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Sinopse

Ao pesquisar o cérebro humano, um grupo de estudantes de medicina acaba matando uma colega. Desesperado para trazê-la de volta à vida, eles acaba evocando uma entidade maligna.

Crítica

Lázaro, para quem não sabe, é um personagem bíblico ressuscitado por Jesus Cristo. Seu próprio nome vem do hebraico ‘Eleazar’, que significa literalmente ‘Deus ajudou’. Pois há muito pouca ajuda do Todo Poderoso em Renascida do Inferno, terror genérico que chega aos cinemas brasileiros exatamente uma semana após sua estreia nos Estados Unidos. Como já estava marcado com antecedência – e também porque produções do gênero costumam ter um bom público por aqui, muitas vezes até melhores do que em sua terra natal – seu lançamento não foi cancelado. Mas deveria, pois além de ser frustrante em mais de um aspecto, o resultado nas bilheterias norte-americanas também ficou aquém do esperado: ocupando mais de 2,6 mil salas por todo o país, arrecadou em torno de US$ 10 milhões, ficando em quinto lugar no seu primeiro final de semana em cartaz.

O Lázaro dessa vez é o nome do projeto encabeçado pelos estudantes de medicina Frank (Mark Duplass, da série Togetherness, 2015) e Zoe (Olivia Wilde). O objetivo do casal (os dois estão noivos) é desenvolver uma técnica que impeça a morte prematura, trazendo de volta à vida pacientes que venham a falecer na mesa de cirurgia. Os dois possuem mais uma dupla de assistentes (Donald Glover, do seriado Community, 2009, e Evan Peters, do seriado American Horror Story, 2011). Soma-se à esta turma Eva (Sarah Bolger, cujo melhor papel até hoje foi como uma das filhas do emocionante Terra de Sonhos, 2002), estagiária contratada como cinegrafista para registrar todo o processo de pesquisa. Claro que isso é mera desculpa para, em muitos momentos, o filme assumir o ponto de vista da câmera, resultando em imagens tremidas e de baixa qualidade.

Só que nem tudo sairá da forma como havia sido planejado. Preocupados com a pressão dos diretores da universidade e com um possível corte de verbas, decidem atropelar alguns passos e acabam fazendo um teste radical com o cachorro de estimação deles. No começo tudo parece dar certo: ele fica bem, renascido e confiante, como se nada lhe tivesse acontecido. No entanto, com o passar dos dias, o animal vai se revelando cada vez mais estranho, com ataques de fúria e comportamentos inexplicáveis. Mas a situação piora de vez quando, durante um novo experimento ainda mais radical, tudo acaba dando errado e a própria Zoe é que termina sendo morta. Cego pela tragédia, Frank decide ressuscitá-la. Só que quem retorna não é sua antiga noiva, e sim um ser dono de poderes paranormais e decidido a eliminá-los na primeira oportunidade.

A referência mais óbvia é o thriller Linha Mortal (1990), que há mais de vinte anos serviu para colocar os namorados (na época) Kiefer Sutherland e Julia Roberts como... estudantes de medicina que desenvolvem experiências de ‘quase morte’. Soma-se a isso elementos dos recentes Lucy (2014) ou Sem Limites (2011): basicamente, a justificativa aqui é que, ao ressuscitarem, a pessoa terá expandido o acesso às capacidades do seu cérebro. E por mais ilógico que isso possa parecer, dentro do contexto da trama isso significa usar essas novas habilidades para... matar, basicamente.

O diretor novato David Gelb – que até então havia trabalhado apenas em curtas-metragens ou com documentários para televisão – não está muito preocupado com explicações em Renascida do Inferno. Seu único interesse parece gastar um pouco mais cada batido clichê já empregado em filmes similares. Então dá-lhe portas que se abrem, pessoas com máscaras assustadoras no meio da noite, cachorro possuído, e, é claro, superpoderes que surgem de uma hora para outra – basta morrer para virar Carrie, A Estranha? Olivia Wilde até segura bem a mudança do seu personagem, mas os demais parecem apenas perdidos, sem muito o que fazer a não ser ocupar espaço até chegar a hora de morrerem brutalmente. Felizmente, como são poucos atores, não há muito no que se estender. E assim, graças aos meros 80 minutos de duração, este filme encontra seu maior mérito: é tão rápido quanto descartável.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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