homenagem no Bonito CineSur é muito importante. Minha carreira segue devagar porque já sou mais velha, mas saber que vocês, jovens, ainda lembram de mim é emocionante. Nem eu mesma acredito que estou sendo celebrada assim, neste momento da vida”.
MAEVE JINKINGS: UM BRINDE AO CINEMA,
MAS SEM DESVIAR DA POLÍTICA
No corredor até o auditório, Maeve aproveitou o clima descontraído para falar de política audiovisual. Com a franqueza que o tema exige, a atriz ressaltou a necessidade de um marco regulatório que garanta responsabilidade social e investimento justo, pauta que deve ganhar força nos próximos capítulos do festival e em Brasília:

“A importância é total. Como atriz que circula entre streaming e televisão, vejo claramente a precarização – contratos leoninos que fragilizam profissionais de toda a cadeia. Essas plataformas têm de nutrir nossa cadeia com o que damos – nosso imaginário – e também nos devolver valor. Confesso que não sei o que esperar, pois estou semana a semana em contato com colegas e com o Ministério da Cultura. Há momentos em que acreditamos em avanços; em outros, parece que recuamos. Sinto uma insatisfação generalizada: grandes produtoras apontam para os pequenos; os pequenos apontam para as grandes; e o teatro aponta para o cinema… então, pergunto: onde está o dinheiro?”.
Vale lembrar que, pelo terceiro ano consecutivo, o Papo de Cinema está no festival com uma cobertura especial. Durante os dias de evento, o público pode acompanhar entrevistas exclusivas, matérias, críticas dos filmes e tudo o que rola no Bonito CineSur. Fique ligado e não perca nada. E atenção: neste sábado, 26, começa a mostra competitiva sul-americana com Oro Amargo, às 19h, no Centro de Convenções. Coprodução Chile, Uruguai e Alemanha, a obra é dirigida por Juan Olea, com classificação indicativa de 14 anos.
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