
Tainá e Os Guardiões da Amazônia: Em Busca da Flecha Azul
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Alê Camargo
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Tainá e Os Guardiões da Amazônia: Em Busca da Flecha Azul
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2025
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Tainá e Os Guardiões da Amazônia: Em Busca da Flecha Azul: A pequena indígena embarca em uma aventura e torna-se a guardiã da floresta. Durante a jornada, conhecerá amigos especiais: Catu, Pepe e Suri. Mesmo tão diferentes, o quarteto se torna inseparável e parte em busca da Flecha Azul, o amuleto ancestral que guiará seu caminho. Animação/Infantil.
Crítica
No ano 2000, com Tainá: Uma Aventura na Amazônia, de Sérgio Bloch e Tania Lamarca, uma geração de crianças teve seu primeiro grande encontro com o coração verde do Brasil. A Geração Y foi aos cinemas acompanhar a jornada de uma jovem indígena que enfrentava madeireiros e garimpeiros para proteger sua terra. A intérprete principal, Eunice Baía, encantou ao dar vida à personagem com apenas nove anos de idade. O sucesso foi tanto que renderia duas continuações, em 2004 e 2011, além de série animada, iniciada em 2018. Agora, essa versão televisiva ganha novo impulso com Tainá e Os Guardiões da Amazônia: Em Busca da Flecha Azul, trabalho que atualiza o espírito da heroína para tempos mais velozes, porém igualmente urgentes.
Nesta empreitada dirigida por Alê Camargo e Jordan Nugem, reencontramos Tainá – com voz de Juliana Nascimento – ainda em fase de formação. A menina, esperta e determinada, está sob o olhar atento da Grande Mestra, uma preguiça que carrega a sabedoria dos povos da floresta e é dublada com doçura e firmeza por Fafá de Belém. A consagração final do aprendizado virá com a entrega da Flecha Azul, objeto mítico que contém os segredos da floresta. No entanto, tudo muda quando, por impulso, Tainá liberta o artefato antes do tempo e precisa resgatá-lo antes que sua mestra descubra o deslize.
O roteiro não perde tempo: em poucos minutos, a missão está posta e essa agilidade narrativa, pensada para o público da primeira e segunda infância, não compromete a densidade da discussão proposta. Pelo contrário. Ainda que repleto de cores vibrantes, criaturas afáveis e ritmo ágil, o título encontra espaço para abordar o desmatamento com a gravidade que merece. Jaime Bifão, o antagonista, é desenhado como tipo exagerado, mas funcional: permite à criança perceber relações diretas entre o mundo representado e o real, construindo pontes importantes para o desenvolvimento de uma consciência ambiental.
É admirável que a animação não ceda à tentação de simplificar demais sua abordagem. Os responsáveis por esta nova leitura parecem saber que o impacto provocado nos jovens espectadores da aposta de 2000 pode se repetir com as crianças de hoje, diante de ameaças ambientais que só se agravaram. A obra diverte sem fazer concessões ao simplismo, equilibrando humor, ternura e reflexão, entrega, inclusive, momentos de comoção genuína. Há beleza no modo como essa defensora da floresta, agora em formato animado, reafirma sua luta com um olhar renovado. Tainá e Os Guardiões da Amazônia: Em Busca da Flecha Azul honra a origem de sua personagem e prova que algumas figuras míticas seguem necessárias, agora com novos traços, mas com a mesma flecha apontada para o que importa.
Filme conferido no Bonito CineSur: Festival de Cinema Sul-Americano 2025;
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