Crítica

Um diretor de cinema e seu filho decidem realizar um documentário sobre um grupo teatral de bairro que realiza um espetáculo há anos na Argentina. Essa performance vai ganhando as ruas e a realidade e a ficção invadem uma a outra, assim como o cinema vai invadindo o teatro e vice-versa. O filme de Ricardo Piterbarg, Venimos de Muy Lejos, é um pouco sobre essa linha tênue entre diversas expressões: o documentário, a ficção, a dramatização, o cinema, o teatro, o musical e ainda sobre os imigrantes de diferentes nacionalidades que vieram para a Argentina.

Com doses de humor e diversas encenações, a produção retrata o grupo teatral Catalinas Sur, que desde os anos 90 encena a peça homônima ao filme sobre a influência dos estrangeiros em uma comunidade argentina. O longa foi exibido no quarto dia da Mostra Competitiva Estrangeira do 41º Festival de Gramado, e atesta um pouco a abertura que o festival dá a obras um tanto quanto fora do usual em seu formato. Porém, ainda que ampla e variada a mostra, existe algo em Venimos de Muy Lejos que em meio a sua diversidade não prende totalmente o espectador.

Os problemas da produção residem onde deveriam ser encontradas suas forças: o modo anárquico em que tudo é apresentado, sem muitas introduções e com muitas surpresas, se mostra cansativo e repetitivo. Além do principal defeito da produção: almejar ser tudo ao mesmo tempo. Documentário, peça teatral, musical e ainda um filme, Venimos de Muy Lejos quer ser de tudo um pouco. É uma profusão de estéticas na tela, uma orgia de expressões artísticas que em alguns momentos extrapola desprendendo a atenção. A pluralidade que Piterbarg procura dar em seu filme acaba resultando em um acontecimento caótico.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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