A atriz chilena Katalina Sánchez, logo após a exibição de Oro Amargo, filme de abertura da Mostra Competitiva Sul-Americana do Bonito CineSur 2025, conversou com o Papo de Cinema. Protagonista do longa dirigido por Juan Olea – exibido nos festivais de Seattle e Varsóvia, e ainda sem data de estreia no Brasil – ela falou sobre o desafio de interpretar Carola, jovem que se vê obrigada a amadurecer de forma abrupta em meio a um ambiente árido e violento. O filme, coprodução entre Chile, Uruguai e Alemanha, chamou a atenção do público presente pelo suspense e, principalmente, pela construção tensa e silenciosa da protagonista.
BONITO CINESUR 2025
ORO AMARGO
No deserto do Atacama, vive Carola (Katalina Sánchez), uma jovem que assume o controle da mina de ouro do seu pai (Francisco Melo) após ele se ferir. Inexperiente, ela enfrenta a resistência dos outros mineiros e a hostilidade do ambiente, enquanto busca realizar seu sonho de ter uma casa à beira-mar. O filme explora temas como o empoderamento feminino, a luta pela sobrevivência e a dinâmica de poder em um ambiente dominado por homens.

KATALINA SÁNCHEZ
Sánchez se recorda do impacto que teve ao receber o roteiro pela primeira vez. “Quando o Juan [Olea] me apresentou o projeto, eu vi uma oportunidade imensa de um desafio interpretativo, que era colocar a minha vida em jogo. Desde o primeiro teste, com as cenas iniciais, eu pensei: tenho que ser a Carola. Foi algo quase instintivo. Você não escolhe o personagem, o personagem escolhe você. O que eu mais amei nela foi sua pachorra – como dizemos no Chile – que é a força, a coragem e a inteligência da Carola. Ela é uma menina que precisa se transformar em mulher da noite para o dia”.
Dos 23 para os 24 anos, Katalina sentiu que precisava mergulhar de cabeça: “eu estava com um pensamento meio selvagem na época. Me joguei com tudo. Fiz o que foi preciso para interpretar a Carola”.

Sobre a leitura do filme como um western feminista, Katalina Sánchez foi categórica: “está certíssimo. É um filme que aposta no gênero. Foi feito recentemente no Chile, e acho que na América Latina como um todo há essa tendência. A proposta dos roteiristas, dos produtores e, claro, do Juan, foi impregnar uma história de gênero num drama intenso – e ao mesmo tempo silencioso – porque tem muito deserto, muita espera. Mas também tem ação, tiro, soco, explosão… isso tudo alimentou e fortaleceu muito a narrativa. O resultado é um filme que não deixa você respirar na poltrona”.
Katalina Sánchez ainda comentou a possibilidade de Oro Amargo chegar aos cinemas brasileiros. O filme ainda não tem distribuição garantida no país, mas a atriz demonstra otimismo: “agora que vi com o público daqui, com os aplausos e a euforia que não esperava, fiquei emocionada. Eu sei que o público brasileiro é muito afetuoso, próximo, familiar… isso me encantou no festival de Bonito. Mas não consigo nem imaginar uma sala cheia de brasileiros aplaudindo. Como país vizinho, como latino-americanos, acho que a história da Carola pode tocar fundo. É uma ferida que todos nós temos, como parte da mesma cultura”.
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Neste domingo, 27, continuam as exibições da Mostra Sul-Americana com o curta Desvelo e o longa Brasiliana: O Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo. Vale lembrar que, pelo terceiro ano consecutivo, o Papo de Cinema está no festival com cobertura especial. Durante os dias de evento, o público pode acompanhar entrevistas exclusivas, matérias, críticas dos filmes e tudo o que rola no evento. Fique ligado e não perca nada!
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