Crítica

Resolução, de Justin Benson e Aaron Scott Moorhead, um dos filmes mais intrigantes do IX Fantaspoa, remete a um sobrenatural insuspeito, que demora a se definir como tal e que não se mostra totalmente nem mesmo ao final do longa, mas que nem por isso deixar de ser efetivamente ameaçador.

Certo dia, Mike (Peter Cilella) recebe um mapa de uma localidade no interior dos Estados Unidos juntamente com imagens em vídeo mostrando seu amigo Chris (Vinny Curran) em estado lamentável devido ao abuso de drogas. Crack e metanfetaminas transformaram-no em um junkie convicto, já que, apesar da imersão química, ele ainda tem alguma noção de realidade.

Chris invadiu uma casa na floresta, onde vive sozinho em condições precárias. Sem parceiros locais, está devendo para perigosos traficantes e precisa lidar com índios nativos pouco amigáveis que fazem a segurança da reserva natural onde a residência foi erguida. A localidade é tradicionalmente destino de estudiosos sérios, místicos estranhos, religiosos suspeitos, lunáticos e malucos de toda espécie, pois há anos é palco de eventos misteriosos.

Sem pensar duas vezes, e sem saber onde está se metendo, Mike vai ao socorro de Chris, decidido a acorrentar o amigo para forçar um rehab caseiro antes que ambos possam voltar à cidade para um tratamento adequado. A abstinência é dura e provoca crises na amizade, mas o processo acaba aproximando-os ainda mais.

Mike acaba encontrando fotos e filmes antigos que mostram desconhecidos em cenas bizarras com finais nada agradáveis. Não demora muito para estranhas inscrições retratando dois homens surgirem do dia para a noite na parede da casa, assim como novos vídeos registrando Mike e Chris no presente.

Os amigos não entendem o que se passa nem imaginam quem estaria gravando tudo aquilo. A situação piora quando as imagens de ambos passam a ser em tempo real e, logo em seguida, sobre seu trágico futuro.

Para eles, só há uma saída: deixar a residência e, de alguma forma, burlar o que foi previsto. Realmente conseguem. Porém, achando que estão livres de uma espécie de maldição midiática do além, voltam ao local para um inesperado encontro paranormal ao melhor estilo A Morte do Demônio (1981).

Resolution é curioso por dimensionar personagens a ponto de envolver o público, provocar suspense e tensão quase constantes e deixar a audiência em dúvida sobre o que está acontecendo até seus incômodos minutos finais. Na verdade, os diretores optam por não dar muitas explicações, deixando para que cada espectador estabeleça seu próprio entendimento.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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