Crítica

Para deleite das incontáveis fãs e incômodo dos detratores, a boy band One Direction ganhou os cinemas seguindo a tendência dos documentários que acompanham cantores de sucesso em suas turnês – Justin Bieber, Miley Cyrus e Katy Perry foram alguns dos que antecederam os jovens europeus no gênero recentemente. Carismáticos, bonitos, cantores razoáveis, bem vestidos e produzidos, Niall, Zyan, Liam, Louis e Harry protagonizam One Direction: This Is Us, que vai pouco além do registro de shows e bastidores, porém serve exatamente às expectativas de seu público-alvo.

1D (acrônimo do grupo) se tornou um fenômeno logo que seus cinco integrantes foram reunidos durante as etapas classificatórias do reality musical The X Factor, por sugestão de Simon Cowell. O conhecido produtor musical apostou nos rapazes – e segue apostando, uma vez que produz este documentário – e se surpreendeu com o alcance do grupo, que reproduziu a beatlemania sessentista em ritmo acelerado e escala global. Com um apoio massivo por meio das redes sociais, em especial do Twitter, uma considerável quantidade de admiradoras se transformou numa massa que inseriu os rapazes nos Guinness Book como os primeiros britânicos a permanecerem no topo da Billboard 200 por mais de 15 semanas – feito que nem Beatles ou Spice Girls atingiram.

Com a assinatura de Morgan Spurlock, que não aparece em frente às câmeras ou demonstra quaisquer dos seus maneirismos característicos atrás delas, One Direction: This Is Us segue uma estrutura básica que apresenta os garotos no palco e, com sua música ecoando ao fundo, revela algumas de suas supostas intimidades. Os momentos que parecem mais genuínos, no entanto, ocorrem durante os depoimentos dos pais de cada um dos jovens, que se emocionam com a agridoce vitória de verem seus filhos fazendo um sucesso imensurável ao redor do mundo enquanto sentem a falta deles. O visual do filme é simplista e conta com alguns momentos criativos durante as performances musicais, quando as projeções em painéis invadem a sala de exibição num 3D funcional.

O discurso dos membros da One Direction são tão repletos de lugares-comuns quanto suas músicas. Enquanto discorrem sobre amizade, o amor pelas fãs, os prós e contras de uma atribulada rotina e vislumbram um futuro longe dos holofotes, um olhar mais aproximado explicita a imaturidade dos meninos, de idades entre 19 e 21 anos. “Eles dizem tudo o que queremos ouvir e que ninguém nos diz”, confessa uma fã, que numa simples frase refuta todo argumento negativo contra a 1D, uma vez que o poder da boy band supera qualquer lampejo de razão. Poder este que, em mais de uma cena do filme, aparece inocentemente nas mãos dos garotos, que nos parapeitos de hotéis se divertem ao controlar o volume com que suas histéricas fãs gritam com um simples gesto de mãos.

Ainda que não apresente nada de novo ao gênero, assim como a banda faz para o universo da música, é inegável que One Direction: This Is Us é bem sucedido ao enumerar para os mais desatentos os motivos que levaram os garotos para o centro do mundo pop contemporâneo. Para a fiel legião de fãs, um retrato obrigatório do grupo da vez, que serve para cantar junto aos versos persistentes que ecoam na memória muito tempo depois da sessão.

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