Crítica

É difícil não pensar em certo anacronismo ao assistirmos em 2015 uma paródia de Velozes e Furiosos, longa-metragem lançado originalmente em 2001. Como se Super Velozes, Mega Furiosos, filme que tira sarro da franquia protagonizada por Vin Diesel e Paul Walker, tivesse chegado atrasado no grid. E para um filme que brinca com a velocidade dos carros tunados, ser retardatário é uma grande vergonha. Se esta demora fosse para aprimorar as piadas, seria justificável. Ou tempo para encontrar um bom elenco, mais ainda. Pois não é isso que acontece na comédia dirigida por Jason Friedberg e Aaron Seltzer, os mesmos de Jogos Famintos (2013) e Os Vampiros que se Mordam (2010). É bom que se diga: se você gostou destas duas comédias citadas e adora ver estes dois diretores tirando sarro de grandes produções de Hollywood, Super Velozes, Mega Furiosos é programa certo para você. Se não é o caso, passe longe. Muito longe.

O roteiro é assinado pelos cineastas e, como citado, brinca com a franquia Velozes e Furiosos, principalmente o primeiro e o quinto filme. Na trama, o policial Lucas White (Alex Ashbaugh) se infiltra na gangue de Vin Serento (Dale Pavinski) para desmascarar os negócios ilícitos daquele sujeito. Mas acaba se afeiçoando com Vin – e com a irmã dele, a bela Jordana (Lili Mirojnick) – desistindo de seus planos. Com a morte do policial Hanover (Gonzalo Menendez), o único que sabia da operação, entra em cena o megabombado policial Rock Johnson (Dio Johnson), que fará de tudo para desbaratar a gangue. Agora, imagine que cada um destes personagens tem inteligência minúscula e você sabe mais ou menos o que encontrará em uma sessão deste filme.

Não deixa de ser surpreendente que os realizadores de Super Velozes, Mega Furiosos não tenham conseguido fazer um filme engraçado ao brincar com os lugares-comum dos filmes originais. Existe grande margem para piadas que são completamente desperdiçadas. Para início de conversa, as frases de efeito de Vin Diesel poderiam ser material para inúmeras piadas. Este ponto é praticamente inexplorado, com apenas um momento, logo no início, mas sem brilho algum. As cenas estapafúrdias, que desafiam qualquer tipo de lei da física, simplesmente não são alvo de piada alguma nesta paródia. Talvez tenha faltado orçamento para realizar cenas assim. Mas esta falta inadmissível é o mesmo que tirar sarro do Superman e não fazê-lo voar.

Se as piadas são ruins e mal elaboradas, nada supera o elenco rasteiro convidado para participar do filme. Não existe nada pior em uma comédia do que ver os atores anunciando que farão a piada, como se sempre estivessem nos avisando que estamos assistindo a algo engraçado. Basta lembrarmos como Leslie Nielsen, Charlie Sheen, Val Kilmer e outros bons atores que estrelaram paródias de sucesso no passado interpretavam seus papéis para sabermos que o caminho é a seriedade. É levar a sério o papel, por mais absurdas que sejam suas ações, e o público vai rir. Corra que a Polícia Vem Aí (1988), Top Gang (1991) e Top Secret (1984) são clássicos do gênero não por acaso. Eles sabem que fazer rir é coisa séria.

Um dos poucos bons momentos de Super Velozes, Mega Furiosos é a certeira primeira cena de Dio Johnson imitando os trejeitos de The Rock – e notem ali, naquela sua primeira aparição, como o ator se mantém sério o tempo todo, como se realmente estivesse em um filme policial. O inusitado é ele se banhar com óleo de bebê para fazer reluzir seus músculos. Se isso não é lá muito engraçado, ao menos toma emprestada uma característica do personagem original, que sempre tem os braços brilhosos – de suor, imagina-se. A tirada da presença obrigatória de um rapper negro, de um asiático bacana e de uma modelo quietona para entrar no grupo de Vin é outro toque interessante retirado direto dos filmes da franquia. E nota-se que a produção tomou cuidado em encontrar atores que lembrassem fisicamente o elenco da cinessérie original, o que demonstra esmero. Infelizmente, isto não é o suficiente para fazer rir.

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