Em Pecadores, dois irmãos gêmeos, dispostos a deixar suas vidas conturbadas para trás, retornam à cidade natal para recomeçar suas vidas do zero. Os dois possuem um plano, e levam menos de um dia para colocar suas intenções em prática. Mas descobrem que um mal ainda maior está à espera deles. Horror.
A dupla Michael B. Jordan e Ryan Coogler se tornou uma das mais sólidas dos últimos anos. Eles, até agora, não entregaram absolutamente nenhum filme ruim, por isso, eu estava com altas expectativas em relação a Sinners. Mas confesso que adotei um tratamento diferente para esse filme: eu sabia do que se tratava, porque havia lido algumas notícias, mas não assisti a nenhum trailer, nem li sinopse alguma. Fui ao cinema para ser pego de surpresa — e foi uma experiência positiva.
Os irmãos gêmeos Smoke e Stack, ex-soldados e contrabandistas da Chicago de Capone, retornam à sua cidade natal, no Mississippi, com o objetivo de abrir um juke joint em um antigo moinho abandonado. No entanto, a inauguração do clube atrai a atenção de uma ameaça vampiresca, colocando os irmãos e a comunidade em perigo.
Vou tirar o elefante da sala logo: o ponto que mais me incomodou no filme foi o comecinho. Os primeiros 15 minutos, para ser mais exato. Confesso que fiquei um pouco perdido — estava precisando de contexto. Todos os personagens já tratavam os irmãos como velhos conhecidos, mas nós, o público, não os conhecíamos, e eu queria saber mais sobre aquelas figuras. Os diálogos não estavam me apresentando quem eles eram. Demora um pouco para você captar as nuances dos gêmeos, entender as motivações deles naquele mundo. Se você estiver com um pouquinho de pressa, pode ser que o filme não te fisgue. Mas, a partir do momento em que as peças estão postas no tabuleiro, tudo funciona com muita aptidão.
É um erro dizer que esse filme é um terror. Eu diria que, dos muitos gêneros que o compõem, o terror provavelmente é o de menor importância. Aqui temos suspense, sim, mas o que mais chama atenção é o drama histórico. O filme se passa em 1932, no Mississippi, uma região altamente racista, um dos berços da Ku Klux Klan, onde uma pessoa negra sofria dez vezes mais do que em qualquer outro lugar do país. Ali, ainda havia reminiscências muito fortes do período escravocrata — e o filme mostra isso. Os negros vão ao clube para se divertir, mas, ao mesmo tempo, não têm dinheiro para pagar por aquele momento, porque naquela época eles nem recebiam em dólar, mas em uma outra espécie de moeda sem valor real. Se você adentrar nos detalhes, verá que o filme não deixa você esquecer desse período horroroso, que muitos lembram com saudades.
Mas, se pudermos definir um ponto alto da obra, sem sombra de dúvidas, é a música. Eu não sou o maior amante do blues, mas confesso que fiquei de boca aberta — seja nas canções, seja na trilha sonora excelente do Göransson. A música é um fator central, como é bem dito no próprio texto do filme: ela é a causa e a cura dos problemas da história. Então, se fosse uma trilha fraca, não funcionaria, mas como tudo ali é potente, ela funciona com perfeição.
No campo das atuações, todo mundo manda muito bem. Michael B. Jordan dispensa elogios, você já consegue diferenciar os gêmeos e suas personalidades facilmente graças a construção apurado do ator. O restante também entrega ótimos desempenhos: Jack O'Connell está ótimo como vilão, Hailee Steinfeld também está muito bem, e a Wunmi Mosaku que eu não conhecia — mas que me impressionou com o talento — tem uma missão dificílima, já que ela é a figura encarregada de entender o que está acontecendo e explicar não só para os personagens como para nós, o público. Esse tipo de personagem geralmente corre o risco de se tornar chato, mas não foi o caso: ela deu um show.
Sinners é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores surpresas do ano até agora. A direção do Ryan Coogler, como sempre, é muito boa; o elenco é excelente; a história é bem calçada em momentos de extrema importância e que nós não devemos nunca esquecer. Tudo isso alinhado com um bom suspense, cenas de terror interessantes — nada que vá te matar de susto, mas bem executadas. A estética é belíssima, com uma fotografia forte e marcante. Enfim, foi um baita acerto.
E tudo isso reforça um ponto, já bastante discutido na internet: A Marvel desperdiça o potencial de seus diretores. Tenho certeza de que um Ryan Coogler sem a coleira, sem o Kevin puxando a guia, poderia fazer muito mais pela franquia Pantera Negra do que tem feito até agora. E esse filme é uma bela prova de que sim — ele tem muito potencial, e talvez esteja apenas sendo mal direcionado.
