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Sinopse
Em Rua do Medo: Rainha do Baile, a festa está chegando e só uma pergunta interessa: quem será a rainha do baile da Shadyside High School do ano de 1988? Para Lori, a competição sempre foi implacável. E a situação piora quando alguém começa a matar as candidatas. Horror.
Crítica
Tudo parecia encerrado. O ciclo de assassinatos em Shadyside, costurado por séculos de maldições e lendas, havia atingido seu clímax na trilogia lançada em 2021 pela Netflix. Três títulos – 1994, 1976 e 1666 – interligados por sangue e destino que conquistaram uma audiência em busca de catarse no auge da pandemia. Agora, em pleno 2025, a plataforma decide revisitar o universo inspirado nas criações de R. L. Stine – mas, curiosamente, sem seguir os próprios passos. Rua do Medo: Rainha do Baile quebra o elo da continuidade e assume nova direção. A dúvida, então, paira no ar: será que valeu a pena essa ruptura?
Desta vez, estamos nos anos 1980, mas a conexão com os eventos anteriores inexiste. Ainda em Shadyside, conhecemos um grupo de estudantes às vésperas do tradicional baile de fim de ano. Em meio a rivalidades forjadas nos corredores da escola, Tiffany Falconer (Fina Strazza), a queridinha da cidade, desponta como favorita ao título de rainha da festa. No extremo oposto, Lori Granger (India Fowler) emerge como espécie de azarona. Tudo muda quando candidatas ao posto começam a ser brutalmente eliminadas por um assassino mascarado. A dinâmica típica do subgênero slasher é instaurada – e os aplausos da nostalgia parecem garantidos.
Só que não. A nova produção da Netflix cai na armadilha do terror industrializado, fabricado para não desafiar. Em menos de um quarto de hora, o espectador já sabe quem é quem, quais as suas fraquezas e onde tudo pode dar. A tensão inicial se dilui em narrativa previsível, de mortes elaboradas e falas vazias, marcadas por suspense que se pretende instigante, mas que apenas repete fórmulas. O grande trunfo de histórias assim – o Royal Straight Flush da banalização – se apresenta: um assassino à solta, vítimas em potencial que ignoram os sinais e uma cidade apática diante da escalada de violência. O ciclo se cumpre, mas a experiência é rasa.
Falta o essencial: envolvimento. Quando os personagens que esboçam complexidade são rapidamente descartados, o vínculo emocional evapora. Melissa, interpretada por Ella Rubin, poderia oferecer densidade, mas é pouco aproveitada. Os adultos em cena, como Dan e Nancy Falconer, vividos por Chris Klein e Katherine Waterston, reforçam a fragilidade do elenco de apoio. Katherine parece deslocada de passado mais promissor, e Klein perdido em caricatura que lembra um eco distante de American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível (1999).
E como se não bastasse o desequilíbrio entre personagens e atmosfera, o longa ainda tropeça na própria estética. Isso porque a trilha sonora surge como bengala nostálgica, reforçando a ambientação oitentista a cada novo trecho musical – expediente já utilizado à exaustão pela própria Netflix em séries como Stranger Things. O problema é que, quando a música para, resta o vazio. A nova investida de Matt Palmer, diretor que chamou atenção com Calibre (2018), não encontra fôlego para além do conceito inicial. Nem sustos convincentes, nem romance pulsante, tampouco vínculo simbólico com a trilogia original. O baile acontece, mas deixa pouco ou nada para celebrar. Como naqueles reencontros que soam forçados, talvez a melhor decisão fosse simplesmente não ter voltado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Victor Hugo Furtado | 2 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
Lucas Salgado | 2 |
Cecilia Barroso | 4 |
MÉDIA | 3 |
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