Sexo, Amor e Terapia
Crítica
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Sinopse
A história parte do encontro entre Judith, uma mulher que vive abertamente a sua sexualidade mantendo casos com diversos homens e Lambert, um viciado em sexo que tenta justamente pensar em outra coisa e conter os seus desejos. Quando Judith passa a trabalhar como assistente no consultório de Lambert, os dois começam a ter dificuldades para conviver.
Crítica
Pra quem pensa que só no cinema brasileiro ou hollywoodiano se produzem comédias femininas descerebradas – como S.O.S.: Mulheres ao Mar (2014) ou Mulheres ao Ataque (2014), exemplos recentes de um caso ou outro – e que na França (ou na Europa como um todo) os filmes são mais intelectualizados e profundos, eis que chega Sexo, Amor e Terapia, uma produção que surge justamente para romper com estas ideias pré-concebidas. Afinal, trata-se de um longa francês de causar orgulho nos realizadores tão acostumados a investir no gênero aqui ou nos EUA – e de provocar embaraço em qualquer espectador interessado em algo minimamente relevante e crível.
Judith (Sophie Marceau, belíssima e sedutora) é uma legítima devoradora de homens. Lambert (Patrick Bruel, visto há pouco em Os Olhos Amarelos dos Crocodilos, 2014) é um homem viciado em sexo. Os dois já enfrentaram problemas profissionais e amorosos por causa desta postura, mas enquanto ele tenta se reerguer como terapeuta de casais, ela parece insistir que não há nada de errado consigo. As coisas começam a complicar a partir do momento em que é contratada para trabalhar como auxiliar dele: a atração entre eles será mútua e instantânea. Por ela, transariam ali mesmo, em pleno divã do consultório. Mas ele está em busca de uma relação saudável, o que significa, sob seu ponto de vista, sem sexo nos primeiros encontros – afinal, precisam se conhecer de verdade para ficarem íntimos. São dois pontos de vista que, obviamente, irão gerar conflitos e embaraços. Mais para o público, no entanto, do que para os personagens.
Sophie Marceau é uma das mais reconhecidas artistas francesas de todo o mundo. Figura frequente em produções do seu país, já marcou presença em um longa vencedor do Oscar (Coração Valente, 1995) e foi até bondgirl (007: O Mundo não é o Bastante, 1999). Nos últimos tempos, mesmo perto dos cinquenta anos de idade – fase crítica para muitas atrizes em um mercado tradicionalmente machista – tem se segurado como protagonista, seja em thrillers (Prenda-me, 2013) ou em dramas românticos (Um Reencontro, 2014). Sexo, Amor e Terapia, no entanto, nenhum bem poderá provocar a sua filmografia, além de representar uma pífia tentativa em almejar um humor mais popular e estabelecer um maior contato com a audiência. A graça, no filme escrito e dirigido por Tonie Marshall – uma mulher e atriz, veja só – mais conhecida pelo sensível Instituto de Beleza Vênus (1999), vem do escracho e do exagero, acumulando em série situações sem sentido que visam apenas reações extremas da plateia, sem, no entanto, ajudar na construção da história entre os dois protagonistas.
Assim como quase todas as comédias românticas preocupadas apenas em reciclar velhos clichês, Judith e Lambert se conhecem, se atraem, se afastam e, após alguns desencontros, caminham de mãos dadas rumo a um final feliz que tem tudo para ter a duração de um castelo de cartas. Mas isso pouco importa, pois até lá a pipoca e o refrigerante acabaram, as luzes se acenderam e ninguém mais estará pensando neles. Frívolo e ingênuo, tem-se aqui um produto descartável feito para consumo em massa, mas que não resiste a um olhar mais apurado. E em última instância a conclusão possível aponta para o ocaso das intérpretes femininas, seja na França, Brasil ou Estados Unidos, que parecem não merecer destinos muito diferentes: ou rendem-se ao sistema e estrelam bobagens como essa, ou acabam sendo relegadas ao obscurantismo. Ambos caminhos igualmente tristes.
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