A dupla Michael B. Jordan e Ryan Coogler se tornou uma das mais sólidas dos últimos anos. Eles, até agora, não entregaram absolutamente nenhum filme ruim, por isso, eu estava com altas expectativas em relação a Sinners. Mas confesso que adotei um tratamento diferente para esse filme: eu sabia do que se tratava, porque havia lido algumas notícias, mas não assisti a nenhum trailer, nem li sinopse alguma. Fui ao cinema para ser pego de surpresa — e foi uma experiência positiva. Os irmãos gêmeos Smoke e Stack, ex-soldados e contrabandistas da Chicago de Capone, retornam à sua cidade natal, no Mississippi, com o objetivo de abrir um juke joint em um antigo moinho abandonado. No entanto, a inauguração do clube atrai a atenção de uma ameaça vampiresca, colocando os irmãos e a comunidade em perigo. Vou tirar o elefante da sala logo: o ponto que mais me incomodou no filme foi o comecinho. Os primeiros 15 minutos, para ser mais exato. Confesso que fiquei um pouco perdido — estava precisando de contexto. Todos os personagens já tratavam os irmãos como velhos conhecidos, mas nós, o público, não os conhecíamos, e eu queria saber mais sobre aquelas figuras. Os diálogos não estavam me apresentando quem eles eram. Demora um pouco para você captar as nuances dos gêmeos, entender as motivações deles naquele mundo. Se você estiver com um pouquinho de pressa, pode ser que o filme não te fisgue. Mas, a partir do momento em que as peças estão postas no tabuleiro, tudo funciona com muita aptidão. É um erro dizer que esse filme é um terror. Eu diria que, dos muitos gêneros que o compõem, o terror provavelmente é o de menor importância. Aqui temos suspense, sim, mas o que mais chama atenção é o drama histórico. O filme se passa em 1932, no Mississippi, uma região altamente racista, um dos berços da Ku Klux Klan, onde uma pessoa negra sofria dez vezes mais do que em qualquer outro lugar do país. Ali, ainda havia reminiscências muito fortes do período escravocrata — e o filme mostra isso. Os negros vão ao clube para se divertir, mas, ao mesmo tempo, não têm dinheiro para pagar por aquele momento, porque naquela época eles nem recebiam em dólar, mas em uma outra espécie de moeda sem valor real. Se você adentrar nos detalhes, verá que o filme não deixa você esquecer desse período horroroso, que muitos lembram com saudades. Mas, se pudermos definir um ponto alto da obra, sem sombra de dúvidas, é a música. Eu não sou o maior amante do blues, mas confesso que fiquei de boca aberta — seja nas canções, seja na trilha sonora excelente do Göransson. A música é um fator central, como é bem dito no próprio texto do filme: ela é a causa e a cura dos problemas da história. Então, se fosse uma trilha fraca, não funcionaria, mas como tudo ali é potente, ela funciona com perfeição. No campo das atuações, todo mundo manda muito bem. Michael B. Jordan dispensa elogios, você já consegue diferenciar os gêmeos e suas personalidades facilmente graças a construção apurado do ator. O restante também entrega ótimos desempenhos: Jack O'Connell está ótimo como vilão, Hailee Steinfeld também está muito bem, e a Wunmi Mosaku que eu não conhecia — mas que me impressionou com o talento — tem uma missão dificílima, já que ela é a figura encarregada de entender o que está acontecendo e explicar não só para os personagens como para nós, o público. Esse tipo de personagem geralmente corre o risco de se tornar chato, mas não foi o caso: ela deu um show. Sinners é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores surpresas do ano até agora. A direção do Ryan Coogler, como sempre, é muito boa; o elenco é excelente; a história é bem calçada em momentos de extrema importância e que nós não devemos nunca esquecer. Tudo isso alinhado com um bom suspense, cenas de terror interessantes — nada que vá te matar de susto, mas bem executadas. A estética é belíssima, com uma fotografia forte e marcante. Enfim, foi um baita acerto. E tudo isso reforça um ponto, já bastante discutido na internet: A Marvel desperdiça o potencial de seus diretores. Tenho certeza de que um Ryan Coogler sem a coleira, sem o Kevin puxando a guia, poderia fazer muito mais pela franquia Pantera Negra do que tem feito até agora. E esse filme é uma bela prova de que sim — ele tem muito potencial, e talvez esteja apenas sendo mal direcionado.